Economia

Fazenda publica relatório com duras críticas ao Fies

Para a equipe econômica, o aumento dos custos relacionados ao programa no modelo antigo gera quadro de "ausência de sustentabilidade fiscal"

Fies: o custo do programa é maior que o total de desembolsos às universidades (Thinkstock/Thinkstock)

Fies: o custo do programa é maior que o total de desembolsos às universidades (Thinkstock/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de julho de 2017 às 16h13.

Última atualização em 6 de julho de 2017 às 16h23.

Brasília - No mesmo dia em que o governo federal anunciou regras mais duras para o para Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), o Ministério da Fazenda publicou relatório com duras críticas ao programa que dá crédito aos estudantes universitários.

Para a equipe econômica, o aumento exponencial dos custos relacionados ao programa no modelo antigo gera quadro de "ausência de sustentabilidade fiscal".

Só o custo com o subsídio implícito na taxa de juro do programa, o Tesouro Nacional calcula que pode gastar mais de R$ 77 bilhões ao longo de todo o período de maturação da carteira atual.

Cálculo da Fazenda indica que o custo do Fies é maior que o total de desembolsos às universidades.

O Tesouro incluiu nessa conta aportes do governo ao fundo, demais gastos relacionados ao programa e também o custo gerado pelo juro cobrado dos alunos - que é menor que o custo de captação do dinheiro, o que, na prática, gera um "subsídio implícito" no programa.

"Essa soma totaliza R$ 32,3 bilhões, em 2016; acima do valor pago no Bolsa Família, R$ 28,6 bilhões, em 2016", cita o documento produzido pelo Tesouro. O Broadcast antecipou os números no fim de março.

"De fato, o ônus fiscal anual do Fies (em trajetória exponencial nos últimos anos) já é considerável, superior ao orçamento anual do Bolsa Família. Esse quadro tende a se agravar, à medida que um número maior de contratos entre em fase de amortização e leve ao reconhecimento de perdas de parcela considerável do crédito concedido", cita o documento que serviu de apoio para a mudança no programa anunciada mais cedo no Palácio do Planalto.

O citado aumento exponencial decorre da escalada do gasto que saltou de R$ 1,9 bilhão em 2011 para R$ 16,9 bilhões em 2014, até alcançar os R$ 32,2 bilhões no ano passado.

"Apesar desses programas (Fies e Bolsa Família) terem caráter diverso - um é assistencial e outro educacional -, o alto valor e a trajetória crescente do ônus fiscal com o programa Fies indicam claro problema de falta de sustentabilidade fiscal do programa", cita o documento.

Acompanhe tudo sobre:EducaçãoFiesMinistério da Fazenda

Mais de Economia

Dino intima governo a explicar se emendas Pix para eventos cumprem regras de transparência

Governo deverá bloquear R$ 18,6 bilhões no Orçamento de 2025 para cumprir regras fiscais, diz Senado

Investimento estrangeiro direto na China cai, mas ritmo de queda desacelera

Novos ares no Centro de SP? Região ganha 25 mil novas empresas e prevê criação de 38 mil empregos