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Inflação está muito alta, afirma BC

O terceiro Relatório de Inflação do ano aponta a estabilização dos núcleos de inflação em patamares elevados e mostra preocupação com a ampliação da capacidade produtiva

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h38.

Mesmo descontada a pressão sazonal, a inflação tem se mantido em patamares elevados, indicando uma tendência que precisa ser corrigida, por ser incompatível com as metas do Banco Central (BC). Este é um dos principais pontos do terceiro Relatório de Inflação do ano (clique aqui para ler a íntegra, em formato pdf), análise elaborada pelo BC e divulgada nesta quinta-feira (30/9).

Ainda que reconheça a influência dos preços monitorados e administrados por contrato de concessão - como é o caso da telefonia e energia elétrica - e também dos alimentos in natura sobre as altas inflacionárias recentes, o BC mostra preocupação com o resultado das medições que expurgam esses componentes, e mesmo assim, permanecem elevadas. Também há um nítido incômodo com a "deterioração das expectativas dos agentes privados" e com a diferença entre as altas no atacado e os reajustes no comércio. Esse intervalo não é sustentável e deve "impactar os próximos resultados dos índices de preços ao consumidor" (o último IGP-M trouxe boas notícias neste capítulo).

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O documento revisa a estimativa de crescimento do PIB em 2004 para 4,4%, 0,9 ponto percentual acima da projeção do relatório anterior. Esse avanço da economia é visto pelo BC como início de um ciclo dotado decontinuidade- algo que os ciclos anteriores não tiveram. Essa sustentabilidade, diz o BC, é fruto de um quadro consolidado de controle da inflação, responsabilidade fiscal, bom resultado da conta corrente no balanço de pagamentos, câmbio real alinhado pelas forças de mercado e sustentabilidade da dívida pública (com queda na relação dívida/PIB de 3,4 pontos percentuais no decorrer de 2004). Outra característica da retomada, para o BC, é o crescente papel da recomposição de renda e emprego em sua dinâmica, que não depende mais exclusivamente do vigor das exportações e da expansão do crédito.

A ressalva no texto é direcionada para a necessidade de ampliação da capacidade produtiva, uma vez que o aumento contínuo do nível de utilização da capacidade instalada das indústrias "desperta inquietações por sua magnitude e abrangência setorial" (leia reportagem do Portal EXAME sobre a queda de capacidade ociosa nas indústrias). O BC deixa claro que está monitorando a redução da ociosidade, porque "tende a se refletir gradualmente na dinâmica dos preços" e espera a consolidação de um ambiente favorável aos negócios e aos novos investimentos.

O texto aponta para uma "melhora considerável" nos mercados financeiros internacionais, decorrente do crescimento econômico nos Estados Unidos em ritmo mais lento do que o esperado, dando margem para que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, cumpra seu programa de incremento dos juros básicos em um ritmo suave. Ao mesmo tempo, a perspectiva mais favorável quanto ao crescimento da economia mundial no segundo semestre de 2004, a despeito das altas do petróleo, deve contribuir para "significativos resultados comerciais" do Brasil, mesmo com o avanço das importações decorrente da retomada da economia brasileira.

O BC deixa claro que o impacto do preço do petróleo sobre as economias mais desenvolvidas é "até agora" limitado, especialmente quando se compara com episódios passados (leia reportagem da revista EXAME sobre as crises do petróleo). No Brasil, o relatório reitera que a condução da política monetária já incorpora em sua projeções "alguma margem" para impactos inflacionários de aumentos dos combustíveis. O problema é a volatilidade do mercado internacional que "ainda não permite discernir com clareza uma tendência firme para as cotações".

Diante desse quadro, o relatório reafirma os termos da da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), pela qual a política monetária será calibrada para que a inflação em 2005 seja de 5,1%. A nova mira do BC corresponde à meta central de 4,5% em 2005 adicionada a 0,6 ponto percentual de "acomodação" da inércia inflacionária que será carregada de 2004 para 2005. Com base em um "cenário de referência", o resultado da inflação de 2004, admite o BC, deve ser de 7,2%, 1,7 ponto percentual acima da meta de 5,5% e apenas 0,8 ponto percentual abaixo do teto tolerado, de 8%. O resultado para 2005 seria de 5,6%, portanto acima da nova meta da instituição. A hipótese de trabalho do BC é de uma Selic de 16,25% ao ano e taxa de câmbio constante em 2,9 reais por dólar.

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