Itália: a Comissão Europeia afirma que o orçamento italiano não permitirá reduzir sua dívida de cerca de 130% do PIB (Alexander Shcherbak/Getty Images)
AFP
Publicado em 22 de novembro de 2018 às 16h06.
O governo italiano reiterou nesta quinta-feira (22) que não está disposto a modificar seu orçamento para 2019, apesar do rechaço formal da Comissão Europeia, abrindo caminho para possíveis sanções financeiras.
"Não estamos dispostos a renunciar a nada se for para defender os interesses dos italianos", garantiu o chefe do governo italiano Giuseppe Conte, questionado sobre as concessões que a Itália estaria disposta a fazer durante as negociações com a Comissão.
Conte, que lidera um governo de coalizão entre o movimento antissistema Movimento 5 Estrelas e a Liga, de extrema direita, repetiu que acredita "no diálogo" com o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, e os outros comissários com os quais ele se reunirá no sábado.
"Vou explicar-lhe que este é um orçamento concebido no interesse dos italianos e, claro, também da Europa. Portanto, não é um gesto de rebeldia ou desobediência às regras comuns", acrescentou Conte.
"Somos responsáveis, por trás desse orçamento, por trás de cada medida, há muito estudo", disse ele.
O chefe do governo salientou que a redução da dívida é um objetivo em comum com a Europa.
"Estamos trabalhando para reduzir" para simultaneamente "guiar o país rumo ao crescimento", acrescentou.
"Queremos um país mais competitivo (...). As receitas orientadas pela austeridade dos últimos anos falharam, esta é a nossa receita", reiterou.
O vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, líder da Liga e homem forte do chamado governo populista, foi ainda mais firma.
"Não daremos um passo atrás", alertou, ao se referir à reforma previdenciária.
"Não quero discutir com ninguém, mas se tiver que escolher entre Bruxelas e os italianos, a escolha é fácil. Exijo respeito pelos italianos", acrescentou.
A Comissão divulgou na véspera um informe detalhado no qual estima que o orçamento italiano não permitirá à terceira economia da zona do euro reduzir sua enorme dívida, de cerca de 130% do PIB.