Economia

Indústria do futuro vai gerar desemprego, alertam especialistas

Apesar do ganho de produtividade, a quarta revolução – alavancada pelos robôs, sensores e tecnologia da informação – deve ter outras consequências

Tecnologia: o processo já ocorreu, por exemplo, com a mecanização da agricultura (Jeff J. Mitchell/Getty Images)

Tecnologia: o processo já ocorreu, por exemplo, com a mecanização da agricultura (Jeff J. Mitchell/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 19 de julho de 2017 às 13h09.

A preocupação com o desemprego que será gerado com uso de tecnologias na indústria do Brasil foi tema de debate hoje (19) durante o Fórum Indústria 4.0, realizado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo.

A quarta revolução na indústria, alavancada pelos robôs, sensores e tecnologia da informação, promoverá ganho de produtividade.

Segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no país ficou em 13,3% no trimestre encerrado em maio. O contingente de desocupados no Brasil é de 13,8 milhões de pessoas.

João Alfredo Delgado, diretor de tecnologia da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), disse que o profissional do futuro precisa de qualidades como talento e raciocínio. "Vai ter outro tipo de emprego e aí está o problema. Teremos um estoque de pessoas, talvez não qualificadas", afirmou.

Problema social

Para ele, pode-se fazer uma relação com a mecanização da agricultura, onde até os tratores passaram a dispensar um condutor humano.

"Nas cidades, sofremos com milhões de pessoas entrando sem emprego. É um sério problema social. O Brasil vai sofrer mais porque o país tem um contingente de trabalhadores despreparados", acentuou.

Segundo Fernando Pimentel, presidente do conselho de administração da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o setor pode ser fortemente afetado pela tecnologia. Do total de 1,5 milhão de empregos, 1,2 milhão atua na manufatura do vestuário.

Pimentel defende que não haja retrocessos por receio de aumento no desemprego e que o país invista na educação. "Não podemos esperar o Brasil ficar pronto. A solução é o país ter políticas macroeconômicas mais consistentes", disse.

Márcio Girão, diretor de inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), cita a necessidade de atualização nos currículos das escolas técnicas e de engenharia. "Há um abismo na educação, precisamos de mais inclusão digital", observou.

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