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Nações da América Latina competem por capital em leilões de petróleo

Onda sem precedentes de reformas no mercado de energia está ganhando força, estabelecendo concorrência para atrair bilhões de dólares em investimentos

Petróleo: sete governos da América Latina neste ano se reunirão para realizar pelo menos 15 leilões de petróleo e gás (Sergei Karpukhin/Reuters)
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Reuters

Publicado em 2 de abril de 2018 às 18h49.

Houston - Durante décadas, várias nações produtoras de petróleo da América Latina muitas vezes evitaram o investimento de empresas estrangeiras, mantendo suas reservas sob o controle rígido de governos e companhias estatais de petróleo.

Os países visavam proteger os lucros para alimentar os orçamentos públicos. Mas, na prática, viram alguns grandes colapsos, como o escândalo de corrupção e as grandes dívidas na Petrobras, ou a incapacidade da mexicana Pemex de conseguir o dinheiro e a experiência para explorar suas grandes reservas no fundo do mar.

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Agora, uma onda sem precedentes de reformas no mercado de energia está ganhando força em toda região, estabelecendo uma concorrência acirrada para atrair bilhões de dólares em investimentos de empresas como a Exxon Mobil, BP e Shell.

Sete governos neste ano se reunirão para realizar pelo menos 15 leilões de petróleo e gás, oferecendo um recorde de 1.100 blocos terrestres e marítimos, de acordo com entrevistas com representantes e leilões já anunciados. Na quinta-feira, o último leilão brasileiro arrecadou 8 bilhões de reais em bônus, concedendo 22 dos 68 blocos em oferta.

"Em 2018, os países da região sediarão o maior número de rodadas de licenciamento da história", disse Pablo Medina, vice-presidente de consultoria de energia da Welligence.

A corrida pelo investimento privado reflete um reconhecimento por muitos países de que eles não têm o dinheiro nem a tecnologia para explorar e desenvolver plenamente suas reservas. A adoção do capital estrangeiro na Argentina, no Brasil e no Equador também segue a ascensão de governos centristas ou de direita.

Ele também sinaliza uma disposição dos governos de se contentar com uma redução menor dos lucros - o que poderia ser ainda mais reduzido pela concorrência para atrair investimentos, à medida que os governos oferecem incentivos fiscais, royalties reduzidos e outros incentivos.

A gritante exceção é a Venezuela, onde a estatal PDVSA permanece sob o controle firme de um governo de esquerda, em meio a um colapso econômico e político.

Por outro lado, as reformas emergentes estão dando aos grandes produtores de petróleo e produtores independentes a escolha de alguns dos recursos regionais mais ricos - depois de terem sido excluídos desses mercados ou de esperar anos pelo momento certo para investir.

Mas as empresas também enfrentam o risco de os governos voltarem à nacionalização de recursos ou perderem a vontade política de estabelecer reformas de mercado. Uma queda nos preços do petróleo também poderia prejudicar os lucros de projetos tão caros e de longo prazo.

"Nós amamos este continente. Nós o conhecemos bem e agora precisamos garantir que gastaremos o dinheiro com sabedoria", disse Michel Hourcard, vice-presidente sênior de desenvolvimento, exploração e produção da francesa Total, durante uma conferência do setor em Houston, no mês passado.

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