Japoneses idosos estão trocando seus diamantes por dinheiro
Os diamantes não são eternos no Japão, onde proprietários de joias estão trocando as peças que já não querem por dinheiro e enviando-as para China e Índia
Da Redação
Publicado em 25 de junho de 2015 às 22h31.
Nem sempre os diamantes são eternos. Pelo menos não no Japão onde, a um ritmo recorde, proprietários de joias estão trocando as peças que já não querem por dinheiro e enviando-as a compradores da China e da Índia.
O encanto dos anéis e brincos incrustados com gemas que faziam parte das modas de luxo nas décadas de 1980 e 1990 se desvaneceu à medida que a população foi envelhecendo e a economia definhando.
Em um país que não tem minas e que foi o segundo maior comprador há menos de uma década, as exportações de diamantes usados subiram 77 por cento neste ano, mostram dados do Ministério da Economia.
“Quero gastar esse dinheiro em viagens e jantares, em vez de simplesmente guardar o diamante no armário”, disse uma dona de casa de 64 anos que pediu para ser identificada apenas por seu primeiro nome, Mitsuko, depois de vender seu anel de 2 quilates na loja Komehyo Co., no agitado bairro de Shinjuku, em Tóquio.
Ela não quis revelar quanto obteve pelo anel e só disse que foi menos do que tinha pago há 30 anos.
À medida que a população diminui e a quantidade de aposentados aumenta, o Japão está observando uma expansão do mercado de bens de segunda mão, pois as pessoas estão se desfazendo de itens luxuosos adquiridos durante os anos de prosperidade.
A troca das pedras por ienes também se encaixa perfeitamente no plano do primeiro-ministro Shinzo Abe de estimular mais compras e menos gastos, pois o governo está tentando revigorar a economia que ainda não terminou de se recuperar da explosão da bolha dos preços de ativos no início da década de 1990.
Vida mais simples
Em 2013, aproximadamente 25 por cento da população tinha mais de 65 anos, em comparação com 12 por cento em 1990, de acordo com o órgão de estatísticas do Japão. Para algumas pessoas, como Mitsuko, a troca pelo dinheiro em espécie significa se livrar de bens desnecessários a fim de levar uma vida mais simples, um conceito conhecido como “danshari”.
Outros estão vendendo joias herdadas ou praticando “shukatsu” – a preparação para a própria morte, disse Shuzo Takamura, diretor executivo do Japan Re-Jewelry Council.
O mercado de bens usados cresceu anualmente cerca de 10 por cento desde 2009, chegando a 1,5 trilhão de ienes (US$ 12,1 bilhões), e as pessoas se sentem mais à vontade vendendo para lojas, disse Takamura.
O número de comerciantes aprovados de bens de segunda mão, como metais preciosos, joias e roupas, aumentou 23 por cento durante os últimos 10 anos, para 741.045, de acordo com dados da Agência Nacional de Polícia. Durante o mesmo período, a Komehyo, fundada na cidade de Nagoya em 1947, passou de apenas cinco lojas a ter 24.
Exportações recorde
A desvalorização do iene também está fazendo com que joias e diamantes japoneses fiquem mais atraentes para os compradores estrangeiros, de acordo com Naoto Owaki, gerente sênior do departamento de marketing e promoção de vendas da Komehyo.
A moeda caiu 18 por cento frente ao dólar nos últimos 12 meses, o pior desempenho em relação a essa moeda entre 12 de seus pares na Ásia.
As exportações japonesas de diamantes nos quatro primeiros meses de 2015 deram um salto de 77 por cento, para 38.032 quilates, em relação ao mesmo período do ano anterior, a maior quantidade desde 2007.
Além disso, o valor mais do que dobrou e atingiu o recorde de 3,01 bilhões de ienes, mostram dados do Ministério que remontam a 1988. A Índia e Hong Kong foram os principais compradores em termos de volume e cada um adquiriu um terço do total.
Grande parte da demanda na China está sendo impulsionada por uma classe média emergente, de acordo com Paul Gait, analista da Sanford C. Bernstein em Londres.
“O mercado chinês de joias com diamantes tem potencial para ser um enorme impulsionador do crescimento da demanda geral”, escreveu Gait em um relatório em abril.
Nem sempre os diamantes são eternos. Pelo menos não no Japão onde, a um ritmo recorde, proprietários de joias estão trocando as peças que já não querem por dinheiro e enviando-as a compradores da China e da Índia.
O encanto dos anéis e brincos incrustados com gemas que faziam parte das modas de luxo nas décadas de 1980 e 1990 se desvaneceu à medida que a população foi envelhecendo e a economia definhando.
Em um país que não tem minas e que foi o segundo maior comprador há menos de uma década, as exportações de diamantes usados subiram 77 por cento neste ano, mostram dados do Ministério da Economia.
“Quero gastar esse dinheiro em viagens e jantares, em vez de simplesmente guardar o diamante no armário”, disse uma dona de casa de 64 anos que pediu para ser identificada apenas por seu primeiro nome, Mitsuko, depois de vender seu anel de 2 quilates na loja Komehyo Co., no agitado bairro de Shinjuku, em Tóquio.
Ela não quis revelar quanto obteve pelo anel e só disse que foi menos do que tinha pago há 30 anos.
À medida que a população diminui e a quantidade de aposentados aumenta, o Japão está observando uma expansão do mercado de bens de segunda mão, pois as pessoas estão se desfazendo de itens luxuosos adquiridos durante os anos de prosperidade.
A troca das pedras por ienes também se encaixa perfeitamente no plano do primeiro-ministro Shinzo Abe de estimular mais compras e menos gastos, pois o governo está tentando revigorar a economia que ainda não terminou de se recuperar da explosão da bolha dos preços de ativos no início da década de 1990.
Vida mais simples
Em 2013, aproximadamente 25 por cento da população tinha mais de 65 anos, em comparação com 12 por cento em 1990, de acordo com o órgão de estatísticas do Japão. Para algumas pessoas, como Mitsuko, a troca pelo dinheiro em espécie significa se livrar de bens desnecessários a fim de levar uma vida mais simples, um conceito conhecido como “danshari”.
Outros estão vendendo joias herdadas ou praticando “shukatsu” – a preparação para a própria morte, disse Shuzo Takamura, diretor executivo do Japan Re-Jewelry Council.
O mercado de bens usados cresceu anualmente cerca de 10 por cento desde 2009, chegando a 1,5 trilhão de ienes (US$ 12,1 bilhões), e as pessoas se sentem mais à vontade vendendo para lojas, disse Takamura.
O número de comerciantes aprovados de bens de segunda mão, como metais preciosos, joias e roupas, aumentou 23 por cento durante os últimos 10 anos, para 741.045, de acordo com dados da Agência Nacional de Polícia. Durante o mesmo período, a Komehyo, fundada na cidade de Nagoya em 1947, passou de apenas cinco lojas a ter 24.
Exportações recorde
A desvalorização do iene também está fazendo com que joias e diamantes japoneses fiquem mais atraentes para os compradores estrangeiros, de acordo com Naoto Owaki, gerente sênior do departamento de marketing e promoção de vendas da Komehyo.
A moeda caiu 18 por cento frente ao dólar nos últimos 12 meses, o pior desempenho em relação a essa moeda entre 12 de seus pares na Ásia.
As exportações japonesas de diamantes nos quatro primeiros meses de 2015 deram um salto de 77 por cento, para 38.032 quilates, em relação ao mesmo período do ano anterior, a maior quantidade desde 2007.
Além disso, o valor mais do que dobrou e atingiu o recorde de 3,01 bilhões de ienes, mostram dados do Ministério que remontam a 1988. A Índia e Hong Kong foram os principais compradores em termos de volume e cada um adquiriu um terço do total.
Grande parte da demanda na China está sendo impulsionada por uma classe média emergente, de acordo com Paul Gait, analista da Sanford C. Bernstein em Londres.
“O mercado chinês de joias com diamantes tem potencial para ser um enorme impulsionador do crescimento da demanda geral”, escreveu Gait em um relatório em abril.