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IPCA termina 2006 em 3,14%, abaixo da meta de 4,5%

Boa oferta de produtos agrícolas e câmbio favorável influenciaram o resultado, mas permanece controvérsia sobre o impacto da política monetária na expansão do PIB

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.

Divulgado nesta sexta-feira (12/1), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2006 ficou em 3,14%. O IPCA é a referência oficial do governo para a meta de inflação - que, para este ano, era de 4,5%. O resultado é o menor desde o 1,65% registrado em 1998, e ficou 2,55 pontos percentuais aquém dos 5,69% acumulados em 2005. Se, por um lado, os analistas indicam que o resultado mostra o sucesso da política monetária adotada pelo Banco Central, por outro, ainda há críticas sobre o eventual excesso de zelo na administração dos juros, que teria impedido o país de crescer mais.

Segundo o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, o resultado deve ser comemorado como uma conquista da política monetária do país. "Isso mostra o sucesso do regime de metas. O Banco Central conseguiu reduzir significativamente a inércia da inflação brasileira", disse Rosa.

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Alguns números reforçam a avaliação. No ano passado, por exemplo, o primeiro relatório de mercado do BC mostrava que as instituições financeiras consultadas esperavam uma inflação de 4,5%, na média. Algumas chegavam a projetar um aumento de 5%. A situação, no início de 2007, é de mais otimismo. O primeiro relatório divulgado pelo BC traz uma expectativa de inflação de 4% - menos, portanto, com que o mercado abriu 2006. O peso dos preços administrados, como tarifas públicas, também deve ser menor. Em conjunto, espera-se que este item acumule alta de 4% - isto, em um ano sem eleições, no qual prefeitos e governadores tendem a aprovar reajustes de tarifas, a fim de evitar que o desgaste político os prejudique nas urnas. No começo de 2006, projetava-se alta de 4,6% nos preços administrados.

Contrapartida

Embora bem-sucedida no combate à inflação, a política monetária continua criticada pelo seu maior efeito colateral - as restrições ao crescimento econômico. Acima de toda a controvérsia sobre a dose e o verdadeiro peso dos juros na expansão econômica, o fato é que a queda das projeções de inflação, ao longo do ano, acompanhou a redução das expectativas de alta do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Em janeiro de 2006, as instituições financeiras esperavam que o Brasil crescesse 3,5% - num cenário em que os demais países emergentes já apontavam para avanços mais fortes. Agora, os economistas esperam um crescimento bem mais modesto - 2,73% para 2006 (os dados ainda não foram divulgados pelo IBGE). A previsão para 2007, por ora, é de 3,5%.

Fatores positivos

De acordo com o relatório divulgado nesta sexta-feira (12/1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a redução da taxa foi determinada principalmente pela combinação de uma boa safra agrícola e a influência do câmbio. "Produtos importantes, como a carne tiveram pouca procura mundial, o que fez com que os seus preços no Brasil caíssem pela grande oferta no nosso mercado", afirma Rosa. O analista, no entanto, não acredita que isso se repita em 2007, já que cresce a demanda global por milho para a produção do Etanol, o que deve também puxar os preços da soja e do trigo.

Outros fatores, como os itens administrados e os combustíveis também contribuíram para que o IPCA ficasse abaixo da meta. A telefonia fixa variou negativamente 0,83% em 2006. Já a gasolina não sofreu aumento nas refinarias, enquanto o reajuste nos postos de gasolina foi de apenas 2,3%.

Exerceram pressão no resultado do ano os planos de saúde, com alta de 12,3%, os salários dos empregados domésticos (10,73%) e as tarifas dos ônibus urbanos (8,11%). Belo Horizonte registrou inflação de 4,96%, sendo o maior índice dentre as regiões pesquisadas. A menor variação foi verificada em Curitiba (2,5%).

Dezembro

O índice de 0,48% ficou acima da variação de novembro (0,31%) e de dezembro de 2005 (0,36%). O resultado fica um pouco acima dos 0,45% esperados pelo mercado. A alta dos preços foi influenciada pelos preços administrados, em especial o reajuste da passagem dos transportes públicos de São Paulo e Rio de Janeiro. A pressão desses aumentos, segundo Newton Rosa, foi atenuada pela desaceleração dos preços da alimentação.

De acordo com o analista, altas pontuais devem permanecer em janeiro, já que os alimentos in natura normalmente aumentam de preço nesse período por causa das chuvas. São também esperados reajustes na educação, especialmente em fevereiro. A expectativa do mercado para o IPCA do primeiro mês de 2007 é de 0,35%.

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