Ministro diz que investidores estão confiantes no mercado de energia
Moreira Franco anunciou que irá acompanhar amanhã (28) a venda de 20 lotes de linhas de transmissão de energia elétrica
Agência Brasil
Publicado em 27 de junho de 2018 às 18h16.
Ao participar de conferência na Escola Superior de Guerra (ESG), o ministro de Minas e Energia , Moreira Franco, disse hoje (27) que o sucesso dos leilões demonstra a confiança dos investidores na retomada do crescimento econômico do país.
Ele anunciou que irá acompanhar amanhã (28), em São Paulo, a venda de 20 lotes de linhas de transmissão de energia elétrica. Esse leilão deve gerar R$ 6 bilhões em investimentos e cerca de 13,6 mil empregos.
"Serão leiloados 20 lotes de novas concessões, totalizando 2.563 km de linhas de transmissão e 12.200 MVA [megavolt-ampere] de capacidade de transformação em subestações. O conjunto de projetos proporcionará obras em 16 estados, com investimento de R$ 6 bilhões", afirmou o ministro.
Moreira Franco informou que um segundo leilão deve ocorrer em dezembro envolvendo 3.800 quilômetros (km) de linhas de transmissão e 13.800 MVA de capacidade de transformação em subestações.
"Os projetos em implantação, para o período 2018 a 2022, irão acrescentar um total de 34 mil km a nossa rede de transmissão. Isso equivale a uma média anual de 6,8 mil km. Estamos falando em R$ 60 bilhões em investimentos", disse.
O ministro destacou que os leilões colaboram também para a segurança energética do país, multiplicando possibilidades de trocas de energia entre as diferentes regiões.
Para ele, investir nas possibilidades de troca de energia é a alternativa quando a demanda tende a aumentar e em um cenário de escassez de chuva. "Precisamos de uma rede ampla, ágil e robusta."
Gás natural
Dono do sétimo maior parque gerador do mundo, o Brasil tem 81% de sua capacidade instalada ancorados em fontes renováveis, sendo o campeão do G20 em geração de energia limpa e renovável.
Esses dados foram citados por Moreira Franco para contextualizar a defesa de maior participação na matriz energética brasileira do gás natural - combustível para usinas termelétricas menos prejudicial para o meio ambiente do que o diesel e o carvão.
Ele lembrou que as hidrelétricas, que respondem hoje por 63,7% da geração de energia no país, causam, com a construção das barragens, grande impacto ambiental e têm sofrido com a "incerteza hidrológica".
"Em 2001, o racionamento de energia deixou claro que o Brasil não poderia depender apenas da energia hidrelétrica", acrescentou.
Hoje, a geração térmica a gás natural responde por 8,1% da capacidade instalada, percentual que deverá crescer nos próximos anos, segundo o ministro.
As termelétricas, boa parte delas ainda movida a diesel, foram acionadas nos últimos anos para socorrer o sistema e garantir o fornecimento durante períodos de estiagem e baixa dos reservatórios de água.
Segundo Moreira Franco, o governo pretende atrair investimentos estimados em R$ 50 bilhões até 2030 ao revisar o marco legal da exploração e produção de gás natural.
Será redefinida a estrutura da indústria de gás natural por intermédio da promoção de maior diversidade no número de agentes comercializando gás natural e do incentivo a uma regulação tarifária eficiente no transporte.
O grande salto nos últimos 12 meses no país ocorreu na produção de energia solar, com crescimento de 1.351%. Segundo o ministro, foram gerados 12,5% dos novos empreendimentos por meio de fonte fotovoltaica.
A geração eólica também cresceu, respondendo hoje por 30% dos empreendimentos em construção e 27% dos empreendimentos a serem iniciados. O ministro das Minas e Energia reiterou que a capacidade instalada de energia no país precisa crescer entre 4 mil e 5 mil megawatts (MW) ao ano para atender à demanda.
Nos dois leilões de geração em 2017, foram contratadas 88 novas usinas, com 4,5 mil MW de capacidade instalada. Moreira informou que no leilão A-6, previsto para 31 de agosto, serão colocadas à venda novas concessões no montante de 59 mil MW. A maior parte estará dedicada a empreendimentos de geração eólica (27 mil MW), térmicas a gás natural (28 mil MW) e térmicas a biomassa (mil MW).
Futuro do petróleo
Para o ministro, nas próximas décadas, a economia do carbono dará lugar a um novo paradigma, que deverá atingir mercados, preços e empresas de energia fóssil.
Ele afirma que o novo mercado deverá envolver o uso de carvão descontinuado da geração de energia e do aquecimento residencial como forma de controlar as emissões de gases de efeito estufa, enquanto os derivados de petróleo enfrentarão a crescente competição de tecnologias mais limpas, como os biocombustíveis e os carros elétricos.
Neste quadro, Moreira Franco defendeu que o pré-sal seja explorado agora - pois pode não ser comercialmente viável a longo prazo.
Para ele, a utilização do petróleo deverá se concentrar futuramente na área petroquímica, na produção de plásticos, materiais sintéticos, fertilizantes agrícolas, medicamentos e combustíveis de aviação.
O ministro negou que a paralisação dos caminhoneiros e seus efeitos sobre os preços dos combustíveis tenham prejudicado a Petrobras. "Não chegou a afetar a saúde da Petrobras. Os balanços seguem melhorando, o endividamento diminuiu e a recente alta internacional de preços joga a favor da empresa", disse. "O momento requer atenção, mas segue positivo."
Moreira Franco vê com otimismo a tramitação do Projeto de Lei 8.939/2017, que permite à Petrobras repassar até 70% dos direitos na cessão onerosa para exploração de petróleo do pré-sal. "Uma vez aprovada, a mudança deverá render à Petrobras em torno de US$ 28 bilhões. Isso aumentará a capacidade financeira da empresa e o valor de suas ações."
Ele lembrou que houve duas rodadas de licitações de blocos no regime de partilha e duas rodadas de licitações de blocos exploratórios, gerando R$ 18 bilhões em bônus de assinatura e R$ 2,72 bilhões em investimentos relativos ao programa exploratório mínimo.
"Ainda este ano, serão realizadas a quarta e quinta rodadas de partilha de produção, com a oferta de oito blocos. A expectativa de arrecadação situa-se na casa dos R$ 10 bilhões em bônus de assinatura", ressaltou.
Durante a palestra, o ministro fez ainda um balanço das ações do governo para superar a crise e retomar o crescimento econômico nos últimos dois anos.
Ele destacou que a recessão de 2014 a 2016 "afetou profundamente" o setor elétrico e afirmou que a área se recupera após ter sofrido com "a redução artificial das tarifas", medida que, ainda segundo Moreira, afastou investidores e comprometeu a saúde financeira das empresas.