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Pé no freio O ano de 2002 foi marcado por uma profunda incerteza quanto ao futuro da economia devido à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Em dúvida quanto à continuidade das políticas de estabilização econômica, os empresários adiaram ou cancelaram os planos de investimento. Por isso, a taxa de investimentos agregada da economia […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h20.

Pé no freio

O ano de 2002 foi marcado por uma profunda incerteza quanto ao futuro da economia devido à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Em dúvida quanto à continuidade das políticas de estabilização econômica, os empresários adiaram ou cancelaram os planos de investimento. Por isso, a taxa de investimentos agregada da economia caiu para o menor nível desde o início do Plano Real e foi de 18,71% do produto interno bruto (PIB). Essa retração também prejudicou o crescimento da economia. O PIB cresceu apenas 1,52% em relação ao ano anterior, e no fim de 2002 estava estimado em 451 bilhões de dólares.

O pequeno crescimento econômico fez o PIB per capita de 2002 registrar 2 583 dólares, praticamnte inalterado ante os números de 2001. A incerteza eleitoral também elevou a cotação do dólar, o que pressionou os índices de preços. O IGP-DI no ano passado subiu para 26,4%, o maior índice desde o início do Real.

A aceleração da inflação foi combatida duramente pelo Banco Central, que elevou os juros para frear o ritmo da economia.

Em junho, os juros no mercado interbancário estavam em 1,85% ao mês, bastante acima do 1,31% registrado no mesmo período do ano anterior.

Macroeconômico e o dolar fugiu

A turbulência eleitoral pressionou mais o dólar em 2002 do que em 1999, ano da mudança de regime cambial. Em 2002, o real perdeu 53,5% do valor em relação à moeda americana, ante 52,9% em 1999.

O dólar oscilou violentamente e chegou a ser negociado a mais de 4 reais durante o pior momento da crise. A incerteza dos investidores internacionais em relação a um governo de oposição fez com que muito dinheiro deixasse o país. O total de investimentos estrangeiros em bolsa recuou de 13,8 bilhões de dólares em 2001 para 7,8 bilhões em 2002, o nível mais baixo desde 1994. Essa retração também foi percebida nos investimentos estrangeiros diretos. A injeção de capital no país para aquisições e projetos de expansão produtiva caiu para 16,6 bilhões de dólares em 2002, ante 22,5 bilhões em 2001. Como seria de esperar, a turbulência afetou o valor das empresas na bolsa. A capitalização total do mercado brasileiro recuou de 185 bilhões de dólares em 2001 para 124 bilhões em 2002.

Em 2003, até maio, a melhoria das expectativas fez com que o valor de mercado das empresas abertas se recuperasse para 157 bilhões de dólares.

O duro acerto de contas

Para equilibrar as contas públicas, a principal medida do governo nos últimos anos foi elevar a carga tributária. O total de impostos arrecadado cresceu de 33,8% do produto interno bruto (PIB) em 2001 para 35,8% em 2002. De um ano para outro, embora a economia estivesse desacelerando, o valor reunido com tributos federais e estaduais subiu de 388 bilhões de reais para 453 bilhões. O tributo mais importante continua a ser o imposto de renda, cuja arrecadação somou 85,8 bilhões de reais em 2002. A queda das importações fez com que a arrecadação com produtos importados encolhesse para 8 bilhões de reais em 2002, ante os 9,1 bilhões em 2001. Em contrapartida, houve aumento das exportações, de 48 bilhões de dólares em 1999 para 60,4 bilhões em 2002.

Em 2002, apesar da crise externa, as exportações foram 3,8% maiores do que no ano anterior. Com isso, a dependência da rolagem externa da dívida encolheu. Em 1999, o total da dívida externa correspondia a 4,7 anos de exportações. O aumento do superávit comercial reduziu esse período para 3,5 anos em 2002. A dívida externa permaneceu estabilizada em 210,7 bilhões de dólares.

O lado positivo da contração

O ano de 2002 ficará na história também pela expansão do saldo da balança comercial. A desvalorização do real tornou os produtos brasileiros mais competitivos, possibilitando que vendas ao exterior superassem os 60 bilhões de dólares, com crescimento de 3,8% sobre 2001. Por sua vez, devido à crise econômica, as importações recuaram de 55,6 bilhões de dólares em 2001 para 47,2 bilhões em 2002, uma queda de 15,6%. Resultado: o saldo positivo quase quintuplicou, de 2,7 bilhões de dólares para mais de 13 bilhões. Outro fato do comércio exterior mereceu destaque em 2002: o aumento das exportações para a China, gerado pelo formidável ritmo de expansão da economia daquele país. Com isso, a Ásia foi a região para a qual mais cresceram as vendas externas brasileiras, passando de 7 bilhões de dólares para 8,8 bilhões, um avanço de 25% de um ano para o outro. Na pauta de exportações, fizeram boa figura os produtos primários, cujas vendas subiram de 15,3 bilhões de dólares para 17 bilhões. As receitas externas com produtos manufaturados, porém, permaneceram praticamente estagnadas, ao redor de 33 bilhões de dólares por ano.

Saldo por um fio

No conjunto as importações brasileiras em 2002 foram inferiores às do ano anterior, mas em alguns produtos o país ainda gastou mais, por razões específicas. É o caso do petróleo. A importação de óleo cresceu de 3,2 bilhões de dólares para 3,3 bilhões apesar da retração da economia, por causa da elevação dos preços no mercado internacional. Outro setor que registrou conta mais alta foi o de equipamentos para geração de energia, ainda na esteira do racionamento de 2001.

A importação de geradores, motores e transformadores mais que dobrou em dois anos: de 800 milhões de dólares em 2000 para 1,7 bilhão em 2002. Já as compras de circuitos integrados e componentes eletrônicos caíram levemente, assim como as importações de peças para automóveis e tratores.

Na totalização por setores, embora tenha recuado substancialmente com a crise econômica, o gasto mais expressivo do país ainda provém das máquinas e equipamentos -- foram 11,6 bilhões de dólares em 2002. A forte retração nas importações, combinada com um pequeno avanço nas exportações, gerou um superávit comercial que contribuiu para manter positivo o saldo do balanço de pagamentos do país -- embora bem perto de zero.

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