Inflação alta rende R$ 33,4 bi à RF no primeiro semestre
Entre janeiro e junho deste ano, recursos provenientes da inflação representaram mais da metade do superávit primário do governo central prometido por Mantega
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2013 às 15h32.
Brasília - Inimiga número 1 do governo Dilma Rousseff, a inflação alta tem, por outro lado, auxiliado a equipe econômica a cumprir a meta fiscal. O aumento dos preços rendeu R$ 33,4 bilhões à Receita Federal no primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado.
As estimativas foram feitas, a pedido do jornal O Estado de S. Paulo, por técnicos envolvidos em questões orçamentárias e tributárias das consultorias do Senado e da Câmara, e chancelados por fontes da equipe econômica. Ao longo do ano passado, a inflação engordou os cofres do governo em R$ 50,5 bilhões. O crescimento da economia, mais R$ 2,6 bilhões.
Entre janeiro e junho deste ano, os recursos provenientes da inflação representaram mais da metade do superávit primário do governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência) prometido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para este ano.
A meta original, de poupar o equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para pagar os juros da dívida pública, foi abandonada cedo. Mas desde maio o governo promete que vai economizar 2,3% do PIB ao longo deste ano.
Essa meta só será atingida por uma economia de R$ 65,7 bilhões (ou 1,3% do PIB) do governo central e outro 1% do PIB por Estados e municípios. Com uma economia que cresce muito pouco há quase três anos, a arrecadação tem esfriado ano a ano, ao passo que a inflação tem sustentado a entrada de recursos nos cofres da Receita.
Mais caros
Esse "efeito preço", como os economistas chamam o aumento da arrecadação decorrente da inflação, ocorre quando o recolhimento de impostos aumenta porque os preços dos produtos, dos serviços e do trabalho foi reajustado. Ao encarecer os produtos, a inflação eleva a base de tributação, ao mesmo tempo em que reduz o poder de compra do consumidor. Ou seja: a inflação "sempre ajuda" a arrecadação, mas como na gestão Dilma Rousseff os preços têm crescido mais que no governo Lula, essa "ajuda" tem sido maior.
Já o aumento da arrecadação por "efeito quantidade", que representa PIB, importações e vendas do comércio, acumulou apenas R$ 2,3 bilhões no primeiro semestre - apesar de ser uma contribuição pequena para a meta fiscal, esse dado de janeiro a junho é bem próximo de todo o ano passado.
O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, diz que é "extremamente perigosa" essa trajetória da arrecadação, onde o impacto positivo da inflação é maior que o negativo. Segundo ele, o governo deve focar em medidas para acelerar o ritmo da atividade econômica, que traria como consequência o aumento de receitas.
"O ideal seria que as pessoas pagassem mais impostos porque estão ficando mais ricas e não porque a inflação corrói uma parte cada vez maior do que gastam", resume o professor Marcelo Portugal, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Procurada, a Receita afirmou em nota que não faz "estudos para avaliar os efeitos da inflação sobre a arrecadação", e diz que "as estimativas dos impactos inflacionários são levadas em consideração apenas nas projeções de receitas futuras". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Brasília - Inimiga número 1 do governo Dilma Rousseff, a inflação alta tem, por outro lado, auxiliado a equipe econômica a cumprir a meta fiscal. O aumento dos preços rendeu R$ 33,4 bilhões à Receita Federal no primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado.
As estimativas foram feitas, a pedido do jornal O Estado de S. Paulo, por técnicos envolvidos em questões orçamentárias e tributárias das consultorias do Senado e da Câmara, e chancelados por fontes da equipe econômica. Ao longo do ano passado, a inflação engordou os cofres do governo em R$ 50,5 bilhões. O crescimento da economia, mais R$ 2,6 bilhões.
Entre janeiro e junho deste ano, os recursos provenientes da inflação representaram mais da metade do superávit primário do governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência) prometido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para este ano.
A meta original, de poupar o equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para pagar os juros da dívida pública, foi abandonada cedo. Mas desde maio o governo promete que vai economizar 2,3% do PIB ao longo deste ano.
Essa meta só será atingida por uma economia de R$ 65,7 bilhões (ou 1,3% do PIB) do governo central e outro 1% do PIB por Estados e municípios. Com uma economia que cresce muito pouco há quase três anos, a arrecadação tem esfriado ano a ano, ao passo que a inflação tem sustentado a entrada de recursos nos cofres da Receita.
Mais caros
Esse "efeito preço", como os economistas chamam o aumento da arrecadação decorrente da inflação, ocorre quando o recolhimento de impostos aumenta porque os preços dos produtos, dos serviços e do trabalho foi reajustado. Ao encarecer os produtos, a inflação eleva a base de tributação, ao mesmo tempo em que reduz o poder de compra do consumidor. Ou seja: a inflação "sempre ajuda" a arrecadação, mas como na gestão Dilma Rousseff os preços têm crescido mais que no governo Lula, essa "ajuda" tem sido maior.
Já o aumento da arrecadação por "efeito quantidade", que representa PIB, importações e vendas do comércio, acumulou apenas R$ 2,3 bilhões no primeiro semestre - apesar de ser uma contribuição pequena para a meta fiscal, esse dado de janeiro a junho é bem próximo de todo o ano passado.
O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, diz que é "extremamente perigosa" essa trajetória da arrecadação, onde o impacto positivo da inflação é maior que o negativo. Segundo ele, o governo deve focar em medidas para acelerar o ritmo da atividade econômica, que traria como consequência o aumento de receitas.
"O ideal seria que as pessoas pagassem mais impostos porque estão ficando mais ricas e não porque a inflação corrói uma parte cada vez maior do que gastam", resume o professor Marcelo Portugal, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Procurada, a Receita afirmou em nota que não faz "estudos para avaliar os efeitos da inflação sobre a arrecadação", e diz que "as estimativas dos impactos inflacionários são levadas em consideração apenas nas projeções de receitas futuras". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.