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Hugo Chávez humilha Lula, diz The Economist

Presidente venezuelano transforma seu colega brasileiro em um espectador irrelevante dos acontecimentos sul-americanos, segundo a revista britânica

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, saudado no início de seu mandato por parte da comunidade mundial como o porta-voz dos países em desenvolvimento, está cada vez mais ofuscado por Hugo Chávez, o presidente venezuelano. De acordo com a revista britânica The Economist, Chávez tem humilhado Lula e o transformou em um espectador irrelevante dos acontecimentos sul-americanos.

O episódio mais recente foi a nacionalização do setor energético da Bolívia, que atingiu em cheio os investimentos da Petrobras no país. Em vez de cobrar energicamente o cumprimento dos acordos assinados, Lula limitou-se a esboçar uma resposta débil, segundo a revista. O presidente brasileiro afirmou que as medidas bolivianas eram legítimas e que estava disposto a ajudar o país.

Para a revista, o caso desmascara a confusão que permeia as relações externas do Brasil. A publicação admite que, como Lula provavelmente irá se candidatar à reeleição neste ano, parte da crítica às condutas diplomáticas do governo é apenas retórica da oposição. Mas outra parcela dos argumentos é bem fundamentada.

Apesar de o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, afirmar que as relações com grandes parceiros comerciais, como os Estados Unidos, são essenciais para o país, o governo brasileiro enfatizou a articulação com outros países em desenvolvimento, a fim de se contrapor às iniciativas americanas - tida como uma superpotência que precisa ser contrabalançada. Entre as iniciativas, esteve em pauta a de congelar as conversas em torno da Alca e apostar na Rodada Doha das negociações da Organização Mundial de Comércio, na qual o Brasil pretendia fortalecer sua posição ao negociar em bloco com outros emergentes. Porém, com a rodada definhando, o país ficou sem muitas alternativas para ampliar seu espaço no comércio internacional.

O projeto de Chávez, no entanto, é muito diferente do brasileiro. Enquanto o Brasil deseja uma América do Sul unida, a Venezuela quer a divisão, ao rejeitar relações com países que estabeleçam acordos comerciais com os Estados Unidos. Segundo The Economist, o governo brasileiro permanece em silêncio diante da conduta de Chávez, e até o encorajou a entrar no Mercosul.

A revista alerta para os riscos dessa conduta brasileira. Até recentemente, os líderes do Brasil pregavam a integração regional baseada na democracia, no respeito aos tratados e acordos, e na inserção do Mercosul no comércio internacional. Para The Economist, não é difícil concluir que essa visão foi sacrificada em nome de um "impulso pueril" para acolher todos os que pendem para a retórica populista do "anti-imperialismo". "Por essa atitude, os brasileiros podem pagar um preço em breve", diz a revista.

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