Economia

Luiz Eduardo Ramos é criticado por acordo com Congresso sobre Orçamento

Membros do governo questionam a atuação de Ramos, dizendo que o ministro, para se cacifar como articulador, cedeu às reivindicações do Congresso

Luiz Eduardo Ramos: ministro tem sido criticado pelo acordo que costurou sobre o orçamento impositivo (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Luiz Eduardo Ramos: ministro tem sido criticado pelo acordo que costurou sobre o orçamento impositivo (Antonio Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de fevereiro de 2020 às 12h36.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2020 às 12h54.

Alvo de críticas dentro do Executivo por estar à frente do acordo com o Congresso sobre o Orçamento impositivo, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, disse ao Estado que só se sentou à mesa de negociação com o aval do presidente Jair Bolsonaro e acompanhado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ou sua equipe. Nesta semana, Bolsonaro e Guedes se voltaram contra os termos do trato.

"Desde o início, a negociação foi por ordem do presidente. O Paulo Guedes, o tempo todo, esteve ao meu lado. Em nenhum momento, sentei à mesa sem autorização do presidente ou sem o conhecimento do ministro Paulo Guedes. Não tem nada embaixo de panos e conchavos", disse Ramos ao Estado. É a primeira vez que ele fala publicamente sobre a polêmica.

Colegas que compõem o primeiro escalão do governo questionam a atuação de Ramos, dizendo que o ministro, para se cacifar como articulador e se aproximar dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (AP), ambos do DEM, cedeu às reivindicações do Parlamento e prejudicou o governo.

"Está claro que o presidente tem me prestigiado e me apoiado, fruto de uma relação de amizade. Então começam a falar que estou articulando com Rodrigo Maia e o Alcolumbre contra planos do governo. Isso é só fofoca. Não tem nada. É ciumeira. Por isso digo que minha missão é difícil", afirmou Ramos.

 

Bolsonaro, segundo interlocutores, demorou a se dar conta da "gravidade" que as restrições do Orçamento impositivo causariam ao governo. O presidente foi alertado de que viraria uma "rainha da Inglaterra" sem poder de execução nas mãos. A crise eclodiu quando o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, acusou o Legislativo de "chantagear" o governo por recursos. O Estado apurou que numa reunião com Bolsonaro ele chegou a falar em "golpe branco".

Embate sobre o Orçamento

O impasse em torno do acordo do Orçamento, que repassa para o controle do Congresso uma fatia maior de recursos públicos, fez estremecer a relação de Guedes e Ramos. Os dois chegaram a ter uma discussão acalorada, no Planalto. Ramos querendo dividir a responsabilidade do acordo com Guedes. E o ministro da Economia negando participação no acerto.

O embate entre os dois ministros acabou alimentando também questionamentos em torno da atuação de ambos no episódio. A permanência de Guedes no time do presidente chegou a ser especulada. Os ruídos trouxeram preocupação ao mercado. Guedes trata sua eventual saída como "fake news".

A crise, porém, tem servido de cortina de fumaça para esconder o foco real da intriga: o racha do Congresso com Guedes. O ministro da Economia, que era o fiador do acordo, foi jogado contra a parede e cobrado por líderes partidários. O sentimento foi de quebra de promessa.

A impaciência do Parlamento com o chefe da economia foi exposta pelo presidente do Senado ao próprio Bolsonaro. Numa reunião com a presença de Ramos e Guedes, Alcolumbre disse que o maior problema que Bolsonaro enfrenta é lidar com "ministros que mentem para ele". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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