Meta de crescer 0,6% em 2014 é ambiciosa, diz consultoria
O economista Gustavo Loyola, sócio da Tendências Consultoria Integrada, avalia que para o ano que vem a economia brasileira deverá crescer 1,5%
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2014 às 14h37.
São Paulo - A previsão de crescimento de 0,6% do Produto Interno Bruto ( PIB ) para este ano já está se tonando uma meta ambiciosa, disse nesta terça-feira, 26, o sócio da Tendências Consultoria Integrada e ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Loyola.
O economista, que participa do 17º Fórum de Varejo da América Latina na capital paulista, avalia que para o ano que vem a economia brasileira deverá crescer 1,5%.
Para o Índice Nacional de Preços ao Consumido Amplo ( IPCA ), as projeções de Loyola são de uma inflação de 6,3% tanto em 2014 como em 2015. A taxa de desemprego deverá fechar neste ano a 4,8% e em 5% em 2015.
A taxa de juros, segundo ele, deve permanecer em 11% ao ano neste ano e subir para 12,25% ao ano em 2015. O câmbio deve encerrar R$ 2,45 e R$ 2,60 em 2015. A conta corrente deverá fechar este ano com um déficit de US$ 90 bilhões e negativo em US$ 93,4 bilhões em 2015.
A média de crescimento da economia brasileira entre 2011 e 2014 será de 1,7%, segundo Loyola. Essa média é 47% menor do que a média de crescimento da América Latina no mesmo período, 52% inferior à taxa média de expansão do PIB global, 62% abaixo que o crescimento médio da América do Sul e 67% inferior ao crescimento da Aliança do Pacífico.
"A economia internacional nos impõe desafios, mas eles sempre existiram. Não dá para jogar para os outros toda a responsabilidade pelos nossos problemas", disse Loyola, para quem falta dinamismo na economia brasileira.
E essa falta de dinamismo se reflete no mercado de trabalho já menos aquecido, no ritmo mais lento do crédito, queda da confiança com consumo e investimentos perdendo força, inflação acima da meta e riscos setoriais, como de energia e petróleo. "Portanto, o pessimismo não é do mercado financeiro. É de toda a sociedade", disse Loyola.
As razões para a perda de dinamismo, segundo o ex-BC, deve-se à queda da produtividade, erros de política econômica, diagnóstico equivocado (nova matriz macroeconômica), intervenção excessiva, má gestão fiscal e protecionismo, à crise mundial e às perdas no comércio exterior.
No entanto, segundo Loyola, os riscos de uma crise no Brasil são baixos porque, segundo ele, "no curto prazo, as instituições inibem o populismo e incompetência continuados".
China
A redução no ritmo de crescimento da economia chinesa de 10% para algo como 7% ao ano não traz grandes problemas para a economia brasileira, disse Loyola durante palestra no 17º Fórum de Varejo da América Latina. Segundo ele, há desequilíbrios na economia chinesa, como bolhas imobiliárias em algumas regiões e a questão bancárias. "Mas não haverá uma ruptura", tranquilizou o ex-BC.
Por outro lado, ressaltou Loyola, os Estados Unidos estão retomando o crescimento e deverão crescer razoavelmente em 2015. "Os problemas são o ajuste fiscal e a política monetária, que se tornaram expansionistas. Esse ajuste monetário cria um deslocamento de ativos e isso se faz pela valorização das moedas com diminuição de liquidez e de fluxos para os países emergentes", alertou Loyola.
No entanto, de acordo com ele, o Brasil hoje está mais preparado para enfrentar choques porque o País tem hoje um colchão de reservas maior. "Temos derivativos que reduzem a depreciação cambial", disse Loyola, que espera para este ano um crescimento global de 3,3% e de 3,7% para o próximo ano.