Millennials são iguais aos pais, porém mais pobres, conclui Fed
A turma nascida entre 1981 e 1997 não tem tantas particularidades assim na análise dos gastos com automóveis, alimentação e moradia
João Pedro Caleiro
Publicado em 1 de dezembro de 2018 às 08h00.
Última atualização em 4 de dezembro de 2018 às 15h55.
Aos olhos da opinião pública americana, os jovens da geração Millennial são serial killers — responsabilizados pela morte lenta do queijo processado, do cartão de crédito, do táxi, do peru de Ação de Graças e até do divórcio.
Poucos setores saíram ilesos da matança cultural promovida pela juventude americana.
Agora surgiram argumentos em sua defesa. Um novo estudo do banco central dos EUA ( Federal Reserve ) afirma que a turma nascida entre 1981 e 1997— famosa por receber troféus de participação e adorar aplicativos — não é tão diferente dos pais.
Essa geração é apenas mais pobre nesta mesma etapa da vida, já que muitos de seus integrantes chegaram à idade adulta durante a crise financeira.
“Encontramos pouca evidência de que lares de millennials têm gostos e preferências de consumo inferiores às de gerações passadas, quando se leva em conta idade, renda e uma maior variedade de características demográficas”, escreveram os autores Christopher Kurz, Geng Li e Daniel J.Vine.
As conclusões deles se baseiam em uma análise de gastos, renda, endividamento, patrimônio líquido e fatores demográficos de várias gerações.
A impressão de que os millennials não têm tantas particularidades assim também se revela na análise granular dos gastos deles com automóveis, alimentação e moradia.
“São principalmente as diferenças de idade média e então as diferenças de renda média que explicam grande parte da diferença de consumo entre os millennials e outros grupos”, segundo o estudo.
A ideia de que os jovens de hoje preferem "experiências" a produtos tangíveis não se sustenta.
Os millennials não são únicos no modo de gastar dinheiro. De acordo com o relatório, a migração de parcela das despesas de produtos para serviços é observada consistentemente, não importa a faixa etária.
Os jovens de hoje gastam menos com moradia e alimentação do que as gerações passadas, mas pagam mais por educação.
E o que era antiquado voltou à moda. O estudo notou que os pais desses millennials também foram criticados sem justificativa real pelos mais velhos.
“Uma questão parecida foi colocada 20 anos atrás, quando se comparava a mão aberta dos Baby Boomers com a inclinação a poupar da Geração Silenciosa”, escreveram os autores.
“Entrando nesse debate, Sabelhaus e Manchester (1995) conseguiram separar os fatos da crença popular na época e apresentaram evidências de que o consumo não havia aumentado tanto quanto a renda e que a acumulação de patrimônio pelos Baby Boomers realmente superou a da geração anterior.”