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Severino Cavalcanti renuncia e gera nova disputa política em Brasília

Pauta dediscussõesvai se concentrar agoraemquem ocupará cargo doex-presidente da Câmara.Com quatro possíveis candidatos,PTpode nem apresentar candidatoe referendar o nome de Michel Temer (PMDB de São Paulo)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h18.

Seguindo um roteiro comum nos últimos meses, o Brasil assistiu hoje à tarde à (mais uma) queda de uma liderança política em Brasília. O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP de Pernambuco) renunciou ao mandato parlamentar e conseqüentemente deixou o cargo no Legislativo, que exerceu por quase 9 meses. O documento comunicando formalmente a renúncia foi entregue ao primeiro vice-presidente, José Thomás Nonô (PFL da Bahia), depois de um discurso de cerca de 40 minutos, lido perante 331 parlamentares, em que relembrou sua trajetória de nordestino pobre e sem estudo. "A renúncia é uma confissão de culpa. Isso seria admitir um crime que não cometi. Mas renuncio porque já fui pré-julgado", afirmou em seu discurso de saída, poucos dias depois de garantir que renúncia não fazia parte do seu dicionário

"Deixo a Câmara como entrei, não só como deputado pobre, mas como político endividado", disse Severino, acrescentando que vai viver de sua aposentadoria como deputado estadual (seu fundo de pensão como deputado federal teria sido gasto no pagamento de dívidas de campanha). O político, que estava no terceiro mandato como deputado federal, afirmou que está certo de que suas bases eleitorais no interior de Pernambuco não lhe negarão apoio nas eleições do próximo ano. "Voltarei, o povo me absolverá", disse.

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Severino renunciou para evitar a cassação, tida como certa, por quebra do decoro parlamentar. Ele foi acusado pelo empresário Sebastião Buani de cobrar propina para aprovar sua permanência na exploração de um restaurante localizado no Anexo 3 da Câmara. No discurso, Severino acusou Buani de ser "um empresário desastrado, mentiroso e devedor perante os cofres públicos".

O deputado também reclamou da imprensa. "A liberdade de imprensa tem sido uma porta aberta para a destruição de reputações", disse. Ele justificou sua decisão, afirmando que, se ficasse no cargo, iria "atravancar os trabalhos legislativos", por causa da mobilização em torno de seu caso.

Ressaca

Tanto para o governo quanto para a oposição, qualquer coisa é melhor do que Severino. A avaliação é do cientista político Rogério Schmitt, da consultoria Tendências. Para ele, é provável que o PT nem lance candidato, pois está em plena fase de definição da nova direção partidária. Foram lançados nos últimos dias os nomes de Paulo Delgado, Sigmaringa Seixas, José Eduardo Cardozo e Arlindo Chinaglia como possíveis candidatos à presidência da Câmara. "A questão é: quem tem quatro candidatos não tem nenhum", diz Schmitt.

Pode ser, diante disso, que o partido do presidente Lula opte pelo apoio a Michel Temer, do PMDB. Caso conquiste a direção da Casa, o partido acumularia a presidência do Senado e da Câmara. "É por isso que o PMDB é o grande sobrevivente da política brasileira. Quando menos se espera, pode voltar a ser o partido mais importante do país", diz o analista. O PMDB tem a maior bancada no Senado e caminha para conquistar a maior bancada na Câmara.

Para o governo Lula, a eleição de Temer seria o mal menor, diz Schmitt. "Com todos os problemas tradicionais do PMDB, ele consegue ser mais confiável do que PL e PP." Para o analista, a missão fundamental do novo presidente será colocar o plenário para votar e resgatar a imagem da Câmara.

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