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Ministro da Fazenda da Argentina renuncia por caos pós-eleitoral

Nicolás Dujovne deixa o cargo em meio a um aprofundamento da crise econômica no país, após as eleições primárias que deram duro golpe a Macri

Dujovne: Considero que minha renuncia é coerente com a filiação a um Governo e espaço político que escuta o povo e que atua em consequência disso", disso em carta a Macri (Sarah Pabst/Bloomberg)
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EFE

Publicado em 17 de agosto de 2019 às 22h46.

Última atualização em 19 de agosto de 2019 às 11h17.

Buenos Aires - O ministro da Fazenda da Argentina , Nicolás Dujovne, apresentou neste sábado a renúncia depois do terremoto financeiro ocorrido nos mercados locais na última semana, em uma reação adversa dos investidores à derrota da chapa do presidente Mauricio Macri nas primárias do último domingo.

Fontes do Governo confirmaram à Agência Efe que Dujovne apresentou a renúncia em carta dirigida a Macri, que já escolheu o substituto. Será o chefe de Economia do governo da província de Buenos Aires, Hernán Lacunza.

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"Em virtude das circunstâncias, a gestão de Macri precisa de uma renovação significativa na área econômica. Considero que minha renuncia é coerente com a filiação a um Governo e espaço político que escuta o povo e que atua em consequência disso", declarou Dujovne na carta.

O agora ex-ministro, que estava à frente da pasta desde janeiro de 2017, não fez aparições públicas desde o início da nova crise financeira, desencadeada pelo resultado das primárias.

Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como candidata a vice na coalizão Frente de Todos, venceu Macri com uma diferença de 15 pontos percentuais. Em decorrência disso, a bolsa de Buenos Aires teve uma série de quedas, enquanto o preço do dólar, antes na casa dos 40 pesos argentinos, superou os 60 pesos.

"Houve conquistas na redução do déficit e do gasto público, na redução de impostos nas províncias, em recuperar o federalismo. Sem dúvida, cometemos erros, que nunca duvidamos em reconhecer e fizemos todo o possível para corrigir", avaliou Dujovne.

A imprensa local dava conta desde a última quinta de rumores sobre uma iminente saída do ministro, que ocupou o cargo em um momento complexo para a economia argentina.

O jornal Clarín, o de maior circulação no país, lembrou neste sábado que Lacunza, o novo ministro, foi funcionário de vários governos, inclusive o comandado por Cristina Kirchner, e foi economista-chefe e gerente-geral do Banco Central da República Argentina (BCRA).

Trata-se do primeiro anúncio de uma mudança no gabinete de Macri após o resultado esmagador das eleições

Após um crescimento de 2,7% em 2017, houve recessão na Argentina a partir de abril de 2018, com uma sucessão de altas no preço do dólar, o que rapidamente contagiou todos os setores da atividade.

"Espero que o nosso querido país possa finalmente reverter um rumo de décadas de fracassos e alcançar o objetivo do desenvolvimento econômico e da eliminação de pobreza", escreveu Dujovne.

No meio da crise, Dujovne negociou e selou com o Fundo Monetário Internacional (FMI) um acordo de três anos para um auxílio financeiro de US$ 56,3 bilhões, sob o compromisso de um forte ajuste fiscal.

O PIB caiu 2,5% em 2018 e, de acordo com os últimos dados oficiais disponíveis, a atividade econômica acumulou nos primeiros cinco meses do ano uma queda anualizada de 3,1%.

A recessão vem combinada com uma alta inflação, de 47% em 2018, com uma subida acumulada nos primeiros sete meses deste ano de 25,1% e que os analistas apontam que poderia rondar os 50% neste ano, a partir da instabilidade ocorrida nos últimos dias.

Na visão de especialistas e de boa parte do espectro político, esse cenário de recessão e inflação, com índices de pobreza e desemprego em alta, influenciaram em grande medida no revés eleitoral sofrido por Macri, que tentará a reeleição em 27 de outubro. EFE

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