Economia

Juros dividem o mercado

A rolagem de 2 bilhões de dólares da dívida cambial que venceu nesta quinta-feira (16/1) foi o primeiro "teste" de mercado do novo governo. Ele foi aprovado. Agora, os analistas esperam o próximo passo: a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na semana que vem, quando será decidido o valor […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.

A rolagem de 2 bilhões de dólares da dívida cambial que venceu nesta quinta-feira (16/1) foi o primeiro "teste" de mercado do novo governo. Ele foi aprovado. Agora, os analistas esperam o próximo passo: a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na semana que vem, quando será decidido o valor da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 25% ao ano.

A reunião do Copom está sendo aguardada com ansiedade porque trata-se da melhor chance de o governo colocar em prática o discurso de austeridade monetária do ministro da Fazenda Antônio Palocci e do presidente do BC, Henrique Meirelles.

O mercado está dividido. Os relatórios dos analistas de bancos como Lloyds TSB e BBV Banco se limitam a descrever prós e contras do aumento, manutenção ou queda da taxa de juros. Nenhum arrisca um palpite.

De acordo com uma pesquisa de mercado feita pelo instituto de pesquisa e análise econômica Global Invest, 38% dos analistas de mercado prevêem uma manutenção da taxa de juros, 34% apostam na redução e 28% acham necessário aumentar a Selic nos próximos seis meses.

Em defesa da elevação dos juros, o principal argumento é que tal medida reforçaria o compromisso de Lula de combater a inflação. Como lembrou o relatório do Lloyds TSB, o núcleo da inflação (medido pelo IPCA) subiu mais um pouco em dezembro (foi para 1,34%, contra 1,32% em novembro) e elevou a média mensal do quarto trimestre de 2002 para 1,15% (contra 0,56% nos nove meses anteriores).

A última pesquisa Focus, feita pelo BC com o mercado financeiro, registrou aumento nas projeções para a inflação neste ano. De acordo com a análise de 100 economistas e consultorias, a inflação medida pelo IPCA fecha 2003 em 11,13%, contra 11% estimados na pesquisa divulgada na semana passada. O índice previsto para 2003 está acima do teto de inflação esperado pelo governo no acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A meta de inflação para este ano é de 4%, podendo oscilar 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

Além das expectativas de alta de inflação, o aumento da atividade produtiva também justifica o voto a favor da elevação da Selic. Há sinais de aumento da demanda por produtos siderúrgicos, por exemplo, e houve um expressivo aumento das vendas com cartão de crédito no final do ano - o que alimenta a possibilidade de recomposição de margens e lucro.

A parcela do mercado que acredita na estabilidade da Selic em 25% justifica sua aposta na queda do dólar. A moeda americana caiu 7,5% até o dia 14/1 e reduziu a principal fonte de pressão sobre os preços no curto prazo. Alguns analistas dizem, ainda, que a inflação mais elevada no último trimestre do ano passado consumiu a renda disponível do consumidor. Isso tenderia a reduzir, de agora em diante, os gastos. E parte da renda futura dos consumidores pode já estar comprometida com o pagamento das compras do final de 2002 ou com gastos normais do início de ano, como matrículas escolares e IPVA.

Para reforçar a opção pelos atuais 25%, os analistas mencionam que tanto Meirelles quanto Palocci já anunciaram que a meta inflacionária será mantida, mas o período para que seja atingida será mais longo. Isso diminui a exigência de maior agressividade na taxa básica de juros.

Menos forte entre os analistas, a opção pela baixa da taxa quase não se sustenta. A única justificativa é o estímulo à atividade produtiva e à redução dos encargos da dívida pública.

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