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Economia atingiu fundo do poço em 28 de março, diz índice diário do Itaú

Trajetória do indicador mostra recuperação gradual da atividade; riscos são uma 2ª onda do vírus e, mais para frente, aumento do gasto permanente do governo

Pedestres com máscaras protetoras andam na calçada da praia do Leblon, em 6 de junho de 2020, no Rio de Janeiro (Andre Coelho/Getty Images)

Ligia Tuon

Publicado em 2 de julho de 2020 às 12h13.

Última atualização em 2 de julho de 2020 às 16h37.

Ao menos que uma nova onda de covid-19 faça as autoridades anunciarem regras mais duras de confinamento, o pior momento da pandemia para a atividade econômica já ficou para trás.

É o que mostra um índice diário do Itaú Unibanco, o Itaú Daily Activity Tracker (IDAT), que começou a monitorar a atividade em março, para suprir um déficit de informação que começou com a covid-19.

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Pela trajetória do indicador, feito a partir de uma ampla base da informações sobre os setores da economia, o fundo do poço para a atividade ocorreu no dia 28 de março, quando a quarentena também estava em sua fase mais rigorosa (veja no gráfico abaixo).

O índice começa em 100, vai a 86 na segunda quinzena do mês, despenca a 66 em abril, volta a subir em maio, indo a 73 e atinge 82 em junho. Vale notar que sua correlação com o nível de confinamento da população é grande.

"Claro que uma recuperação consistente depende de a gente não ter que voltar a adotar de forma generalizada medidas mais rigidas de isolamento. Esse risco existe, mas não é nosso cenário base, porque parece que estamos conseguindo, pelo menos no Centro-Sul, onde há cidades com grande concentração de pessoas e alta atividade, retomar a circulação sem sobrecarregar o setor de saúde", diz Mario Mesquita.

 

IDATA - monitor diário de atividade do Itaú

Se no curto prazo o risco de o cenário-base do banco não se concretizar é o avanço da doença, no médio e longo, a preocupação é com o endividamento do país.

"Uma característica dessa recessão é que é mais intensa do lado da produção do que da renda disponível, pois desse lado está havendo a injeção de recursos, como o auxílio emergencial, FGTS, etc, que fazem certa diferença", diz.

"O risco que eu apresento do ponto de vista de atividade, é que não temos capacidade aparente fiscal de continuar pagando 600 reais por mês para um contingente grande da população por um período longo", diz. "Mas vejo esse tema mais para o último trimestre do ano".

Cada um no seu ritmo

Embora a recuperação seja geral, é heterogênea entre os setores: "alguns são mais resilientes do que outros", diz Julia Gottlieb, economista do Itaú.

Ela ressalta ainda que o IDAT não tem relação de um para um com o PIB: "Não significa que se a atividade caiu 45% o PIB também recuou o mesmo tanto. A queda do indicador diário é de aproximadamente 0,4% em relação à variação do PIB", diz.

Setores se recuperam de forma heterogênea

O banco acredita que a economia deva recuar entre 10% e 11% no segundo trimestre do ano. Com os dados do trimestre apurados até esta quarta-feira, 2, essa contração já está em torno de 8,7%:

"Pelo Idat, pode até ser que o resultado do peíodo não seja tão negativo quanto tínhamos estimado para o que deve ser o pior trimestre do ano", diz Mesquita.

Por outro lado, pelo fato de o país não ter superado a pandemia, não dá para descartar o risco de um novo avanço do vírus prejudicar a atividade. "Por conta desse risco, seguimos com a previsão de queda de 4,5% do PIB de 2020", diz.

Nesta quarta-feira, 1º, o Ministério da Saúde informou que o Brasil vive um platô na curva de mortes em função da covid-19, termo utilizado quando há uma estabilização da evolução dos índices.A curva do número de casos, no entanto, segue subindo, o que preocupa a pasta.

Avanços significativos da doença em diversas regiões do país já levaram autoridades locais a endurecer as regras de confinamento. Nos resta torcer para que a situação não fique ainda mais séria.

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