Economia

Mercado reage mal a troca de títulos da dívida

São Paulo, 28 de julho (Portal EXAME) A operação de troca (swap) de títulos da dívida externa, anunciado na última sexta-feira e prevista para ocorrer nesta terça-feira (29/7), não foi bem recebida pelo mercado nesta segunda-feira (28/7). O C-Bond, principal título da dívida brasileira, fechou com queda de 1,49%, cotado a 89,04% do valor de […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h23.

São Paulo, 28 de julho (Portal EXAME) A operação de troca (swap) de títulos da dívida externa, anunciado na última sexta-feira e prevista para ocorrer nesta terça-feira (29/7), não foi bem recebida pelo mercado nesta segunda-feira (28/7).

O C-Bond, principal título da dívida brasileira, fechou com queda de 1,49%, cotado a 89,04% do valor de face. A queda teria sido influenciada por rumores de fracasso do swap porque os juros oferecidos estariam abaixo do desejado. O risco país também registrou alta e não acompanhou o bom desempenho de títulos de outros países emergentes, que tiveram um dia de queda. O risco Brasil fechou em 755 pontas, uma alta de 2,17%.

Na operação de troca em curso, o Brasil está substituindo bradies (papéis renegociados durante a crise da dívida externa nos anos 80, que muitos fundos não podem incluir em suas carteiras) por globals (títulos novos, que podem ser adquiridos pelos fundos sem restrições e têm vencimentos mais longos).

Risco país

O sucesso da operação, na avaliação dos analistas do mercado financeiro, seria extremamente positivo para o país. Um dos reflexos bem-vindos seria a redução do risco Brasil. O risco país mede a confiança do mercado no pagamento das dívidas de um país: quanto maior essa taxa, mais altos serão os juros que o país terá de pagar por novos empréstimos, realizados através da emissão de títulos, ou para renovar negócios antigos (rolagem da dívida com a emissão de novos títulos).

A avaliação de queda do risco país leva em conta o comportamento do indicador após a mais recente operação do Brasil no mercado de títulos, em abril: uma emissão, no valor de um bilhão de dólares, que foi seguida pela queda do risco país. Na ocasião, o risco estava na casa dos 850 pontos base. Atualmente, oscila em 750 pontos. Em meados de junho, chegou a operar abaixo dos 700 pontos.

Em seu relatório diário, a área de pesquisas e estudos econômicos do banco Bradesco endossa que a operação de swap sugere nova rodada de queda do risco país . De acordo com o relatório, a troca mostra sintonia com o mercado externo e trará efeitos positivos para a credibilidade do país: Vale lembrar que esta é certamente a maior iniciativa do novo governo no que se refere ao mercado externo, com efeitos que ultrapassam, em muito, as captações já realizadas no ano (1,75 bilhão de dólares) , diz o texto. Fornece ao mercado reforço na confiança para novas e maiores apostas no país.

Maristella Ansanelli, economista da Tendências Consultoria Integrada, é mais cautelosa em suas expectativas. Apesar de ser uma operação importante que altera o prazo e o perfil da dívida brasileira ela não melhora fundamentos , diz Maristella. Uma alteração do risco país vai depender de fatores paralelos à operação, como o preço dos papéis: temos de esperar os resultados."

Garantias

Outra vantagem da operação é a liberação das garantias atreladas aos discounts e par bonds. Segundo cálculo do Bradesco, se todo o estoque dos papéis fosse trocado (4,1 bilhões de dólares), haveria a possibilidade de liberar até 1,6 bilhão de dólares hoje depositados como garantias. Ao anunciar a operação, o Banco Central não detalhou valores, mas o mercado estima uma troca na casa de 1 bilhão de dólares, o que liberaria cerca de 400 milhões de dólares em garantias. Independente dos valores, é certo que a liberação das garantias tende a aumentar as reservas líquidas do país. Em tese, reduziriam a necessidade de compra de divisas no mercado de câmbio doméstico , diz o relatório do Bradesco.

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