Economia

Juro básico deve subir se o dólar ficar acima de R$ 4

As medidas divulgadas pelo Banco Central na última sexta-feira (11/10) não devem, a princípio, alterar a taxa básica de juros, atualmente em 18% ao ano. Durante esta semana, a corrida eleitoral dividirá as atenções com o mercado de câmbio e os novos índices de inflação. O Banco Central, no entanto, surpreendeu o mercado e convocou […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.

As medidas divulgadas pelo Banco Central na última sexta-feira (11/10) não devem, a princípio, alterar a taxa básica de juros, atualmente em 18% ao ano. Durante esta semana, a corrida eleitoral dividirá as atenções com o mercado de câmbio e os novos índices de inflação. O Banco Central, no entanto, surpreendeu o mercado e convocou uma reunião extraordinária do Comitê de Política Monetária (Copom) para esta tarde, o que não acontecia desde 1999. Há a expectativa de que o Banco Central possa mudar a taxa Selic. A reunião mensal do Copom estava agendada para a próxima semana.

Boa parte do mercado apostava, até a manhã desta segunda-feira, que o BC não iria alterar a taxa básica de juros como medida para conter a inflação. Isso só deveria acontecer se a taxa de câmbio se estabilizar acima de 4 reais por dólar. "Caso a taxa de câmbio supere 4 reais por dólar, de forma sustentada, não se pode afastar a possibilidade de o BC optar por elevar os juros." Os atuais níveis de inflação de setembro divulgados na semana passada, perviam os analistas, (alta de 0,72% no IPCA e de 2,64% no IGP-DI de setembro) também não devem influenciar o Banco Central para mexer na taxa.

"Acreditamos que o BC trabalhe com uma inflação (IPCA) de 6,2% para 2003 - e câmbio de 3,80 reais -, a qual está abaixo do limite de tolerância de 6,5%. Assim, o BC não promoveria alteração dos juros, mesmo que isso signifique risco de enfraquecimento do regime de metas de inflação", afirmavam analistas do Credit Suisse First Boston (CSFB) antes do anúncio da reunião.

O Relatório de Inflação de setembro divulgado pelo BC mostra que o governo estima que o IPCA chegue a 6,7% em 2002 e 4,5% em 2003, além de assumir taxa de câmbio de 3,21 reais por dólar e taxa de juros estável em 18,00% ao ano.

A incerteza quanto à política econômica do próximo governo é outro motivo apontado pelos analistas. Uma alteração da taxa de juros neste momento de transição teria quase nenhum impacto no comportamento das variáveis econômicas daqui para frente.

O CSFB ressalta, entretanto, que se a taxa de câmbio superar os 4 reais de maneira sustentada - o que, de novo, parece pouco provável depois das medidas tomadas pelo banco na sexta-feira passada- é provável que a previsão do IPCA ultrapasse o limite dos 6,5%. Se o BC trabalhar com essa hipótese, que significaria não cumprir a meta de inflação pelo terceiro ano consecutivo, é possível que a equipe econômica eleve os juros. Neste caso, o CSFB estima um patamar superior máximo de 22% ao ano.

O comportamento da taxa de câmbio nos próximos dias, portanto, é fundamental para a definição do Copom. Já para novembro, o CSFB avalia que a "elevação dos juros pressupõe que a taxa de câmbio após as eleições permaneceria se depreciando". "Os juros adquirem certa irrelevância frente às incertezas sobre qual a política econômica a ser adotada pelo novo governo. Nesse sentido, continuamos atribuindo baixa probabilidade de o BC elevar os juros caso a taxa de câmbio permaneça abaixo de 4 reais por dólar.

As pressões de vencimento de dívida continuam. O BC tenta hoje rolar um vencimento do dia 17/10 de 3,6 bilhões de dólares. Deste total, 31% foram rolados até a última sexta-feira. O BC irá ofertar, de novo, contratos de swap de curtíssimo prazo, com vencimento em 1º de novembro (14.200), e de longo prazo, com vencimentos em 3 de julho de 2006 (4.300) e 2 de janeiro de 2006 (8.000).

O Brasil terá de pagar US$ 1,3 bilhão em obrigações soberanas externas no dia 15 de outubro (cerca de US$ 1,1 bilhão em juros e US$ 240 milhões em amortização de principal), o que deve levar a redução das reservas internacionais em mesma magnitude. As reservas internacionais do país estão atualmente em US$ 37,5 bilhões e as reservas líquidas ajustadas (conceito que exclui os recursos do FMI) estão em cerca de US$ 20 bilhões.

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