Barris de petróleo: os cortes podem ser maiores, de 30% a 40%, se o preço do barril ficar abaixo de US$ 60 (Joe Mabel/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2015 às 09h19.
São Paulo - A indústria global de petróleo e gás deverá enfrentar um ano desafiador caso persistam os baixos preços da commodity, afirma a Moody's em relatório divulgado nesta terça-feira, 6.
De acordo com avaliação da agência de rating, as companhias de exploração e produção serão as primeiras a sentir os efeitos negativos da desvalorização, enquanto prestadoras de serviços sofrerão o impacto com a redução de gastos no setor.
Para o diretor de finanças corporativas da Moody's, Steven Wood, se os preços do petróleo permanecerem em torno de US$ 55 por barril durante 2015, a queda nas receitas deve levar as empresas de exploração e produção a reduzir o fluxo de caixa disponível para reinvestimentos.
"Com a queda nos gastos, as companhias de serviços para campos petrolíferos e empresas responsáveis pelo transporte do produto devem começar a sentir esse estresse", afirma Wood.
A Moody's estima que as companhias do segmento de exploração da América do Norte reduzam suas despesas de capital em 20%, no comparativo anual, caso os preços do petróleo fiquem em torno de US$ 75 por barril este ano.
Os cortes podem ser maiores, de 30% a 40%, se o preço do barril ficar abaixo de US$ 60. Fora da América do Norte, a agência espera que as reduções oscilem entre 10% e 20%, a depender dos preços.
O ganho das empresas que prestam serviços ao setor deve cair entre 12% e 17% com o barril de petróleo a US$ 75. Em um cenário mais pessimista, com preços abaixo de US$ 60, a Moody's espera redução entre 25% e 30%.
No entanto, as principais companhias do segmento (Schlumberger, Halliburton e Baker Hughes) "são todas suficientemente fortes para suportar uma queda sustentada na atividade nos campos de petróleo", enquanto as empresas Basic Energy Services e a Key Energy Services devem estar sob maior pressão.
No mercado offshore, as empresas devem sofrer a pressão sobre as taxas diárias em 2015, mas o ano que vem será ainda pior para as empresas que tiverem de renegociar contratos com os atuais preços. A Moody's espera que 2015 seja o ano mais difícil para estas empresas desde 2009.
As principais companhias de petróleo cuja ação é integrada devem sentir menos o impacto da desvalorização da commodity, já que "têm sido mais comedidas em sua resposta aos preços do petróleo em declínio, geralmente fazendo decisões de investimento considerando preços não superiores a US$ 50 e US$ 60 por barril, já que projetos podem levar anos para serem completados", diz Wood.
No segmento de transporte e logística, cortes de 25% ou maiores podem tornar difícil manter o crescimento do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) nos atuais níveis (12% a 15%), e muitas das empresas já anunciaram reduções neste nível ou acima.
Em análise macroeconômica, a Moody's considera que a China irá se beneficiar de tal cenário por ser um dos maiores mercados consumidores da commodity, enquanto as reformas no setor de energia do México devem ser atrasados.
Na Rússia, a agência espera que os impostos sobre exportação,