Meirelles: atraso na reforma da Previdência não é "grande drama"
Meirelles disse ainda que a divulgação da lista de políticos a serem investigados com base nas delações da Odebrecht veio em momento adequado
Reuters
Publicado em 12 de abril de 2017 às 17h21.
Última atualização em 12 de abril de 2017 às 17h42.
Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles , afirmou nesta quarta-feira que a equipe econômica continua com a expectativa de que a reforma da Previdência será aprovada na primeira metade deste ano, mas caso isso não aconteça, não haverá "grande drama" se o aval final dos parlamentares for dado um pouco mais tarde.
Falando à Reuters por telefone, Meirelles disse ainda que a divulgação da lista de políticos e ministros a serem investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas delações de executivos da Odebrecht veio num momento adequado e que o Congresso continuará funcionando normalmente.
"Esses inquéritos não vão prejudicar o cronograma de discussão e votação das reformas", disse.
"Nossa expectativa é de que (a reforma da Previdência) deve ser aprovada neste semestre. Mas caso não o seja, eu não vejo um grande drama, um problema, prejuízo se for aprovada no mês de agosto."
Especialistas ouvidos pela Reuters nesta quarta-feira disseram acreditar num atraso da reforma, mas não ao ponto de impedir que saia do papel ainda neste ano.
A leitura é de que o governo e seus aliados devem se esforçar politicamente para que a medida passe pelo Congresso Nacional para que, em 2018, o ambiente econômico esteja mais favorável e gere mais chances políticas nas eleições.
Na véspera, o relator da operação Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, autorizou a abertura de 76 inquéritos contra ministros de Estado, governadores, parlamentares e relatores de medidas prioritárias do governo no Congresso, caso do relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA).
Meirelles também afirmou que não está sendo considerado, no momento, o fim do abono salarial para compensar perdas com as mudanças que o governo vem acertando com o Congresso na reforma da Previdência.
Mais cedo, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), havia afirmado que o governo estudava alterações em benefícios dentro da reforma da Previdência para compensar as flexibilizações a serem feitas na reforma, entre elas alterações no pagamento do abono salarial.
Na semana passada, o governo admitiu afrouxar a reforma em cinco pontos em relação aos quais os parlamentares mostravam maior resistência, incluindo as regras de transição para aposentadorias.
Meirelles havia estimado que as alterações deveriam reduzir a economia calculada inicialmente com a reforma entre 112 bilhões e 160 bilhões de reais ao longo de 10 anos.
"A nossa posição é que os ganhos fiscais da reforma não devem ser substancialmente alterados comparados com aquelas estimativas que tivemos logo que as principais alterações foram anunciadas", disse à Reuters.
"Eu acredito que o importante é que, em havendo mudanças, ainda mantenham a reforma gerando ganhos fiscais para o país de acordo com as nossas expectativas", acrescentou.
Segundo Meirelles, a equipe econômica não tinha grande expectativas em relação ao momento que a lista de Fachin sairia. "Do nosso ponto de vista, a lista veio no momento adequado que é o cronograma definido pela Procuradoria Geral da República".