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Conflitos expõem falência do modelo atual do Mercosul

Recentes embates comerciais entre Brasil e Argentina mostram que é preciso mudar conduta do bloco econômico, diz especialista

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h58.

Brasil e Argentina comemoram, nesta quarta-feira (30/11), 20 anos da Declaração de Iguaçu, que marcou a reaproximação política e econômica dos dois países após a redemocratização. O documento é tido como passo fundamental na criação, anos mais tarde, do Mercosul, mas seu espírito precisa ser retomado, caso os parceiros do bloco econômico pretendam selar um intercâmbio duradouro. "As recentes crises entre o Brasil e a Argentina mostram o esgotamento do modelo mercantilista no Mercosul", afirma José Flávio Saraiva, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (Ibri) e professor da Universidade de Brasília.

A imposição argentina de cotas para produtos brasileiros como os de linha branca, e a ameaça de adoção de salvaguardas comerciais indicam que o Mercosul foi construído sobre bases equivocadas. Segundo Saraiva, a noção de que é possível exportar "sem limites" para um determinado parceiro comercial representa uma mentalidade "fenícia", ou seja, uma visão comercial de curto prazo.

Recuperar o espírito da Declaração de Iguaçu (clique aqui para ler a íntegra da declaração) seria uma solução para reduzir os conflitos, de acordo com Saraiva. Assinada em 1985 pelos presidentes José Sarney, do Brasil, e Raúl Alfonsín, da Argentina, o documento pretendia reforçar os laços bilaterais por meio de projetos que desenvolvessem cadeias produtivas locais, integrassem indústrias e incentivassem investimentos conjuntos.

Em vez dessa parceria, o que prevaleceu foi uma corrida comercial para elevar as exportações, o que favoreceu os brasileiros devido à deficiência argentina de estimular alguns de seus setores industriais, diz o diretor-geral do Ibri. "A integração só acontecerá se houver vontade política", afirma.

Apesar das divergências entre os parceiros e da entrada da Venezuela, Saraiva é otimista quanto ao futuro do bloco. "O Mercosul é muito novo para apresentar resultados alentadores. A Europa demorou 40 anos para se integrar plenamente", diz.

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