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Ipea prevê crescimento de 0,2% em 2003

Para 2004, porém, órgão estima um aumento de 3,6% no PIB

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h19.

Os primeiros sinais do tal "espetáculo do crescimento" prometido pelo governo Lula para este segundo semestre deverão ser percebidos apenas em 2004, segundo as mais recentes projeções do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), órgão do Ministério do Planejamento. O boletim trimestral de conjuntura divulgado pelo instituto nesta quinta-feira, dia 4, apontou que a economia brasileira deve encerrar 2003 com um crescimento anual de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB). Em 2004, porém, o crescimento deverá ser de 3,6%, prevê o instituto.

A projeção para a variação do PIB em 2003 caiu em relação à previsão feita há três meses (alta de 0,5%), enquanto a do próximo ano é ligeiramente maior que a anterior (3,5%). A mudança nas projeções reflete a medição do PIB no último trimestre, afirma o economista Paulo Levy, coordenador do grupo de acompanhamento conjuntural do Ipea. O ajuste feito no país desde 2001 foi positivo para reverter a trajetória da inflação, mas teve implicações bem significativas no PIB.

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Segundo Levy, o ajuste causado pelas políticas monetária e fiscal bastante duras implantadas nestes três anos teve a mesma magnitude do acerto feito pelo governo há duas décadas. A atividade econômica nos últimos anos se contraiu tanto quanto na crise que vivemos entre 1981 e 1983, diz Levy. Ele lembra que, no início da década de 80, o ajuste foi sucedido de dois males que o atual governo deverá estar atento para evitar: uma forte recessão e uma aceleração violenta da inflação. Na época, tivemos um descontrole da inflação, diz Levy. As perspectivas para 2004 são mais positivas.

O economista do Ipea também disse que alguns indicadores já sugerem uma recuperação da economia em relação ao primeiro semestre. Essa melhoria até aqui, expressa na redução da taxa básica de juros, vai, segundo Levy, se intensificar no próximo ano. A recente queda do risco-país, por exemplo, deverá contribuir para a retomada dos fluxos de capitais externos e, em um segundo momento, para a queda na cotação da moeda americana. Em 2004, porém, o câmbio médio deverá continuar - pelos cálculos do Ipea - no mesmo patamar em que deverá fechar 2003, com o dólar valendo 3,10 reais (veja outras projeções no quadro abaixo).

Ao analisar a conjuntura de cada setor econômico, o Ipea prevê um crescimento menor na agropecuária (alta de 3% em 2004, contra 5,7% em 2003), uma retomada da indústria (crescimento de 4,8%, após queda de 0,7% em 2003) e um aumento no setor de serviços (2,7% de alta em 2004 e 0,2% neste ano). O crescimento de serviços é menor porque vem a reboque da atividade industrial, diz Levy. Ele destaca que o setor de construção civil, que tem um peso forte na medição do PIB, deve crescer muito em 2004. Isso porque o setor se retraiu muito nos últimos dois anos e porque novos mecanismos de financiamento à moradia devem fomentar a demanda interna.

A expectativa nas PPPs e nas reformas
O expressivo aumento do PIB previsto para 2004 também se justifica pela expectativa na implementação das Parcerias Público-Privadas (PPPs) em projetos de infra-estrutura no próximo ano. A volta dos gastos públicos e o investimento privado nesses projetos são decisivos, pois esse é um gargalo na economia, diz Levy. O economista do Ipea também considera que a aprovação das reformas poderá ter grande influência sobre o desempenho da economia nos próximos anos. O debate da reforma da Previdência é importante porque os benefícios podem ser valiosos na formação de uma poupança interna, diz Levy. Para ele, a criação da poupança interna é indispensável porque o fluxo de capitais externos será insuficiente para alavancar a expansão da economia. Um obstáculo para isso é a desigual distribuição de renda. A atual distribuição de renda conspira contra a elevação da poupança interna, diz Levy.

Baseado em cálculos do FMI que projetam um crescimento de vários países, o boletim do Ipea prevê um cenário internacional favorável à expansão da economia. Prevê-se, porém, um superávit menor na balança comercial em 2004: 19,5 bilhões de dólares (a previsão para este ano é um superávit de 24,1 bilhões de dólares). No ano que vem, as importações devem crescer mais que as exportações, afirma Levy. Nas transações correntes, o superávit de 2,4 bilhões de dólares previsto para este ano daria lugar a um déficit de 3,9 bilhões em 2004. Um déficit nessa conta só se torna um problema se ele não se sustenta no longo prazo, diz o economista.

Variação (em %)
2003
2004
PIB
0,2
3,6
Consumo privado
-3,6
4,9
Agropecuária
5,7
3,0
Indústria*
-0,7
4,8
Indústria geral
0,4
4,2
Serviços
0,2
2,7
IPCA
9,2
6,1
* critérios válidos na medição do PIB
Total (em bilhões de dólares)
Saldo da balança
24,1
19,5
Transações correntes
2,4
3,9
Real/Dólar
Câmbio médio
3,10
3,11
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