Economia

Imprensa internacional destaca transição econômica e democrática

Boa parte da imprensa internacional noticiou com destaque as eleições brasileiras. A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva foi analisada basicamente sob dois pontos de vista: o econômico, em que se detacam as dificuldades que o novo comando irá enfrentar em 2003, e o político, que mostra a ascensão da esquerda no Brasil. O […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h28.

Boa parte da imprensa internacional noticiou com destaque as eleições brasileiras. A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva foi analisada basicamente sob dois pontos de vista: o econômico, em que se detacam as dificuldades que o novo comando irá enfrentar em 2003, e o político, que mostra a ascensão da esquerda no Brasil.

O diário argentino Clarín foi um dos que valorizaram o caráter histórico das eleições de ontem. A manchete foi "Lula arrasou". A chamada dizia que o "o ex-sindicalista se tornou o primeiro presidente de origem operária do Brasil ao ganhar de forma espetacular o segundo turno eleitoral." O jornal descreveu a festa da comemoração dizendo que "durante os primeiros minutos de hoje uma multidão calculada em 150 mil pessoas aclamaram o presidente eleito durante sua primeira mensagem para a população."

O francês Le Monde publicou um artigo falando que a missão de Lula é encontrar "a pedra filosofal que o continente vem procurando há muitos e muitos anos: combinar a solidariedade com o crescimento, a proteção dos pobres com a abertura das fronteiras, abandonar o ultraliberalismo sem recair contudo no populismo nem no protecionismo, ou seja, em suma, tornar-se europeu."

Já o americano New York Times e o britânico Financial Times foram menos entusiasmados. Reconheceram a importância histórica da vitória de Lula e fizeram questão de ressaltar que a vitória de Lula representa a consolidação da esquerda na América Latina.

"O Brasil consolidou uma virada para a esquerda neste domingo ao eleger para a presidência Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores -- um ex-metalúrgico, líder sindical e prisioneiro político que jamais ocupou um cargo executivo", diz o começo da reportagem do New York Times de hoje. E continua: "A enfática vitória de Lula provavelmente também surtirá efeitos no exterior e fortalecerá a esquerda em toda a América Latina, além de assustar os mercados internacionais. O Partido dos Trabalhadores tem sido um crítico consistente dos Estados Unidos e de seus valores, e prometeu reduzir aquilo que julga ser uma subserviência política e econômica do país a interesses estrangeiros." Em seguida, o texto menciona Fidel Castro, que mandou congratulações a Lula "antes mesmo do início da votação."

O jornal ainda diz que apesar da vitória de Lula, a "onda vermelha" que tomaria conta do Brasil no domingo não se concretizou. "Embora o Partido dos Trabalhadores tenha conquistado um grande número de cadeiras no Congresso no primeiro turno, seus candidatos aos governos estaduais não se saíram bem nas disputas do segundo turno. Como resultado, os cinco principais governos entre os 27 estados brasileiros serão controlados por outros partidos. Ainda assim, a esmagadora vitória de Lula o torna o primeiro presidente de esquerda em mais de 40 anos e o primeiro a chegar ao cargo pelo voto direto."

O Finacial Times foi o mais otimista em relação ao governo Lula. Com o título "O Brasil está pronto para Lula", a reportagem diz que o eleitorado brasileiro foi seduzido pelo "carisma pessoal de Lula, seu inegável talento para a negociação, seu compromisso social e sua adesão a políticas econômicas mais tradicionais." Além disso, o texto fala sobre a mudança do discurso petista. "O partido já não defende mais a suspensão do pagamento da dívida externa ou a reestatização de companhias que foram privatizadas, além de ter se comprometido a manter um severo controle inflacionário e afirmado que concederia maior independência ao Banco Central."

Com várias entrevistas de eleitores do PT que disseram que não votariam em Lula há alguns anos, a reportagem diz que a mudança de opinião está ligada à nova disposição de Lula para trabalhar com políticos moderados e empresários. "O partido construiu uma ampla aliança, que se estende desde facções comunistas até grupos cristãos evangélicos e abriga ainda políticos tradicionais."

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