Indústria de alta tecnologia amplia sua produção pela primeira vez desde 2018
Aeronaves, veículos automotores, produtos farmacêuticos, máquinas, por exemplo, impulsionam reação de alta após seis anos variando entre a estabilidade e o encolhimento
Repórter
Publicado em 26 de dezembro de 2024 às 12h29.
Aeronaves, veículos automotores, produtos farmacêuticos, máquinas e equipamentos estão entre os segmentos que têm impulsionado a recuperação da indústria de alta tecnologia no Brasil.
Após seis anos de estabilidade ou retração, o setor registrou crescimento no acumulado de janeiro a setembro de 2024, de 4,0%. A primeira expansão significativa desde 2018, de acordo com o novo levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
De 2019 a 2023, o segmento de alta intensidade tecnológica variou entre a estabilidade e o encolhimento.
Com base na Pesquisa Industrial Mensal: Produção Física (PIM-PF), do IBGE, o Iedi identificou que os patamares de produção em números-índices no terceiro trimestre do setor industrial de alta tecnologia passou de de 112,2, em 2018, para 107,3, em 2019, e foi para 98,3, no ano passado. O mais baixo da série histórica iniciada em 2012.
Em 2024, o terceiro trimestre fechou o patamar de produção em 102,2. O dinamismo avançou de +1,9% entre janeiro e junho deste ano para um crescimento de 9,4% entre julho e setembro. Quase cinco vezes mais intenso, destaca o instituto.
O relatório aponta ainda que, para esse resultado, foi importante a trajetória a estabilização do ramo farmacêutico e de equipamentos médicos e de precisão, cuja produção caiu na primeira metade do ano.
Assim como a aceleração do ramo de equipamentos de rádio, TV e comunicação, que passou de +13,4%, entre janeiro e junho, para +28% de julho a setembro.
Confira os destaques da indústria de alta tecnologia no 3º trimestre de 2024:
- Aeronaves e componentes: O segmento avançou 9,6% em setembro, impulsionando o crescimento trimestral. No acumulado do ano, enquanto a montagem de aviões recuou, a fabricação de partes e peças teve alta, contribuindo para o resultado positivo;
- Equipamentos eletrônicos: A produção cresceu 18,0% no trimestre e 11,5% no acumulado do ano, com destaque para equipamentos de áudio, vídeo e comunicação, que registraram alta de 28% no trimestre e 21,2% na comparação entre meses de setembro;
- Produtos farmacêuticos: Apesar do recuo de 3,7% em setembro frente a agosto, o segmento cresceu 3,4% na comparação anual e 0,4% no trimestre, estabilizando sua trajetória.
Para a produção do levantamento, o Iedi utiliza a versão da classificação das atividades econômicas por intensidade tecnológica publicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2016.
Nela são definidas cinco faixas de intensidade: alta, média-alta, média, média-baixa e baixa. A classificação balizada o esforço em pesquisa e desenvolvimento (P&D) dessas categorias.
Como nenhum dos ramos cobertos pela PIM-PF faz parte da faixa de baixa intensidade tecnológica, todos os ramos da indústria de transformação brasileira estão distribuídos nas faixas de alta, média-alta, média e média-baixa intensidade tecnológica, enquanto toda a extração mineral está na de média-baixa.
Desempenho da indústria de alta tecnologia acima da indústria de transformação
A análise do instituto mostra ainda que, de janeiro a setembro, os segmentos classificados como de média-alta e alta intensidade tecnológica ampliaram sua produção em 5% na comparação com esses mesmos meses de 2023.
O que representa um desempenho acima do da indústria de transformação como um todo, que foi de 3,3% no período.
E, apesar do destaque da indústria de alta tecnologia, foi o grupo de média-alta quem registrou o maior avanço no terceiro trimestre deste ano, passando para um crescimento positivo de 10,2%, ante uma expansão de +2,4% no primeiro semestre do ano.
O protagonismo foi puxado pela aceleração da indústria automobilística (de +4,9% para +19,3%) e do retorno ao positivo de q uímicos (de 0% para +5,9%) e de máquinas e equipamentos (de -2,0% para +4,9%).
Na média-baixa os ramos de alimentos, bebidas e fumo (de +4,5%, entre janeiro e junho, para -0,3%) e de biocombustíveis e derivados de petróleo (de +3,3% para +0,4%) inflexionaram o desempenho entre julho e setembro. Nos dois segmentos, de acordo com o levantamento, pesou a forte estiagem dos últimos meses.
Já têxteis, vestuário, couro e calçados mitigaram esta evolução, ao passarem de +1,3% em nos dois primeiro trimestres, para +6,3% no terceiro.