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Indústrias de máquinas antecipam férias coletivas por greve caminhoneiros

De acordo com presidente da Abimaq, José Velloso, algumas companhias também avaliam possibilidade de demissões

Indústria de máquinas: paralisação prejudicou desde o fornecimento de insumos para produção até a exportação de produtos (Jean-Francois Monier/AFP)
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Reuters

Publicado em 30 de maio de 2018 às 21h11.

São Paulo - Setores da indústria de máquinas e equipamentos anteciparam férias coletivas devido aos efeitos da greve dos caminhoneiros , que afetou toda a cadeia, disse nesta quarta-feira o presidente da entidade que representa o setor, Abimaq, José Velloso.

"Noventa e três por cento dos nossos associados relataram algum tipo de impacto devido à greve dos caminhoneiros", disse Velloso a jornalistas. "Algumas empresas conseguiram negociar com sindicatos de trabalhadores e anteciparam férias coletivas. Outras estão falando em possibilidade demissões".

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Esta quarta-feira marcou o décimo dia do movimento deflagrado na semana passada. Embora tenha refluído gradualmente desde a véspera, a paralisação causou desdobramentos tais que, segundo empresários de vários setores da economia, devem levar até dois meses para serem totalmente normalizados.

Segundo Velloso, a paralisação provocada pelos caminhoneiros prejudicou desde o fornecimento de insumos para produção até a exportação de produtos, passando inclusive pela falta de alimentos para trabalhadores.

O movimento acontece justamente no momento em que a indústria de máquinas esboça recuperação, após vários anos acusando os efeitos de recessão econômica e volatilidade cambial. A entidade divulgou nesta quarta-feira que o consumo de máquinas e equipamentos no Brasil em 2018 até abril cresceu 3,6 por cento ante mesma etapa do ano passado, encerrando um período de 51 meses consecutivos de queda.

A indústria brasileira de máquinas e equipamentos teve faturamento de 6,04 bilhões de reais em abril, alta de 19,2 por cento sobre um ano antes. No acumulado de 2018 até abril, o faturamento do segmento somou 22,1 bilhões de reais, avanço de 5,4 por cento contra mesmo intervalo de 2017.

O crescimento foi impulsionado principalmente pelas importações, que cresceram 28,7 por cento nos primeiros quatro meses do ano, com ajuda do câmbio, dada a desvalorização superior a 10 por cento do real em relação ao dólar.

"Nos patamares atuais, nossa indústria ficou mais competitiva", disse Velloso.

Política de preços da Petrobras

O presidente da Abimaq afirmou que as concessões feitas pelo governo para os caminhoneiros, como congelamento temporário dos preços do diesel, são inócuas, porque o mercado tem um excesso de caminhões em circulação.

"Os caminhoneiros não vão conseguir recompor margens porque há caminhões demais no mercado", disse Velloso. "Isso vai acabar pressionando de novo os preços dos fretes".

O presidente da Abimaq ainda criticou a política recente da Petrobras de atualizar preços dos combustíveis frequentemente, acompanhando a variação dos preços internacionais do petróleo e mudanças do câmbio.

"A matriz de custos da Petrobras não é toda em dólar", disse Velloso. "A política do governo anterior de segurar preços era errada, mas a empresa não pode recuperar sua capitalização de mercado destruindo seus clientes", disse.

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