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Missão do FMI chega para renovação de acordo

Atenção do mercado também estará voltada para a troca de títulos promovida pelo BC

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h58.

Uma missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) chegou neste domingo (27/7) ao Brasil para a quarta revisão do atual acordo. Analistas do CSFB avaliam que, como as metas acordadas têm sido cumpridas, a revisão ocorrerá sem dificuldades. Após a aprovação formal desta revisão, o Brasil terá direito a sacar outros US$ 4,27 bilhões. A última revisão do acordo está prevista para o início de novembro e, após essa eventual aprovação, o FMI disponibilizará ao país outros US$ 7,9 bilhões.

Atualmente, as reservas internacionais do Brasil estão em US$ 48,0 bilhões, sendo cerca de US$ 30,0 bilhões em recursos originados de empréstimos do FMI e cerca de US$ 18 bilhões de reservas líquidas (conceito que exclui os recursos do FMI).

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Especialistas acreditam que sob o aspecto financeiro, um novo acordo é dispensável, já que o Brasil tem uma necessidade de financiamento de US$ 30 bilhões para as contas externas, em 2004. Mas seria arriscado o governo brasileiro dispensar este aporte, já que a queda das exportações em decorrência da cotação do dólar é um fator que deve ser avaliado.

O principal parâmetro da revisão é o superávit primário que está sendo cumprido com folga (a meta é de 4,25% do PIB). O superávit primário é a diferença entre receitas e despesas, sem considerar os juros. E no acordo com o FMI está previsto um valor de R$ 31,4 bilhões para o primeiro semestre. Até maio, este valor já era de R$ 36 bilhões _mais de R$ 5 bilhões acima do necessário.

A visita da missão do FMI ao ministro da Fazenda, Antônio Palocci, está prevista para o final da tarde desta segunda. O governo não definiu, ainda, se pedirá uma prorrogação do acordo. Na semana passada, o ministro Antonio Palocci disse que a decisão só será tomada mais à frente. "O acordo com o FMI diz respeito ao equilíbrio das contas brasileiras. O acordo que nós temos hoje foi e tem sido muito importante para o Brasil. Principalmente, porque o Fundo fez um acerto para que a política econômica não nascesse apenas dos termos do acordo, mas pudesse ser estabelecida com autonomia pela equipe econômica", afirmou o ministro.

Títulos

O governo brasileiro deu início nesta sexta-feira (25/7) a uma operação de troca (swap) de bradies por bônus globais. Os bradies são títulos da dívida reestruturada nos anos 80, com garantias do Tesouro Americano, e o principal deles é o C-Bond. Os bradies têm prazos curtos e sofrem restrições de fundos internacionais. Os globais, ao contrário, são vistos como papéis de melhor qualidade. O swap também vai alongar o perfil da dívida externa brasileira e reduzir seu custo.

Segundo divulgou o Banco Central (BC), haverá a substituição de Par-Bonds, Discount Bonds e C-Bonds por bônus globais com vencimentos em 2024 (Global BR-24) e em 2011 (Global BR-11). O Brasil também poderá oferecer bônus globais BR-11 para captação de recursos novos. A operação tem como agentes os bancos JP Morgan e Morgan Stanley e termina na terça-feira (29/7). Os resultados serão anunciados na quarta-feira. A última transação do gênero foi realizada em março de 2001, com uma troca para globals com vencimento em 2004.

A troca já vinha sendo ventilada pelos analistas financeiros desde março, mas o anúncio pegou o mercado de surpresa. Segundo a GAP Asset Management, os papéis envolvidos na troca operavam estáveis e após a divulgação do swap registraram forte alta. O BC não divulgou valores, mas estimativas do mercado contabilizam que a operação pode chegar a 1 bilhão de dólares. Os bradies são papéis estigmatizados e sua troca é sempre saudável , diz Sérgio Machado, diretor de tesouraria do banco Fator Doria Atherino. Além do mais, a operação também dará mais liquidez aos títulos com vencimento em 2024. No jargão financeiro, mais liquidez significa mais facilidade e rapidez na troca de um papel porque ele atrai o interesse dos investidores.

O anúncio repercutiu de forma positiva nos preços e nas negociações do C-Bond. O papel chegou a registrar alta de 1,26% e encerrou o dia com variação de 0,86%, sendo negociado com 90,1% do seu valor de face, patamar elevado. O risco país registrou pequena queda, na casa de 0,3%, ficando em 736 pontos base em relação aos títulos do tesouro americano, considerados os mais seguros. A Venezuela também disputará com o Brasil a atenção dos investidores nos países emergentes, já que o país também trocará seus títulos nesta semana.

Indicadores

Os indicadores continuam a dar sinais de que a condução da política econômica vai por caminhos certos. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em São Paulo registrou nesta segunda-feira (28/7) sua quarta queda consecutiva. A Fipe apurou uma deflação de 0,28% na terceira quadrissemana de julho.

Na semana passada, o BC sinalizou que não pretende criar um cenário recessivo, mas ainda a cautela é a tônica. O corte dos juros foi o maior em quatro anos. Apesar de ter ido ao encontro da maior parte das expectativas, analistas acreditavam que dava para ir além.

Nesta quinta-feira (31/7), porém, o BC divulgará a ata do Copom e mostrará ao mercado o que pensam seus comandantes e qual a visão que o governo tem da atual situação econômica do país. "A taxa poderia, de fato, cair 2 pontos percentuais sem colocar em risco a tendência de queda forte da inflação", afirma Odair Abate, economista-chefe do Lloyds TSB. "De toda a forma, meno male porque os sinais inequívocos de queda da inflação e de desaceleração econômica abrem espaço para novos cortes ao longo dos próximos meses."

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