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Medidas protecionistas norte-americanas preocupam Brasil a médio prazo

Uma das preocupações é que a China importe mais soja brasileira e o mercado interno seja desabastecido, encarecendo os preços do produtor nacional

Governo brasileiro defende um equilíbrio comercial entre os países (Andres Stapff/Reuters)
AB

Agência Brasil

Publicado em 6 de agosto de 2018 às 19h07.

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge, disse hoje (6), ao participar de almoço-debate organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), na capital paulista, que as medidas protecionistas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump preocupam o governo brasileiro pelo risco de causar algum tipo de prejuízo a médio prazo. Segundo ele, eventuais impactos nas exportações brasileiras só serão sentidos depois de 2019.

O ministro citou como exemplo a soja, cuja produção brasileira concorre com a dos Estados Unidos na disputa do mercado consumidor na China. Segundo ele, até o momento, as exportações brasileiras do produto não foram prejudicadas e o país tem colocado seu produto na China a um preço basicamente similar ao que vinha exportando antes da medida de Trump.

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Uma das preocupações, de acordo com Marcos Jorge, é que a China importe mais soja brasileira e o mercado interno seja desabastecido, encarecendo os preços do produtor nacional. "Aos exportarmos um volume maior [da soja], poderia faltar o insumo internamente para produção de ração ou aumentar internamente o valor para a produção importante como é a carne, o que poderia tirar nossa competitividade [de exportação da carne a preços competitivos]", afirmou.

Jorge ressaltou que o governo brasileiro defende um equilíbrio comercial entre os países, salientando que qualquer desequilíbrio decorrente de uma medida protecionista pode trazer outros efeitos indesejados para as exportações brasileiras .

"Ao protegermos qualquer mercado, diminuímos a corrente de comércio mundial e estamos também diminuindo as exportações como um todo no mundo. Isso não é efeito desejável no Brasil, que tem focado em aumentar as suas exportações. O que defendemos e continuaremos defendendo é que não haja qualquer tipo de restrição ao comércio internacional, primando sempre pelo multilateralismo", afirmou.

De acordo com o ministro, o presidente Michel Temer discutiu com o presidente da China, Xi Jinping, durante reunião na 10ª Cúpula do Brics, em julho, em Joanesburgo, África do Sul, a possibilidade de o governo chinês abrir uma cota para importação de produtos do beneficiamento da soja, como óleo e grão moído. "O governo está atento, nós temos feito o trabalho necessário para que não tenhamos eventualmente qualquer tipo de prejuízo para as nossas exportações".

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