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Leilão de transmissão tem deságio abaixo da média

Deságio médio do leilão ficou bem abaixo do deságio médio de todos os outros leilões de transmissão já realizados no país, de 26,02%

Energia elétrica: Eletrobras saiu vencedora em 5 dos 10 lotes de ransmissão de energia leiloados (REUTERS/Paulo Santos)
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Da Redação

Publicado em 14 de novembro de 2013 às 15h23.

São Paulo - O leilão de transmissão de energia desta quinta-feira licitou 10 lotes de empreendimentos, com a Eletrobras vencedora em cinco deles, e teve deságio médio de 7,15 por cento em relação à Receita Anual Permitida (RAP) máxima estabelecida para a competição, segundo informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O deságio médio do leilão ficou bem abaixo do deságio médio de todos os outros leilões de transmissão já realizados no país, de 26,02 por cento, mas num resultado que a Aneel considerou satisfatório e natural.

"No setor elétrico, cada vez mais, a gente está afastando as usinas do centro de carga, cada vez mais temos linhas construídas em áreas que tem gente morando, cada vez mais aumentam as exigências ambientais", disse o diretor da Aneel, Edvaldo Santana, em coletiva de imprensa após o leilão.

"A tendência é de o custo de tudo isso aumentar. Se aumenta custo, aumenta risco, aumenta tudo. Então é uma tendência natural a redução do deságio", afirmou.

O diretor comemorou o resultado do leilão ao acrescentar que o lote A, que ajudará no escoamento da energia de usinas do Madeira, foi arrematado, lembrando que ele havia sido oferecido em leilão anterior sem receber lances.

O consórcio formado por Furnas, da Eletrobras, e Copel levou o lote, que era o maior do certame, sem apresentar deságio, garantindo uma receita anual de 174,4 milhões de reais quando os empreendimentos entrarem em operação. Nenhum outro proponente apresentou lance para esse lote.

O lote A terá dificuldades para implantação no que diz respeito às liberações fundiárias, já que as linhas e subestações passarão por áreas já povoadas, em São Paulo e Paraná.

Mas a diretora de Novos Negócios de Furnas, Olga Simbalista, acrescentou que o prazo estipulado pela Aneel para construção --que sofrera elevação para 42 a 48 meses-- dá segurança para desenvolver o projeto.


"O lote A é um empreendimento complexo, passa por 68 municípios, 60 deles no Estado de São Paulo, na região mais rica, mais densa. Então nós vamos ter uma dificuldade fundiária no processo de desapropriação, de compra dessa faixa de servidão, muito grande", disse a diretora.

Presença Estatal

O leilão realizado nesta quinta-feira teve 10 lotes licitados e 3 que não receberam lances, sendo que seis lotes licitados foram vencidos por grupos ou empresa estatais. Os maiores deságios de 30 por cento foram ofertados pela Eletrosul, da Eletrobras, em dois lotes --num deles sozinha e em outro com a CEEE-GT.

Furnas está presente em dois lotes licitados. Além de vencer o lote A, o maior do leilão, em parceria com a Copel, a empresa levou o lote D, com a goiana Celg, apresentando deságio de 0,54 por cento.

A Copel, controlada pelo governo do Paraná, também levou o lote F sozinha, apresentando deságio de 5 por cento. A companhia terá que construir a linha Bateias-Curitiba Norte e subestação, no Paraná, para atender à expansão da carga da região metropolitana de Curitiba.

A Eletrosul venceu em conjunto com a CEEE-GT, do Rio Grande do Sul, a licitação do lote I, localizado em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, garantindo receita anual de 16,3 milhões de reais. Além disso, a Eletrosul levou sozinha o lote K, composto por uma subestação no Mato Grosso do Sul.

Já a Eletronorte venceu o lote N, sem precisar apresentar deságios em relação à receita máxima permitida, já que nenhum outro proponente se interessou pelos empreendimentos, que contemplam duas linhas de transmissão e duas subestações localizadas no Acre. A receita garantida foi de 38,9 milhões de reais anuais.

A espanhola Abengoa ainda levou o lote B, formado por uma linha de transmissão em 500 kV, Maribondo II-Campinas, localizada em Minas Gerais e São Paulo, com deságio de 10,1 por cento.


A chinesa State Grid arrematou o lote P, com forte deságio de 28 por cento, para construir a subestação Marechal Rondon (SP/MS), com uma receita anual de 11,6 milhões de reais.

O consórcio formado por Braxenergy Desenvolvimento de Projetos de Energia e LT Bandeirante Empreendimentos, empresas que não são tradicionais em leilões de transmissão, venceu dois lotes: o E, com deságio de 20 por cento, e o G, com deságio de 10,5 por cento.

Segundo o presidente da Comissão Especial de Licitação da Aneel, Ivo Nazareno, a Braxenergy detém autorizações para empreendimentos de energia solar fotovoltaica, conforme análise preliminar, e tem "ligação" com empresas que já participaram de outros leilões de transmissão. A LT Bandeirante já detém um empreendimento de transmissão, a LT Triângulo.

O lote J, que promoveria o atendimento à região leste de Minas Gerais, terminou sem interessados. O mesmo aconteceu com o lote H, formado por uma subestação localizada no Pará, a SE Jurupari, e o lote Q, em São Paulo, composto pela Subestação Domenico Rangoni, para atender o litoral paulista.

A Aneel informou que avaliará os motivos dos lotes não terem tido interessados, acrescentando que eles podem voltar a outros leilões no ano que vem.

WACC maior em 2014 O diretor da Aneel, Edvaldo Santana, disse que a tendência para 2014 é que o custo de capital médio ponderado (WACC) a ser definido pela agência para os leilões de transmissão de energia seja maior, dado que o risco país e outros custos que influenciam o índice aumentaram.

"O custo de capital também é dinâmico. Não há de se pensar que para o ano que vem --que ainda tem audiência pública-- o custo de capital seja menor do que já está, a tendência da curva é de crescimento. Se há uma tendência, é que o custo de capital seja maior no próximo ano", disse Santana, durante coletiva de imprensa. O diretor deixa a Aneel no final de dezembro.

O WACC atual definido para os leilões de transmissão deste ano é de cerca de 4,6 por cento. O percentual é considerado muito baixo pelos empreendedores e é um dos motivos da redução dos deságios nos leilões de transmissão realizados em 2013, conforme apontam empresas do setor.

Santana disse que a Aneel deve abrir audiência pública para definir a metodologia de cálculo do WACC de transmissão para 2014 na reunião da diretoria da próxima terça-feira.

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São Paulo - O leilão de transmissão de energia desta quinta-feira licitou 10 lotes de empreendimentos, com a Eletrobras vencedora em cinco deles, e teve deságio médio de 7,15 por cento em relação à Receita Anual Permitida (RAP) máxima estabelecida para a competição, segundo informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O deságio médio do leilão ficou bem abaixo do deságio médio de todos os outros leilões de transmissão já realizados no país, de 26,02 por cento, mas num resultado que a Aneel considerou satisfatório e natural.

"No setor elétrico, cada vez mais, a gente está afastando as usinas do centro de carga, cada vez mais temos linhas construídas em áreas que tem gente morando, cada vez mais aumentam as exigências ambientais", disse o diretor da Aneel, Edvaldo Santana, em coletiva de imprensa após o leilão.

"A tendência é de o custo de tudo isso aumentar. Se aumenta custo, aumenta risco, aumenta tudo. Então é uma tendência natural a redução do deságio", afirmou.

O diretor comemorou o resultado do leilão ao acrescentar que o lote A, que ajudará no escoamento da energia de usinas do Madeira, foi arrematado, lembrando que ele havia sido oferecido em leilão anterior sem receber lances.

O consórcio formado por Furnas, da Eletrobras, e Copel levou o lote, que era o maior do certame, sem apresentar deságio, garantindo uma receita anual de 174,4 milhões de reais quando os empreendimentos entrarem em operação. Nenhum outro proponente apresentou lance para esse lote.

O lote A terá dificuldades para implantação no que diz respeito às liberações fundiárias, já que as linhas e subestações passarão por áreas já povoadas, em São Paulo e Paraná.

Mas a diretora de Novos Negócios de Furnas, Olga Simbalista, acrescentou que o prazo estipulado pela Aneel para construção --que sofrera elevação para 42 a 48 meses-- dá segurança para desenvolver o projeto.


"O lote A é um empreendimento complexo, passa por 68 municípios, 60 deles no Estado de São Paulo, na região mais rica, mais densa. Então nós vamos ter uma dificuldade fundiária no processo de desapropriação, de compra dessa faixa de servidão, muito grande", disse a diretora.

Presença Estatal

O leilão realizado nesta quinta-feira teve 10 lotes licitados e 3 que não receberam lances, sendo que seis lotes licitados foram vencidos por grupos ou empresa estatais. Os maiores deságios de 30 por cento foram ofertados pela Eletrosul, da Eletrobras, em dois lotes --num deles sozinha e em outro com a CEEE-GT.

Furnas está presente em dois lotes licitados. Além de vencer o lote A, o maior do leilão, em parceria com a Copel, a empresa levou o lote D, com a goiana Celg, apresentando deságio de 0,54 por cento.

A Copel, controlada pelo governo do Paraná, também levou o lote F sozinha, apresentando deságio de 5 por cento. A companhia terá que construir a linha Bateias-Curitiba Norte e subestação, no Paraná, para atender à expansão da carga da região metropolitana de Curitiba.

A Eletrosul venceu em conjunto com a CEEE-GT, do Rio Grande do Sul, a licitação do lote I, localizado em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, garantindo receita anual de 16,3 milhões de reais. Além disso, a Eletrosul levou sozinha o lote K, composto por uma subestação no Mato Grosso do Sul.

Já a Eletronorte venceu o lote N, sem precisar apresentar deságios em relação à receita máxima permitida, já que nenhum outro proponente se interessou pelos empreendimentos, que contemplam duas linhas de transmissão e duas subestações localizadas no Acre. A receita garantida foi de 38,9 milhões de reais anuais.

A espanhola Abengoa ainda levou o lote B, formado por uma linha de transmissão em 500 kV, Maribondo II-Campinas, localizada em Minas Gerais e São Paulo, com deságio de 10,1 por cento.


A chinesa State Grid arrematou o lote P, com forte deságio de 28 por cento, para construir a subestação Marechal Rondon (SP/MS), com uma receita anual de 11,6 milhões de reais.

O consórcio formado por Braxenergy Desenvolvimento de Projetos de Energia e LT Bandeirante Empreendimentos, empresas que não são tradicionais em leilões de transmissão, venceu dois lotes: o E, com deságio de 20 por cento, e o G, com deságio de 10,5 por cento.

Segundo o presidente da Comissão Especial de Licitação da Aneel, Ivo Nazareno, a Braxenergy detém autorizações para empreendimentos de energia solar fotovoltaica, conforme análise preliminar, e tem "ligação" com empresas que já participaram de outros leilões de transmissão. A LT Bandeirante já detém um empreendimento de transmissão, a LT Triângulo.

O lote J, que promoveria o atendimento à região leste de Minas Gerais, terminou sem interessados. O mesmo aconteceu com o lote H, formado por uma subestação localizada no Pará, a SE Jurupari, e o lote Q, em São Paulo, composto pela Subestação Domenico Rangoni, para atender o litoral paulista.

A Aneel informou que avaliará os motivos dos lotes não terem tido interessados, acrescentando que eles podem voltar a outros leilões no ano que vem.

WACC maior em 2014 O diretor da Aneel, Edvaldo Santana, disse que a tendência para 2014 é que o custo de capital médio ponderado (WACC) a ser definido pela agência para os leilões de transmissão de energia seja maior, dado que o risco país e outros custos que influenciam o índice aumentaram.

"O custo de capital também é dinâmico. Não há de se pensar que para o ano que vem --que ainda tem audiência pública-- o custo de capital seja menor do que já está, a tendência da curva é de crescimento. Se há uma tendência, é que o custo de capital seja maior no próximo ano", disse Santana, durante coletiva de imprensa. O diretor deixa a Aneel no final de dezembro.

O WACC atual definido para os leilões de transmissão deste ano é de cerca de 4,6 por cento. O percentual é considerado muito baixo pelos empreendedores e é um dos motivos da redução dos deságios nos leilões de transmissão realizados em 2013, conforme apontam empresas do setor.

Santana disse que a Aneel deve abrir audiência pública para definir a metodologia de cálculo do WACC de transmissão para 2014 na reunião da diretoria da próxima terça-feira.

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