Meirelles destaca regime de metas e câmbio flexível
Por Ricardo Leopoldo São Paulo - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou hoje que o regime de metas de inflação no Brasil, em conjunto com o sistema de câmbio flutuante, mostrou-se muito adequado para a economia nacional. O regime de metas de inflação foi implementado em 1999 pelo então presidente do BC, […]
Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2009 às 15h06.
Por Ricardo Leopoldo
São Paulo - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou hoje que o regime de metas de inflação no Brasil, em conjunto com o sistema de câmbio flutuante, mostrou-se muito adequado para a economia nacional. O regime de metas de inflação foi implementado em 1999 pelo então presidente do BC, Armínio Fraga, após a implosão do regime de câmbio semifixo defendido por seu antecessor, Gustavo Franco.
Apesar das vantagens proporcionadas pelo sistema de metas de inflação nos últimos anos, como a manutenção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dentro da meta e o crescimento vigoroso da economia, Meirelles mencionou que o regime por si só não consegue diluir outros problemas do Brasil.
Em entrevista à Agência Estado, o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore destacou que o excesso de gastos fiscais por parte do governo federal pode levar a um superaquecimento da demanda doméstica, o que forçaria o Comitê de Política Monetária (Copom) a antecipar um ciclo de alta de juros em 2010. Para muitos analistas, a economia ou o nível de atividade mais forte podem fazer com que o BC eleve a Selic no primeiro trimestre do ano que vem, em vez de fazê-lo no segundo trimestre. Na visão de Pastore, há um "risco fiscal" que pode colocar em conflito o Ministério da Fazenda e o BC no próximo ano, fator esse que não permite um declínio mais expressivo da curva a termo de juros.
Henrique Meirelles comentou a proposta da direção do Fundo Monetário Internacional (FMI) de conceder linhas de contingenciamento de crédito para países que eventualmente enfrentam dificuldades para fechar suas contas de balanços de pagamentos, especialmente em momentos de crise. "De um lado, isso é importante, somos favoráveis. Vários países que puderam usar este tipo de linha agora, durante a crise, foram favorecidos. Mas mesmo esses países, os que de fato tiveram melhor resultado, foram os que tinham reservas", comentou.
Anteriormente, o presidente do BC ressaltou que o fato de o Brasil ter US$ 205 bilhões de poupança externa em agosto de 2008 foi "um colchão de liquidez" muito importante para que o País saísse da crise com mais rapidez que outras nações. Hoje as reservas internacionais estão em US$ 236 bilhões. "Em segundo lugar, as reservas como autosseguro dão maior possibilidade de decisão e julgamento do que reservas que são compartilhadas", disse Meirelles.
O presidente do BC participou de seminário internacional realizado hoje pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), que avaliou os dez anos dos regimes de metas de inflação e câmbio flutuante no Brasil.