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Um avanço seguro Mesmo com a economia andando de lado, o setor de informática no país não pára de crescer. Isso está evidente em dados comparativos entre 2001 e 2002, como o aumento de 10% na produção de microcomputadores e notebooks e a expansão do parque instalado de PCs. Contudo, o mais importante é que […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h42.

Um avanço seguro

Mesmo com a economia andando de lado, o setor de informática no país não pára de crescer. Isso está evidente em dados comparativos entre 2001 e 2002, como o aumento de 10% na produção de microcomputadores e notebooks e a expansão do parque instalado de PCs. Contudo, o mais importante é que a tendência do setor é apertar ainda mais o passo. O indicador desse movimento é o gráfico dos investimentos em informática. Segundo estudo da Fundação Getulio Vargas, as médias e grandes empresas brasileiras continuam reforçando as verbas destinadas à informática em relação a seu faturamento líquido -- a proporção passou de 4,5% para 4,7%. Nos países desenvolvidos, a média é superior a 5%. Olhando mais para trás, verifica-se que em 1988 os recursos para informática no Brasil representavam apenas 1,3% do líquido das receitas das empresas.

O crescimento consistente desse orçamento fez que o número de usuários por micro corporativo caísse de três, em 1988, para 1,1 em 2002. Atualmente, 72% dos funcionários do universo de empresas pesquisadas pela FGV têm acesso a PC, enquanto 15 anos atrás apenas 7% utilizavam micro.

Um golpe na ilegalidade

Apesar da retração mundial nos investimentos em tecnologia da informação, o mercado brasileiro cresceu em 2002, embora a um ritmo bem inferior ao que foi registrado no fim dos anos 90. Os grandes projetos tecnológicos, como a implementação de sistemas de gestão integrada (ERP) ou gerenciamento de relações com o consumidor (CRM), praticamente desapareceram, mas houve crescimento em outras áreas, como a terceirização dos departamentos de informática das empresas. Isso explica porque o faturamento do setor, considerando hardware, software e serviços, evoluiu de 19,3 bilhões de dólares em 2001 para quase 20 bilhões em 2002 e tenha perspectiva de avançar mais 1 bilhão em 2003.

A pirataria de software só aumenta entre os usuários domésticos, mas no setor corporativo houve avanços significativos no combate à ilegalidade. A porcentagem de softwares ilegais, que chegou a três quartos do mercado em meados da década de 90, caiu para 55% em 2002. De acordo com o advogado André de Almeida, representante da Business Software Alliance no Brasil, trata-se do resultado de oito anos de campanhas de conscientização, além de multas e ações judiciais contra empresas infratoras.

Que venha a inclusão digital

O campo para a expansão da internet no Brasil é a inclusão das classes de renda mais baixa.

Pouco a pouco, isso está acontecendo, embora ainda longe de representar a oferta de acesso à maioria da população. Em 1999, apenas 16% dos internautas brasileiros pertenciam às classes sociais C, D e E.

Na pesquisa referente a 2002, a participação das parcelas menos favorecidas havia crescido para 23%.

O avanço foi mais notável na classe C, cuja fatia evoluiu de 13% para 20% do total de internautas.

Esse universo triplicou no período, passando de 6,2 milhões em 1999 para quase 20 milhões em 2002. Com o avanço, o Brasil é agora o oitavo país mais plugado do mundo -- galgou uma posição em relação ao ranking de 2001.

À frente estão apenas países desenvolvidos e a superpopulosa China. Para que o Brasil possa subir mais degraus e expandir substancialmente o grau de penetração da internet, será essencial a colocação em prática dos projetos de inclusão digital anunciados pelo governo. Fora da esfera oficial, iniciativas como a do Comitê para Democratização da Informática (CDI) estão contribuindo para plugar crianças e jovens de comunidades carentes.

Barreira cultural

O comércio eletrônico no Brasil apresenta uma evolução distinta nas suas versões de atacado e de varejo. Na modalidade de negócios entre empresas, apelidada de B2B, os volumes se multiplicam a passo largo. Em 2002, o volume de vendas online entre empresas superou 10 bilhões de dólares.

E a projeção para 2003 é mais que dobrar a cifra. O impulso vem principalmente da integração entre cadeias produtivas que encontraram na web um meio mais barato de movimentar grandes volumes de bens primários, como petróleo, produtos químicos, fertilizantes, aço e materiais de construção. Nesse campo, o governo também entra firme, recorrendo à internet para se abastecer. Já o varejo online, a oferta de produtos para o consumidor final, chamada de B2C, desloca receitas bem menos impressionantes. Mesmo duplicando ano a ano, o varejo pela internet ainda não havia emplacado seu primeiro bilhão de dólares em 2002. O baixo índice de inclusão digital da população dificulta o crescimento.

Mas o principal problema é cultural: o consumidor brasileiro, mesmo o plugado, resiste a comprar virtualmente.

Por isso, os negócios ficam concentrados em determinados itens, como carros, livros e CDs.

Ligação no celular

Enquanto a curva de crescimento da telefonia fixa no país se aproximou da saturação, a implantação de linhas celulares não perdeu o vigor. No período de 1997 a 2001, caracterizado pelas privatizações e pela corrida para o atendimento às metas de universalização dos serviços de telecomunicações estabelecidas pelo governo, houve uma grande expansão tanto do parque de telefones fixos quanto de telefones móveis. Foram implantados em quatro anos 30 milhões de linhas de telefonia tradicional, alcançando 47,8 milhões em 2001, e 24 milhões de celulares, chegando a 28,7 milhões. Em 2002, porém, a instalação dos fixos desacelerou e em 2003 praticamente parou, segundo a Anatel, agência reguladora do setor de telecomunicações.

Ao mesmo tempo, devido à persistência da crise econômica, outro fenômeno se consolidou:

o dos telefones inativos, estimados em 2 milhões em outubro de 2003. Como a expansão dos celulares não foi interrompida, com a venda de mais de 6 milhões de novas linhas no período de janeiro a setembro, a conclusão foi que o país passava a ter em uso efetivo, ao final de 2003, mais celulares do que telefones fixos.

Uma luz na telinha

Ao fechar 2002 com 3,5 milhões de assinantes, o setor de TV paga no Brasil deu um passo atrás em relação à carteira de 3,6 milhões que tinha um ano antes. Em termos de parque instalado, o país foi alcançado pela Colômbia e continua distante dos 6 milhões de assinantes da Argentina. Com a inadimplência elevada e as operadoras enfrentando sérios prejuízos, 2002 provavelmente ficará marcado como o pior da breve história de 11 anos do setor. A boa notícia é que, em 2003, a TV paga começou a dar sinais de que está emergindo da crise. Os frutos das reestruturações promovidas pelas empresas foram notáveis:

a maior operadora do setor, a NET, pertencente às Organizações Globo, apresentou seu primeiro balanço com lucro líquido no segundo trimestre de 2003. A TVA, do Grupo Abril, que edita EXAME, triplicou a carteira de assinantes de internet por banda larga, uma segunda fonte de receita para a rede de cabos. Além disso, as receitas totais da TV paga estão crescendo de tal forma que, segundo a Abta, a associação das operadoras, poderiam chegar a 3,4 bilhões de reais em 2003 -- o equivalente a 60% das receitas da TV aberta.

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Um avanço seguro

Mesmo com a economia andando de lado, o setor de informática no país não pára de crescer. Isso está evidente em dados comparativos entre 2001 e 2002, como o aumento de 10% na produção de microcomputadores e notebooks e a expansão do parque instalado de PCs. Contudo, o mais importante é que a tendência do setor é apertar ainda mais o passo. O indicador desse movimento é o gráfico dos investimentos em informática. Segundo estudo da Fundação Getulio Vargas, as médias e grandes empresas brasileiras continuam reforçando as verbas destinadas à informática em relação a seu faturamento líquido -- a proporção passou de 4,5% para 4,7%. Nos países desenvolvidos, a média é superior a 5%. Olhando mais para trás, verifica-se que em 1988 os recursos para informática no Brasil representavam apenas 1,3% do líquido das receitas das empresas.

O crescimento consistente desse orçamento fez que o número de usuários por micro corporativo caísse de três, em 1988, para 1,1 em 2002. Atualmente, 72% dos funcionários do universo de empresas pesquisadas pela FGV têm acesso a PC, enquanto 15 anos atrás apenas 7% utilizavam micro.

Um golpe na ilegalidade

Apesar da retração mundial nos investimentos em tecnologia da informação, o mercado brasileiro cresceu em 2002, embora a um ritmo bem inferior ao que foi registrado no fim dos anos 90. Os grandes projetos tecnológicos, como a implementação de sistemas de gestão integrada (ERP) ou gerenciamento de relações com o consumidor (CRM), praticamente desapareceram, mas houve crescimento em outras áreas, como a terceirização dos departamentos de informática das empresas. Isso explica porque o faturamento do setor, considerando hardware, software e serviços, evoluiu de 19,3 bilhões de dólares em 2001 para quase 20 bilhões em 2002 e tenha perspectiva de avançar mais 1 bilhão em 2003.

A pirataria de software só aumenta entre os usuários domésticos, mas no setor corporativo houve avanços significativos no combate à ilegalidade. A porcentagem de softwares ilegais, que chegou a três quartos do mercado em meados da década de 90, caiu para 55% em 2002. De acordo com o advogado André de Almeida, representante da Business Software Alliance no Brasil, trata-se do resultado de oito anos de campanhas de conscientização, além de multas e ações judiciais contra empresas infratoras.

Que venha a inclusão digital

O campo para a expansão da internet no Brasil é a inclusão das classes de renda mais baixa.

Pouco a pouco, isso está acontecendo, embora ainda longe de representar a oferta de acesso à maioria da população. Em 1999, apenas 16% dos internautas brasileiros pertenciam às classes sociais C, D e E.

Na pesquisa referente a 2002, a participação das parcelas menos favorecidas havia crescido para 23%.

O avanço foi mais notável na classe C, cuja fatia evoluiu de 13% para 20% do total de internautas.

Esse universo triplicou no período, passando de 6,2 milhões em 1999 para quase 20 milhões em 2002. Com o avanço, o Brasil é agora o oitavo país mais plugado do mundo -- galgou uma posição em relação ao ranking de 2001.

À frente estão apenas países desenvolvidos e a superpopulosa China. Para que o Brasil possa subir mais degraus e expandir substancialmente o grau de penetração da internet, será essencial a colocação em prática dos projetos de inclusão digital anunciados pelo governo. Fora da esfera oficial, iniciativas como a do Comitê para Democratização da Informática (CDI) estão contribuindo para plugar crianças e jovens de comunidades carentes.

Barreira cultural

O comércio eletrônico no Brasil apresenta uma evolução distinta nas suas versões de atacado e de varejo. Na modalidade de negócios entre empresas, apelidada de B2B, os volumes se multiplicam a passo largo. Em 2002, o volume de vendas online entre empresas superou 10 bilhões de dólares.

E a projeção para 2003 é mais que dobrar a cifra. O impulso vem principalmente da integração entre cadeias produtivas que encontraram na web um meio mais barato de movimentar grandes volumes de bens primários, como petróleo, produtos químicos, fertilizantes, aço e materiais de construção. Nesse campo, o governo também entra firme, recorrendo à internet para se abastecer. Já o varejo online, a oferta de produtos para o consumidor final, chamada de B2C, desloca receitas bem menos impressionantes. Mesmo duplicando ano a ano, o varejo pela internet ainda não havia emplacado seu primeiro bilhão de dólares em 2002. O baixo índice de inclusão digital da população dificulta o crescimento.

Mas o principal problema é cultural: o consumidor brasileiro, mesmo o plugado, resiste a comprar virtualmente.

Por isso, os negócios ficam concentrados em determinados itens, como carros, livros e CDs.

Ligação no celular

Enquanto a curva de crescimento da telefonia fixa no país se aproximou da saturação, a implantação de linhas celulares não perdeu o vigor. No período de 1997 a 2001, caracterizado pelas privatizações e pela corrida para o atendimento às metas de universalização dos serviços de telecomunicações estabelecidas pelo governo, houve uma grande expansão tanto do parque de telefones fixos quanto de telefones móveis. Foram implantados em quatro anos 30 milhões de linhas de telefonia tradicional, alcançando 47,8 milhões em 2001, e 24 milhões de celulares, chegando a 28,7 milhões. Em 2002, porém, a instalação dos fixos desacelerou e em 2003 praticamente parou, segundo a Anatel, agência reguladora do setor de telecomunicações.

Ao mesmo tempo, devido à persistência da crise econômica, outro fenômeno se consolidou:

o dos telefones inativos, estimados em 2 milhões em outubro de 2003. Como a expansão dos celulares não foi interrompida, com a venda de mais de 6 milhões de novas linhas no período de janeiro a setembro, a conclusão foi que o país passava a ter em uso efetivo, ao final de 2003, mais celulares do que telefones fixos.

Uma luz na telinha

Ao fechar 2002 com 3,5 milhões de assinantes, o setor de TV paga no Brasil deu um passo atrás em relação à carteira de 3,6 milhões que tinha um ano antes. Em termos de parque instalado, o país foi alcançado pela Colômbia e continua distante dos 6 milhões de assinantes da Argentina. Com a inadimplência elevada e as operadoras enfrentando sérios prejuízos, 2002 provavelmente ficará marcado como o pior da breve história de 11 anos do setor. A boa notícia é que, em 2003, a TV paga começou a dar sinais de que está emergindo da crise. Os frutos das reestruturações promovidas pelas empresas foram notáveis:

a maior operadora do setor, a NET, pertencente às Organizações Globo, apresentou seu primeiro balanço com lucro líquido no segundo trimestre de 2003. A TVA, do Grupo Abril, que edita EXAME, triplicou a carteira de assinantes de internet por banda larga, uma segunda fonte de receita para a rede de cabos. Além disso, as receitas totais da TV paga estão crescendo de tal forma que, segundo a Abta, a associação das operadoras, poderiam chegar a 3,4 bilhões de reais em 2003 -- o equivalente a 60% das receitas da TV aberta.

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