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Na contramão

A siderurgia e a produção de celulose, competitivas no mercado mundial, continuam ativas e investindo

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h03.

Enquanto a economia brasileira anda de lado, alguns poucos ramos de atividade trabalham ocupando mais de 90% da capacidade e colecionam boas notícias -- incluindo o anúncio de novos investimentos. Isso está acontecendo especialmente em setores como siderurgia e celulose, nos quais os produtores instalados no Brasil têm vantagem comparativa no mercado internacional.

Neste ano, a Aracruz, uma das maiores fabricantes de celulose do país, deverá obter uma receita de quase 1 bilhão de dólares com exportações. Nos últimos 12 meses, a empresa emitiu uma seqüência de comunicados de investimento. Em agosto do ano passado, inaugurou a terceira fábrica em Barra do Riacho, no Espírito Santo, com investimento de 800 milhões de dólares. Em fevereiro, a Aracruz colocou em operação terminais marítimos e um sistema de transporte orçados em 51 milhões de dólares. Três meses depois, anunciou a decisão de acelerar o projeto Veracel, uma fábrica de celulose em Eunápolis, no sul da Bahia. O investimento, a ser realizado meio a meio com o grupo sueco Stora Enso, deverá alcançar 1,25 bilhão de dólares, dos quais 300 milhões já foram completados em reserva florestal e infra-estrutura. Finalmente, há um mês veio o anúncio da compra da gaúcha Riocell, até então pertencente ao grupo Klabin, por 570 milhões de dólares. O setor de celulose co mo um todo apresentou recentemente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um plano de investimento de 14,4 bilhões de dólares até 2012.

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"Há um grande crescimento da demanda de celulose no mundo e temos pressa", diz Carlos Aguiar, presidente da Aracruz. "Não queremos deixar que fabricantes de outros países tomem o nosso lugar." Segundo Aguiar, a Aracruz é a maior produtora mundial de celulose de eucalipto, cujo consumo vem crescendo à taxa anual de 5%, ante 3% da média do setor de papel e celulose. Motivo: o impacto ambiental reduzido da celulose de eucalipto em relação a outras opções. O Brasil conta atualmente com o mais baixo custo de produção de eucalipto, graças à combinação entre clima ideal e uma produtividade conseguida com 30 anos de pesquisas. Mas esse trunfo também pode ser ameaçado. "Os finlandeses e os canadenses estão comprando terras no Chile e no Uruguai para formar florestas", afirma Aguiar. "Por isso, para nós é importante o país avançar nas reformas e reduzir o custo do capital."

No setor siderúrgico, a competitividade das usinas brasileiras tem garantido exportações que compensam a debilidade do consumo no mercado doméstico. É o caso do Gerdau. O grupo gaúcho registrou queda de 9% nas vendas dentro do país no primeiro semestre em relação ao volume do mesmo período de 2002. Mas seus embarques de aço para o exterior, em comparação semelhante, evoluíram quase 80%, alcançando 1,4 milhão de toneladas. Na Usiminas, o mercado externo representa 20% das vendas, e em sua controlada Cosipa, 40%. "Estamos operando a plena carga", diz Rinaldo Soares, presidente da Usiminas. Isso ocorre após o setor ter acumulado investimento, estimulado pelas privatizações, superior a 12 bilhões de dólares de 1994 a 2002.

As condições favoráveis para a produção de aço no Brasil continuam atraindo o investimento estrangeiro. O grupo Arcelor, um dos maiores do mundo no setor e dono da Belgo-Mineira, acaba de pôr em funcionamento a usina Vega do Sul, em Santa Catarina, concebida para abastecer de aço galvanizado principalmente as montadoras de veículos do Mercosul. Mesmo com a crise na região, o Arcelor manteve o cronograma do projeto, de 300 milhões de dólares, iniciado em 2000. "Ainda acreditamos no crescimento do mercado de automóveis", diz Pedro Picolo, diretor administrativo-financeiro da Vega do Sul. "Se não acontecer, podemos vender a outros setores ou exportar até 40% da produção para mercados em que o aço brasileiro é competitivo."

SEM DESCANSO
Os fabricantes de aço e de papel e celulose, mesmo com investimentos
pesados nos últimos anos... (em bilhões de dólares)
Papel e celulose (1992-2002)13
Siderurgia (1994-2002)14
...operam perto do limite (em % de ocupação da capacidade)
Papel e celulose93
Siderurgia88

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