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Meta de inflação deste ano está por um fio

Cálculos do professor Heron do Carmo, especialista em inflação, mostram que não há margem para imprevistos no último trimestre

Se o próximo trimestre repetir a média dos últimos 5 anos, IPCA encerra 2011 com 6,34% (Matt Cardy/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2011 às 11h43.

São Paulo – O jogo ainda não está perdido, mas o cumprimento da meta de inflação neste ano depende diretamente da inexistência de imprevistos no último trimestre. A avaliação é do especialista em inflação e professor da USP, Heron do Carmo, que fez algumas simulações a pedido de EXAME.com.

Os dados de inflação de janeiro a agosto já são conhecidos: alta acumulada de 4,42%. Em setembro, o IPCA deve ser muito parecido com o do mesmo mês do ano passado: 0,45%. A partir daí, o cumprimento ou não da meta, cujo limite é 6,5%, dependerá do resultado de outubro, novembro e dezembro.

O professor Heron do Carmo fez algumas simulações com base na média do IPCA registrado nos últimos cinco anos ( veja tabela na próxima página ). Se a inflação do último trimestre do ano for exatamente igual à média de 2006 a 2010, o índice encerrará o ano com 6,34%.

“Em uma situação normal, é pouco provável que passe de 6,5%. Mas, se der uma zebra no feijão, no tomate ou na carne, o índice pula para 6,51% e daí já era (a meta).”

"Salário mínimo não preocupa em 2012" (Divulgação/Corecon-SP)

Heron de Carmo, que é o atual presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), defende que o Ministério da Agricultura auxilie a Fazenda e o Banco Central na definição da política econômica por causa da importância que os preços de alimentos têm no índice de inflação.

O economista minimiza os efeitos da recente desvalorização cambial na inflação. “Preço ao consumidor é basicamente serviço. Não é commodity, que oscila muito conforme o câmbio.”

Meta em 2012

Para o ano que vem, o cenário do especialista é bem mais tranquilo que o do mercado. “Creio que a partir de abril a inflação já estará convergindo para o centro da meta.”


Entre os fatores que vão colaborar para o arrefecimento dos preços estão a crise internacional e o ano de eleições municipais. “Não deve ocorrer aumento de tarifas de transporte público.”

No segmento de serviços, o cenário também deve ser mais suave. “Como a economia perdeu força, a demanda de serviços deve cair. De outro lado, o ritmo forte do setor nos últimos meses aumentou a rentabilidade dos serviços, atraiu mais gente e deve levar a um aumento da oferta. Quanto maior a concorrência, menor a margem para aumento de preços.”

Segundo o professor da USP, o reajuste de 14% previsto para o salário mínimo em janeiro não é tão preocupante como diz o mercado. "Muitos estados, incluindo São Paulo, têm piso salarial superior ao mínimo, que não necessariamente terá esse mesmo percentual de reajuste. Além disso, as grandes capitais, onde o índice de inflação é calculado, têm poucas pessoas que recebem salário mínimo.”

O economista ressalta que o principal adversário da inflação é o gasto público. “Como a arrecadação cresce acima da inflação, mesmo elevando um pouquinho o superávit primário, é possível aumentar os gastos acima da inflação. E esse aumento dos gastos públicos acima da inflação é que faz o estrago.”

Veja como fica a evolução do IPCA nos últimos meses deste ano

Mês/Ano20102011Acumulado em 2011
Fonte: Heron do Carmo
Setembro0,45%0,45%*4,88%
Outubro0,75%0,42%**5,33%
Novembro0,83%0,46%**5,81%
Dezembro0,63%0,50%**6,34%

* projeção do mercado; ** média do mês nos últimos 5 anos

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Os dados de inflação de janeiro a agosto já são conhecidos: alta acumulada de 4,42%. Em setembro, o IPCA deve ser muito parecido com o do mesmo mês do ano passado: 0,45%. A partir daí, o cumprimento ou não da meta, cujo limite é 6,5%, dependerá do resultado de outubro, novembro e dezembro.

O professor Heron do Carmo fez algumas simulações com base na média do IPCA registrado nos últimos cinco anos ( veja tabela na próxima página ). Se a inflação do último trimestre do ano for exatamente igual à média de 2006 a 2010, o índice encerrará o ano com 6,34%.

“Em uma situação normal, é pouco provável que passe de 6,5%. Mas, se der uma zebra no feijão, no tomate ou na carne, o índice pula para 6,51% e daí já era (a meta).”

"Salário mínimo não preocupa em 2012" (Divulgação/Corecon-SP)

Heron de Carmo, que é o atual presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), defende que o Ministério da Agricultura auxilie a Fazenda e o Banco Central na definição da política econômica por causa da importância que os preços de alimentos têm no índice de inflação.

O economista minimiza os efeitos da recente desvalorização cambial na inflação. “Preço ao consumidor é basicamente serviço. Não é commodity, que oscila muito conforme o câmbio.”

Meta em 2012

Para o ano que vem, o cenário do especialista é bem mais tranquilo que o do mercado. “Creio que a partir de abril a inflação já estará convergindo para o centro da meta.”


Entre os fatores que vão colaborar para o arrefecimento dos preços estão a crise internacional e o ano de eleições municipais. “Não deve ocorrer aumento de tarifas de transporte público.”

No segmento de serviços, o cenário também deve ser mais suave. “Como a economia perdeu força, a demanda de serviços deve cair. De outro lado, o ritmo forte do setor nos últimos meses aumentou a rentabilidade dos serviços, atraiu mais gente e deve levar a um aumento da oferta. Quanto maior a concorrência, menor a margem para aumento de preços.”

Segundo o professor da USP, o reajuste de 14% previsto para o salário mínimo em janeiro não é tão preocupante como diz o mercado. "Muitos estados, incluindo São Paulo, têm piso salarial superior ao mínimo, que não necessariamente terá esse mesmo percentual de reajuste. Além disso, as grandes capitais, onde o índice de inflação é calculado, têm poucas pessoas que recebem salário mínimo.”

O economista ressalta que o principal adversário da inflação é o gasto público. “Como a arrecadação cresce acima da inflação, mesmo elevando um pouquinho o superávit primário, é possível aumentar os gastos acima da inflação. E esse aumento dos gastos públicos acima da inflação é que faz o estrago.”

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Mês/Ano20102011Acumulado em 2011
Fonte: Heron do Carmo
Setembro0,45%0,45%*4,88%
Outubro0,75%0,42%**5,33%
Novembro0,83%0,46%**5,81%
Dezembro0,63%0,50%**6,34%

* projeção do mercado; ** média do mês nos últimos 5 anos

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