Nível de emprego na indústria tem o pior junho desde 1995
São Paulo, 15 de julho (Portal EXAME) O nível de emprego da indústria paulista teve o pior junho dos últimos oito anos. No mês passado foram fechadas 4 564 vagas, o que representa uma redução de -0,30% na oferta. O resultado só perde para junho de 1995, quando foi registrada uma retração de -0,72%. No […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h53.
São Paulo, 15 de julho (Portal EXAME) O nível de emprego da indústria paulista teve o pior junho dos últimos oito anos. No mês passado foram fechadas 4 564 vagas, o que representa uma redução de -0,30% na oferta. O resultado só perde para junho de 1995, quando foi registrada uma retração de -0,72%. No acumulado do ano, a queda é de -0,09%, em 12 meses a retração chega a -3,45%.
A indústria paulista já teve primeiros semestres piores. No ano passado, por exemplo, a retração no nível de emprego registrada nos seis primeiros meses foi de -1,06%. Mas o forte corte de vagas apurado em junho deste ano preocupou os técnicos da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), responsável pela consolidação dos dados. Até maio havia um cenário de estabilidade na oferta de empregos , diz Clarice Messer, diretora do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp. O resultado de junho reverte a tendência anterior de estabilidade no emprego e traz o dado novo e preocupante de queda expressiva na oferta de vagas". Até o mês de maio, as contratações na indústria paulista acumulavam um saldo positivo de 0,21%, com a abertura de 3 141 vagas.
Contaminação
Segundo Clarice, setores importantes para a economia paulista que mantinham as contratações até maio foram contaminados pela retração da atividade econômica de junho e passaram demitir. Entre os exemplos considerados mais preocupantes estão as montadoras de veículos. De janeiro a maio, o nível de contratação entre os fabricantes era de 0,08%. Em junho, a queda de -0,24% no nível de emprego reverteu a tendência positiva e o segmento fechou o semestre com retração de 0,16%. Pelo levantamento é possível perceber que a queda da atividade já engloba vários segmentos da cadeia automotiva. Estamparia de metais, por exemplo, que é ligado à produção de veículos, fechou o semestre com queda de -1,82% no nível de emprego e teve em junho uma forte retração de -2,19% no número de vagas.
Para a diretora da Fiesp, a reviravolta de junho é fruto da queda do poder aquisitivo da população, associada ao crédito caro e escasso. Em outras palavras: das altas taxas de juros praticadas no Brasil que hoje estão contraindo a capacidade das empresas de produzir e vender. Os números do nível de emprego mostram que existe espaço para a queda na taxa básica , diz Clarice. Ela espera que a Selic feche o ano abaixo de 20%. Se o pai da criança, Sérgio Werlang (ex-diretor do Banco Central e um dos responsáveis pela adoção do sistema de metas de inflação no Brasil) diz que haverá um corte de quatro pontos percentuais na Selic, o que eu posso dizer? , disse.
Também encerraram o primeiro semestre cortando vagas indústrias de papel e celulose (-0,77%), de material plástico (-1,07%), além das empresas químicas (-0,91%) que operam como fornecedoras para uma ampla gama de outras empresas o que sinaliza uma possível retração em outros segmentos. A lista de setores demissionários inclui ainda as empresas de congelados, que apesar de aparecerem na liderança das contratações em junho (6,38%), fecharam o primeiro semestre com uma forte retração no nível de emprego (-9,87%).
Zero a zero
Apesar do resultado ruim de junho, Clarice acredita que as indústrias ainda têm condições de reverter as demissões e voltar a contratar no terceiro trimestre, historicamente um período favorável para a geração de empregos. Mantenho a minha previsão de que podemos fechar o ano no zero a zero no que se refere ao nível de emprego.
Entre os setores que ainda contratam destacam-se o de máquinas (2,05%) e fertilizantes (5,4%), ambos impulsionados pelo bom desempenho do agronegócio. Também oferecem novas vagas segmentos da metalurgia, em especial das forjas (7,45%) e das fundições (5,46%). Ambos porém estão sendo beneficiados pelas exportações, avalia Clarice. O crescimento das exportações é importante , diz. Mas como podemos ver, as exportações não dão conta do recado e precisamos do mercado interno.