Não há nada pior do que o zigue-zague político-econômico, diz FHC
Se tivesse que dar um único conselho ao seu sucessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recomendaria ao atual ocupante do cargo, Luiz Inácio Lula da Silva, coerência com a sua história: Diria para ser fiel a ele mesmo, aos seus impulsos e as pessoas que votarem nele , disse FHC durante palestra para cerca de […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h58.
Se tivesse que dar um único conselho ao seu sucessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recomendaria ao atual ocupante do cargo, Luiz Inácio Lula da Silva, coerência com a sua história: Diria para ser fiel a ele mesmo, aos seus impulsos e as pessoas que votarem nele , disse FHC durante palestra para cerca de mil empresários e executivos, promovida nesta segunda-feira pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB). Na avaliação da FHC, os integrantes do atual governo não mudaram nem assumiram uma tática transitória para acalmar as suspeitas do mercado em relação ao futuro do país: Apenas perceberam o caminho a seguir , diz. E espero que mesmo com as dificuldades internas no governo permaneça a compreensão de que este é o caminho.
Apesar destes serem os poucos comentários diretos sobre o novo governo, o ex-presidente deu recados pontuais a respeito de suas expectativas em relação ao futuro do Brasil e do mundo, tema do encontro. Entre os mais contundentes, destacou a importância de outra coerência: a político-econômica, apontada como vital para a atração de investimentos saudáveis de longo prazo num planeta tomado hoje pela desconfiança econômica e o unilateralismo político: A pior coisa para um país é o zigue-zague , disse FHC. E as suspeitas de ruptura podem custar caro. Os mercados internacionais e os investidores acharam que haveria uma ruptura político-econômica no ano passado , disse FHC, Não houve, mas precisamos convencê-los disso. A criação das agências reguladoras, questionadas por alguns setores do atual governo, foi citada por FHC como bons exemplos de que as regras não seriam quebradas no Brasil com as mudanças de governo. Confira os cenários traçados pelo ex-presidente em sua palestra:
Se tivesse que dar um único conselho ao seu sucessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recomendaria ao atual ocupante do cargo, Luiz Inácio Lula da Silva, coerência com a sua história: Diria para ser fiel a ele mesmo, aos seus impulsos e as pessoas que votarem nele , disse FHC durante palestra para cerca de mil empresários e executivos, promovida nesta segunda-feira pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB). Na avaliação da FHC, os integrantes do atual governo não mudaram nem assumiram uma tática transitória para acalmar as suspeitas do mercado em relação ao futuro do país: Apenas perceberam o caminho a seguir , diz. E espero que mesmo com as dificuldades internas no governo permaneça a compreensão de que este é o caminho.
Apesar destes serem os poucos comentários diretos sobre o novo governo, o ex-presidente deu recados pontuais a respeito de suas expectativas em relação ao futuro do Brasil e do mundo, tema do encontro. Entre os mais contundentes, destacou a importância de outra coerência: a político-econômica, apontada como vital para a atração de investimentos saudáveis de longo prazo num planeta tomado hoje pela desconfiança econômica e o unilateralismo político: A pior coisa para um país é o zigue-zague , disse FHC. E as suspeitas de ruptura podem custar caro. Os mercados internacionais e os investidores acharam que haveria uma ruptura político-econômica no ano passado , disse FHC, Não houve, mas precisamos convencê-los disso. A criação das agências reguladoras, questionadas por alguns setores do atual governo, foi citada por FHC como bons exemplos de que as regras não seriam quebradas no Brasil com as mudanças de governo. Confira os cenários traçados pelo ex-presidente em sua palestra:
Dúvidas sobre a Alca
"A Área de Livre Comércio das Américas (Alca) é menos do que o Mercosul: é apenas um tratado comercial, mas é importante para todos. Precisamos ser duros na defesa de nossos nas negociações e isso precisa ser feito junto com os empresários. O México colocou 150 técnicos a postos para negociar o Nafta. A questão é que tenho dúvidas sobre o grau de interesse dos Estados Unidos pela Alca. Os Estados Unidos vêm fazendo acordos isolados com países da América Central, com Chile, com a Colômbia: podemos ser postos a margem da Alca por negociações paralelas."
Relançamento do Mercosul
"O Mercosul é a união: propõe uma alfândega única. Mas sua criação foi abalada pelas crises no Brasil e na Argentina. Faltaram condições, principalmente cambiais, para o avanço do intercâmbio comercial. Mas acredito que podemos relançar o Mercosul. Eu e o atual governo somos favoráveis a um Mercosul forte."
Estagnação global
"Não existem sinais claros sobre a retomada do crescimento global. O Japão adormece há 10 anos. A Alemanha mostra sinais de deflação. Os indicadores da economia nos Estados Unidos não sinalizam reação. A China, em franco crescimento, foi prejudicada pela pneumonia asiática. Há cerca perplexidade na área economia e não vemos portas para a esperança."
Reformas na velha agenda
"As reformas tributária e da previdência não fazem parte da nova agenda. Elas estão na velha agenda, tanto que meu governo deu os primeiros passos para as mudanças. A nova agenda do Brasil inclui o desenvolvimento do conhecimento e da inovação. Temos flexibilidade e tolerância para produzir convergências no plano político e econômicos. Mantendo esse caminho em 10 ou 20 anos o Brasil será um país melhor para todos nós."
Unilateralismo americano
"Os ataques de 11 de setembro mudaram o estado de ânimo da sociedade americana. O povo passou a ter medo. Vivemos em mundo mais inseguro. Os Estados Unidos agora tentam redesenhar o mapa do Oriente Médio. O país fez intervenções para forçar a democracia. Mas impor a democracia é uma contradição dos termos. O que está em jogo hoje é a opção entre o unilateralismo e o diálogo, entre a civilização e a barbárie."