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Indústria gera 52% da riqueza do estado de São Paulo

Pesquisa da Seade avaliou 42 mil empresas da indústria, comércio e serviços e encontrou grande interdependência entre os setores

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h43.

O setor industrial responde por 52,17% do total de riqueza produzida pelo estado de São Paulo, à frente das empresas de serviços (38,86%) e do comércio (8,97%), de acordo com a Pesquisa da Atividade Econômica Paulista (Paep), da Fundação Seade, divulgada nesta terça-feira (15/6). O levantamento, que considerou dados de 2001, mostra que o valor total agregado pelos paulistas no Produto Interno Bruto (PIB) foi de 250 bilhões de reais, ou 20% do total nacional daquele ano.

Segundo o economista Miguel Matteo, um dos coordenadores do Paep, as grandes companhias, com 500 ou mais funcionários, geraram quase 70% do valor agregado pelo setor em 2001, apesar de representarem cerca de 10% do universo pesquisado. As que empregavam de 100 a 499 funcionários geraram 20% e o restante ficou distribuído entre as micro (5 a 29 funcionários) e pequenas (30 a 99 funcionários) empresas.

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Emprego

A pesquisa também põe em dúvida a impressão geral de que micro e pequenas indústrias geram mais empregos que as grandes companhias. Em 2001, cerca de 40% dos trabalhadores do setor estavam em grandes empresas; perto de 25%, em companhias de 100 a 499 empregados. As microempresas responderam por pouco mais de 20% da mão-de-obra. "No setor industrial, pequenas empresas não puxam tanto o nível de emprego como se supunha", disse Matteo. O economista admite, porém, que a pesquisa pode conter distorções, por excluir microempresas que têm de 1 a 4 funcionários.

A primeira pesquisa da Seade foi realizada entre 1997 e 1998, com ano base de 1996. Apesar de liderar em valor adicionado, a indústria paulista perdeu empregos entre 1996 e 2001. Há três anos, o contingente empregado pelo setor era de 1,92 milhão de pessoas, 12% menos que os 2,18 milhões apontados pela Seade em 1996. A Paep só contabilizou os empregos formais.

Exportações em alta

Entre 1996 e 2001, segundo Matteo, o que se nota é a queda de todos os setores industriais ligados a bens de consumo na participação do valor adicionado. "Isso foi reflexo da redução da massa salarial", disse. Fumo, couro e calçados, móveis, têxtil, produtos de impressão e edição são alguns dos setores que mais caíram em cinco anos.

O incremento das exportações se refletiu na expansão de outros setores, como o de equipamentos de transporte (onde a pesquisa alocou a Embraer), metalurgia básica e automotivo. A crise energética, que culminou no racionamento a partir do segundo semestre de 2001, também aumentou a geração de valor em outro segmento: o de materiais elétricos. Já o aumento dos preços internacionais contribuiu para que o setor de refino de petróleo e álcool ampliasse sua geração de valor entre 1996 e 2001.

Outros setores

A força da indústria paulista puxa também os demais setores. "A maior parte do valor adicionado pelo setor de serviços vem de segmentos ligados à indústria", disse Matteo. Dos oito segmentos de serviços que mais agregaram valor naquele ano, seis eram atrelados ao ramo industrial: serviços auxiliares à empresa (como vigilância e limpeza); transporte; serviços técnicos (advocacia, contabilidade, engenharia); telecomunicações; energia, gás e água; e atividades de informática.

No setor de comércio, a pesquisa encontrou equilíbrio entre micro e grandes empresas. Cada uma contribuiu, em 2001, com uma parcela de pouco mais de 30% do valor agregado pelo setor. Quem perdeu foram as companhias de porte intermediário. "Parece que o comércio está se concentrando nas pontas: ou é muito grande, ou muito pequeno", disse Matteo.

Em relação ao contingente empregado, porém, o comércio se comporta de maneira oposta à da indústria: microempresas (com até 9 funcionários) respondem por quase 90% da mão-de-obra. As grandes empresas, com mais de 100 funcionários, ocupam menos de 5% dos trabalhadores do setor. Matteo ressalta, porém, que o setor industrial privilegia as relações assalariadas, enquanto ainda há grande número de relações familiares no comércio, tornando os vínculos mais informais.

O setor de comércio também cortou vagas entre 1996 e 2001. Na primeira versão da pesquisa, o contingente ocupado era de 2,07 milhões. Em 2001, baixou 7%, para 1,92 milhão.

A pesquisa selecionou 42 mil endereços de empresas no estado. Segundo o economista, essa amostra é representativa de um universo de 794.283 companhias, entre indústria, comércio, serviços, construção civil, bancos e instituições financeiras. Bancada pelo governo estadual e por diversas entidades empresariais, o Paep envolveu 1.600 pesquisadores e custou cerca de 9 milhões de reais.

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