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IPCA desacelera alta a 0,47% em março

Mas isso não impediu que o índice acumulado em 12 meses rompesse o teto da meta de inflação

Alexandre Tombini: o presidente do BC repetiu nesta quarta-feira que a autoridade monetária está acompanhando a evolução macroeconômica para definir os próximo passos da política monetária. (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2013 às 17h54.

Rio de Janeiro/São Paulo - A inflação oficial brasileira desacelerou em março para o menor nível em sete meses, beneficiada pela forte desaceleração do grupo Educação e com uma menor propagação da alta dos preços pela economia, mas isso não impediu que o índice acumulado em 12 meses rompesse o teto da meta de inflação.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA ) subiu 0,47 % em março, ante 0,60 % em fevereiro, acumulando alta de 6,59 % em 12 meses, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em fevereiro, o índice acumulava alta de 6,31 % em 12 meses.

Os resultados vieram um pouco abaixo do esperado pelo mercado, levando à queda dos contratos futuros de juros e reforçando a perspectiva dos agentes econômicos de que a Selic será elevada em maio, e não na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem.

"Com esses números hoje, o BC ganha um pouco mais de tempo, diminui as chances de uma alta em abril, não só porque ficou abaixo de fevereiro, mas porque o índice de difusão continua a cair", disse Enestor dos Santos, economista do BBVA em Madri O índice de difusão do IPCA caiu para 69 % em março, ante 72,3 % em fevereiro, de acordo com cálculos de economistas.

"A probabilidade de que o BC tenha que aumentar o juro é alta, mas a gente continua achando que vão tentar encontrar boas notícias", acrescentou Santos.

Analistas ouvidos pela Reuters estimavam alta de 0,50 % do IPCA em março e de 6,62 % no acumulado em 12 meses.

A meta de inflação do governo é de 4,5 %, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Educação e alimentos

Segundo o IBGE, o principal responsável pela desaceleração do IPCA em março foi o grupo Educação, que passou de uma alta 5,4 % em fevereiro, para 0,56 em março. Mas dos nove grupos que compõem o índice, sete mostraram desaceleração no mês passado.


O grupo Alimentação e Bebidas, apontado pelo ministro da Fazenda como o vilão da inflação, desacelerou a alta, em um movimento que pode estar relacionado à desoneração da cesta básica.

Segundo o IBGE, embora seja difícil identificar especificamente a causa da queda de cada produto, há movimentos que sinalizam que a redução de impostos no início de março apresentou seus primeiros sinais.

"Deu para sentir a desoneração em março, mas não foi só ela. Teve ajuda também do clima e da safra 12 % maior esse ano", afirmou a jornalistas a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.

Os grupos que mostraram aceleração mensal nos preços em março foram Comunicação e Habitação. Segundo o IBGE, a alta de habitação está diretamente ligada ao fim do efeito da queda das tarifas de energia elétrica.

Para abril, o IBGE espera uma menor pressão dos alimentos, mas alta de preços monitorados ou administrados pelo governo.

Entre outros, o IPCA deve captar os aumentos nas tarifas de metrô no Rio de Janeiro (9,4 % a partir de 2 abril) e táxi em Belo Horizonte (6 % em 23 de março).

A expectativa de analistas é que a inflação acumulada em 12 meses, depois de romper o teto da meta em março, desacelere ao longo do ano.

"O que aponta para desaceleração em 12 meses no segundo semestre é a substituição de taxas muitos altas vistas no ano passado entre julho e outubro. Dificilmente veremos taxas tão altas agora, e isso pode ajudar o IPCA a desacelerar em 12 meses", disse o economista da LCA, Fábio Romão, calculando que o IPCA ficará em 0,42 % em abril, com 6,36 % em 12 meses.

Política monetária

O mercado aguardava com ansiedade a divulgação do IPCA de março para cravar suas apostas sobre o esperado início de um ciclo de altas da taxa básica de juros, hoje na mínima histórica de 7,25 % ao ano. Segundo a última pesquisa Focus do BC, os agentes econômicos apostavam que a Selic fecharia 2013 em 8,50 %.

"Acho que isso dará espaço para o BC e ele elevará a Selic apenas em maio. O BC pode ver os dados de março como sinais de que a inflação está desacelerando e pode querer esperar para ver os dados de abril", avaliou o economista-chefe da SulAmérica Investimentos Newton Rosa.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, repetiu nesta quarta-feira que a autoridade monetária está acompanhando a evolução macroeconômica para definir os próximo passos da política monetária.

Já ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse a jornalistas que o governo "não poupará medidas para controlar a inflação", e ressaltou que espera que a inflação continue em trajetória de queda.

Veja abaixo a variação dos grupos na comparação mensal:

GrupoMarçoFevereiroImpacto março (p.p.)
Alimentação e Bebidas+1,14%1,45%0,28
Habitação+0,51%-2,38%0,07
Artigos de Residência0,11%+0,53%0,00
Vestuário0,15%+0,55%0,01
Transportes-0,09%+0,81%-0,02
Saúde e Cuidados Pessoais0,32%+0,65%0,04
Despesas Pessoais0,54%+0,57%0,06
Educação+0,56%5,40%0,03
Comunicação0,13%+0,10%0,01
Índice Geral+0,47%+0,60%0,47

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Rio de Janeiro/São Paulo - A inflação oficial brasileira desacelerou em março para o menor nível em sete meses, beneficiada pela forte desaceleração do grupo Educação e com uma menor propagação da alta dos preços pela economia, mas isso não impediu que o índice acumulado em 12 meses rompesse o teto da meta de inflação.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA ) subiu 0,47 % em março, ante 0,60 % em fevereiro, acumulando alta de 6,59 % em 12 meses, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em fevereiro, o índice acumulava alta de 6,31 % em 12 meses.

Os resultados vieram um pouco abaixo do esperado pelo mercado, levando à queda dos contratos futuros de juros e reforçando a perspectiva dos agentes econômicos de que a Selic será elevada em maio, e não na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem.

"Com esses números hoje, o BC ganha um pouco mais de tempo, diminui as chances de uma alta em abril, não só porque ficou abaixo de fevereiro, mas porque o índice de difusão continua a cair", disse Enestor dos Santos, economista do BBVA em Madri O índice de difusão do IPCA caiu para 69 % em março, ante 72,3 % em fevereiro, de acordo com cálculos de economistas.

"A probabilidade de que o BC tenha que aumentar o juro é alta, mas a gente continua achando que vão tentar encontrar boas notícias", acrescentou Santos.

Analistas ouvidos pela Reuters estimavam alta de 0,50 % do IPCA em março e de 6,62 % no acumulado em 12 meses.

A meta de inflação do governo é de 4,5 %, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Educação e alimentos

Segundo o IBGE, o principal responsável pela desaceleração do IPCA em março foi o grupo Educação, que passou de uma alta 5,4 % em fevereiro, para 0,56 em março. Mas dos nove grupos que compõem o índice, sete mostraram desaceleração no mês passado.


O grupo Alimentação e Bebidas, apontado pelo ministro da Fazenda como o vilão da inflação, desacelerou a alta, em um movimento que pode estar relacionado à desoneração da cesta básica.

Segundo o IBGE, embora seja difícil identificar especificamente a causa da queda de cada produto, há movimentos que sinalizam que a redução de impostos no início de março apresentou seus primeiros sinais.

"Deu para sentir a desoneração em março, mas não foi só ela. Teve ajuda também do clima e da safra 12 % maior esse ano", afirmou a jornalistas a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.

Os grupos que mostraram aceleração mensal nos preços em março foram Comunicação e Habitação. Segundo o IBGE, a alta de habitação está diretamente ligada ao fim do efeito da queda das tarifas de energia elétrica.

Para abril, o IBGE espera uma menor pressão dos alimentos, mas alta de preços monitorados ou administrados pelo governo.

Entre outros, o IPCA deve captar os aumentos nas tarifas de metrô no Rio de Janeiro (9,4 % a partir de 2 abril) e táxi em Belo Horizonte (6 % em 23 de março).

A expectativa de analistas é que a inflação acumulada em 12 meses, depois de romper o teto da meta em março, desacelere ao longo do ano.

"O que aponta para desaceleração em 12 meses no segundo semestre é a substituição de taxas muitos altas vistas no ano passado entre julho e outubro. Dificilmente veremos taxas tão altas agora, e isso pode ajudar o IPCA a desacelerar em 12 meses", disse o economista da LCA, Fábio Romão, calculando que o IPCA ficará em 0,42 % em abril, com 6,36 % em 12 meses.

Política monetária

O mercado aguardava com ansiedade a divulgação do IPCA de março para cravar suas apostas sobre o esperado início de um ciclo de altas da taxa básica de juros, hoje na mínima histórica de 7,25 % ao ano. Segundo a última pesquisa Focus do BC, os agentes econômicos apostavam que a Selic fecharia 2013 em 8,50 %.

"Acho que isso dará espaço para o BC e ele elevará a Selic apenas em maio. O BC pode ver os dados de março como sinais de que a inflação está desacelerando e pode querer esperar para ver os dados de abril", avaliou o economista-chefe da SulAmérica Investimentos Newton Rosa.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, repetiu nesta quarta-feira que a autoridade monetária está acompanhando a evolução macroeconômica para definir os próximo passos da política monetária.

Já ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse a jornalistas que o governo "não poupará medidas para controlar a inflação", e ressaltou que espera que a inflação continue em trajetória de queda.

Veja abaixo a variação dos grupos na comparação mensal:

GrupoMarçoFevereiroImpacto março (p.p.)
Alimentação e Bebidas+1,14%1,45%0,28
Habitação+0,51%-2,38%0,07
Artigos de Residência0,11%+0,53%0,00
Vestuário0,15%+0,55%0,01
Transportes-0,09%+0,81%-0,02
Saúde e Cuidados Pessoais0,32%+0,65%0,04
Despesas Pessoais0,54%+0,57%0,06
Educação+0,56%5,40%0,03
Comunicação0,13%+0,10%0,01
Índice Geral+0,47%+0,60%0,47
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