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IPCA fecha 2005 com alta acumulada de 5,69%

Resultado fica dentro do esperado pelos economistas, mas custo da política monetária para conter a inflação é considerado excessivo

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h23.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA referência oficial de inflação) encerrou 2005 com alta acumulada de 5,69%. O resultado ficou acima da meta do governo (5,1%), mas dentro da faixa de tolerância, que se estendia até 7%. Apesar disso, o número já era esperado pelo mercado, bem como a inflação de 0,36% registrada em dezembro. No último relatório de mercado do Banco Central, por exemplo, as instituições financeiras consultadas projetavam uma inflação de 5,68% para o ano, e de 0,35% para o mês passado.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2005 confirmou a trajetória de queda da inflação. No ano retrasado, os preços haviam subido 7,60% e, em 2003, o acumulado chegou a 9,30%. Para o instituto, dois fatores favoreceram a queda da inflação neste ano. O primeiro foi a boa oferta de produtos agrícolas. Apesar da quebra de 5,5% da safra de 2005, houve redução no preço de alimentos importantes no consumo das famílias, como o arroz, que ficou 21,45% mais barato.

O câmbio foi o segundo item que contribuiu, pois favoreceu a estabilidade de preços de alguns produtos, como os de higiene pessoal, cuja alta foi de 0,31% no ano. Em outros segmentos, como o de aparelhos de TV, som e informática, registrou-se inclusive deflação de 8,49%.

A maior pressão inflacionária veio do aumento das passagens de ônibus urbanos. A alta média de 10,44% foi o principal impacto individual sobre o IPCA, contribuindo com 0,52 ponto percentual dos 5,69% acumulados. Os altos custos do petróleo no mercado internacional também forçaram o reajuste da gasolina de 7,76%.

Custos e benefícios

O relativo sucesso no combate à inflação não exime a política monetária de ressalvas por parte dos analistas. Os economistas reconhecem o comprometimento do Banco Central em perseguir e cumprir as metas determinadas pelo Conselho Monetário Nacional, mas afirmam que os efeitos colaterais do conservadorismo monetári o devem ser considerados.

"Os custos da política monetária são sentidos em outras áreas", afirma Mônica Baer, economista da consultoria MB Associados. Ela cita a desaceleração da economia, pressionada pelas maiores taxas reais de juros do mundo, e que acarretará uma expansão do PIB entre 2% e 2,5% neste ano, contra 4,9% em 2004. "Não dá para dizer que esta desaceleração é um custo baixo para o país", diz.

Mônica observa que a política monetária tem limites no combate à inflação, já que nem todos os fenômenos que pressionam os preços podem ser revertidos pelo aumento da taxa de juros. Os choques externos do petróleo e variações climáticas que impactam a agricultura são dois exemplos. "É preciso favorecer também a competitividade e a produtividade das empresas", diz.

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