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Maioria republicana garante a Bush vitórias práticas no Congresso

A vitória do Partido Republicano nas eleições para o Congresso americano dá ao presidente George W. Bush dois bons motivos para comemorar. Primeiro: ele entra para a história como o terceiro presidente dos EUA a aumentar sua bancada na Câmara na eleição do meio do mandato. Nos últimos 100 anos, só Franklin Roosevelt, em 1934, […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h48.

A vitória do Partido Republicano nas eleições para o Congresso americano dá ao presidente George W. Bush dois bons motivos para comemorar. Primeiro: ele entra para a história como o terceiro presidente dos EUA a aumentar sua bancada na Câmara na eleição do meio do mandato. Nos últimos 100 anos, só Franklin Roosevelt, em 1934, e Bill Clinton, em 1998, conseguiram o mesmo feito. Segundo: ele ganha mais agilidade para suas políticas no exterior para, internamente, adotar medidas econômicas mais liberais.

Cenário melhor para Bush, impossível. "Bush terá mãos mais livres para negociar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), e poderá ser mais agressivo para novas propostas de acordos comerciais. Ele pode até relançar a proposta de criação da área de livre comércio da Ásia-Pacífico", diz José Augusto Guilhon Albuquerque, professor titular de relações internacionais do departamento de economia da USP. A nova postura, afirma Guilhon, também deverá favorecer o Brasil. Com maioria na Câmara e no Senado, Bush poderia fazer mais concessões a parceiros comerciais, sem que a medida seja barrada pelo Legislativo. "A vitória dos Republicanos irá reforçar a posição liberal do governo americano e menos protecionista. Bush poderá ser mais flexível nas negociações e rever a política de subsídios a setores da economia americana", diz Braz José de Araujo, coordenador do Núcleo de Políticas e Estratégia da USP.

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Com a maioria republicana, Bush também terá mais facilidade para criar o Departamento de Segurança Doméstica. "O discurso de que é preciso aumentar a segurança interna, reforçar o policiamento, ganha apoio no Congresso", afirma Guilhon. Outro tema que pode ganhar um perfil tipicamente republicano é o da saúde. "Terá uma tendência mais aberta, ou seja, menor presença do estado e maior abertura para o sistema de saúde privado", diz Araujo.

A maior facilidade que terá para lidar com o Congresso e imprimir uma postura mais liberal para a economia americana tende a criar, afirma Araujo, um ambiente menos incerto para os investidores. "A vitória republicana, que deu ao presidente maioria no Congresso, deverá agradar ao mercado, dando confiança aos investidores, o que favorece a economia mundial", afirma. O primeiro dia de negócios após o triunfo de Bush no Congresso confirma essa tese: as bolsas americanas fecharam em alta. O Índice Dow Jones subiu 1,17% e a Nasdaq, 1,05%.

Iraque e vitória pessoal

Se, por um lado, a vitória republicana permite uma ação mais efetiva do governo Bush para aquecer a economia americana e negociar acordos comerciais internacionais, por outro aumenta a certeza de que a guerra contra o Iraque está ainda mais perto. "O Iraque que se cuide", diz Araujo. "Tudo ficou ainda mais fácil para Bush. Ele já tinha o apoio do Congresso para atacar o Iraque. Com a vitória sobre os democratas, ganha mais respaldo político."

Para Guilhon, Bush recebeu um atestado de bom comportamento dos eleitores: "Essa primeira eleição é crítica e tende a criar novas dificuldades para o presidente americano. É raro conseguir maioria nas duas casas". Bush, afirma Araujo, também mostrou mais competência do que quer crer boa parte da mídia americana e internacional: "Foi uma vitória importante para o desenvolvimento das políticas republicanas numa conjuntura aparentemente desfavorável. Ele conseguiu reverter o quadro, o que mostra que não tem nada de burro e incompetente".

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