Kirchner derruba acordo automotivo com Brasil
Presidente argentino justifica medida como proteção contra "inundação de importados" e conta com a compreensão do amigo Lula
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h52.
O acordo de livre comércio automotivo com o Brasil não vai mais vigorar em 2006, como havia sido pactuado. A má-notícia para a indústria brasileira foi comunicada nesta quarta-feira (8/9) pelo presidente da Argentina Néstor Kirchner, alegando a necessidade de equilibrar assimetrias. "Não pode ser que a Argentina seja inundada por produtos importados", disse (leia reportagem da revista EXAME sobre as verdadeiras razões dos empresários argentinos para defender medidas protecionistas).
A liberalização do comércio bilateral de automóveis com o Brasil estava prevista na Política Automotiva Comum (PAC) do Mercosul. O presidente argentino comunicou a decisão hoje ao meio-dia, durante visita à fábrica da Volkswagen na cidade de General Pacheco. "Queremos que a indústria automobilística do Brasil se desenvolva, mas também a nossa", afirmou Kirchner. "Estou certo de que isto será compreendido pelo meu amigo, o presidente do Brasil."
O ministro argentino da Economia, Roberto Lavagna, embarcou nesta tarde ao Brasil para tratar do assunto, e negou que o episódio possa abalar as já conturbadas relações comerciais entre os dois principais sócios do Mercosul (leia análise da revista EXAME sobre o erro estratégico da aposta brasileira no bloco econômico).
De acordo com o jornal La Nación, durante a visita de membros do governo argentino à planta da VW, Peter Hartz, vice-presidente da montadora, anunciou investimentos de 300 milhões de pesos para a fabricação de um novo modelo a partir do próximo ano. O projeto, segundo Hartz, vai gerar 400 novos empregos.
A assessoria da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que a entidade não vai se pronunciar sobre a nova barreira argentina ao livre comércio antes da reação oficial da diplomacia brasileira.