Secretário do Tesouro se pronuncia sobre inflação no Brasil
"Mundo inteiro fez política fiscal expansionista, isso acaba se refletindo na inflação de todos. No Brasil, em particular, teve choque adicional da questão hídrica", afirmou Funchal
Reuters
Publicado em 25 de setembro de 2021 às 08h22.
Última atualização em 25 de setembro de 2021 às 09h25.
A inflação é um problema temporário restrito a este ano, avaliou nesta sexta-feira o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, complementando que o Banco Central está tomando as devidas medidas para conter o aumento de preços na economia.
Funchal também destacou que as previsões são de que haverá convergência do IPCA para nível próximo da meta em 2022.
"Mundo inteiro fez política fiscal expansionista bastante forte em 2020, isso acaba se refletindo na inflação de todos. No Brasil, em particular, teve choque adicional da questão hídrica", afirmou ele, ressaltando que o aumento da energia acabou "amplificando" a inflação.
O BC levou os juros básicos em 1 ponto nesta semana, a 6,25% ao ano, e indicou que deverá repetir a dose em outubro, dando sequência ao seu agressivo ciclo de elevação na Selic em meio a uma inflação que tem se mostrado mais persistente e disseminada.
Mais cedo nesta sexta-feira, o IBGE divulgou que o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, bateu em 10,05% nos 12 meses até setembro. A meta oficial para este ano é muito mais baixa, de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.
Sobre o aumento da Selic que está sendo conduzido pelo BC, Funchal afirmou que a taxa básica ainda está muito abaixo do seu nível histórico.
"Ano passado também foi um ano muito atípico, uma Selic de 2% é muito atípica, a gente reduziu muito o nosso custo da dívida", disse.
"Mesmo com juros mais altos, ainda assim (isso) está muito abaixo do histórico. Então assim: preferíamos que estivesse menor? Preferíamos. Mas não é nada que preocupe", completou.
Funchal pontuou que, na ponta longa, a taxa de juros está elevada pela existência de prêmios de risco ligados a temores fiscais.
"Se a gente fizer nosso dever de casa, equacionar problema dos precatórios, reduzir as incertezas, essa curva vai tender a baixar, os juros vão baixar e vai ficar mais barato (o Tesouro se financiar)", frisou.