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Homem mais rico da China manda seu choque de realidade

Em entrevista a jornal, Wang Jianlin diz que a China "precisa abandonar a fantasia de manter uma taxa de crescimento de 7% ou 8% e aceitar 6%, 7% ou mesmo 5%"

Wang Jianlin, o presidente do Wanda Group: o grupo é um conglomerado de negócios imobiliários, mas que também inclui vendas ao varejo (AFP)

João Pedro Caleiro

Publicado em 28 de agosto de 2015 às 15h28.

São Paulo - Wang Jianlin, o homem mais rico da China , enviou o seu recado: acordem para a realidade.

Em entrevista publicada no South China Morning Post, ele disse que o país "precisa abandonar a fantasia de manter uma taxa de crescimento de 7% ou 8% e aceitar 6%, 7% ou mesmo 5%".

Apesar de dados preocupantes, a China mantém como meta crescer 7% este ano. Mesmo se alcançada, seria a menor taxa dos últimos 25 anos.

Na entrevista, Jianlin disse também que "a economia chinesa precisa se transformar de uma dependência de investimento e exportações para consumo. Este é um processo doloroso. Se a transformação não acontecer agora, será ainda mais dolorosa no futuro".

As dificuldades deste processo de rebalanceamento tem sido uma das fontes de turbulência nos mercados da China e do mundo, que viveram uma montanha-russa nos últimos dias.

O governo tenta conter o pânico de curto prazo, mas analistas alertam que retroceder nas reformas ou recorrer a novos estímulos pode agravar os desequilíbrios já existentes.

Jianlin lidera um conglomerado imobiliário que possui mais de 100 shoppings na China, além de hotéis e outros centros de entretenimento, e se tornou a maior operadora de cinemas do mundo com a compra da americana AMC Entertainment em 2012.

Sua fortuna é estimada pela Bloomberg em US$ 31,5 bilhões. Isso faz dele o homem mais rico da China, posição na qual esteve em 2013 e havia perdido.

Tudo gira em torno das meias em Datang e nos seus arredores, onde 10 mil empresas fazem 1 bilhão de pares por ano, um terço de toda a produção mundial. As máquinas muitas vezes estão instaladas nos pátios e porões das casas e funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana.
  • 2. Meias em Datang

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  • Veja também

    Os distribuidores ficam nos subúrbios, enquanto os produtores de máquinas e as empresas de logística e distribuição se concentram no centro da cidade, que tem cerca de 200 mil habitantes.
  • 3. Quadros em Dafen

    3 /12(Divulgação/Anaide Gregory Studio)

  • Em 1989, um homem rico de Hong Kong criou em Dafen um workshop de reprodução de pinturas. Hoje, a cidade tem a maior concentração de pintores do mundo.
  • 4. Quadros em Dafen

    4 /12(Divulgação/Anaide Gregory Studio)

    “Todo estilo e todo preço e qualidade podem ser encontrados aqui, onde ter uma pintura reproduzida é quase tão fácil quanto clicar no botão ‘print’ de um computador”, escrevem Anaide e Gregory.
  • 5. Quadros em Dafen

    5 /12(Divulgação/Anaide Gregory Studio)

    O segredo é que as famílias fazem uma verdadeira linha de produção. Alguém coloca a moldura, outro encaixa a tela e outros pintam. É desta forma que “50 pinturas idênticas encomendadas por um cliente parisiense são concluídas em menos de 3 dias”.
  • 6. Porcelana em Jingdezhen

    6 /12(Divulgação/Anaide Gregory Studio)

    Jingdezhen é considerada a “capital mundial da porcelana” há mais de dois mil anos. Em meados de 1995, ela sofreu uma crise profunda e viu 95% de suas fábricas decretarem falência, ultrapassadas por métodos mais modernos aplicados em regiões da costa. Nas últimas décadas, a região tem focado em resgatar técnicas milenares que haviam sido proibidas durante a Revolução Cultural de Mao Tsé Tung.
  • 7. Negócios em Yiwu

    7 /12(Divulgação/Anaide Gregory Studio)

    Todos os dias, mais de 200 mil homens e mulheres de negócios da fora da China conduzem negócios em Yiwu. Índia e países da África e do Golfo Pérsico são alguns dos grandes consumidores, e descendentes destes países podem ser encontrados de noite “tomando chá em terraços enquanto esperam por um jantar de kebabs de cordeiro”, escrevem Anaide e Gregory.
  • 8. Sapatos em Donguan

    8 /12(Divulgação/Anaide Gregory Studio)

    A fábrica de sapatos visitada pelos fotógrafos em Donguan começou com 3 máquinas e 18 funcionários em 1984. Hoje, produz 16 milhões de pares de sapatos por ano e emprega 25 mil pessoas.
  • 9. Sapatos em Donguan

    9 /12(Divulgação/Anaide Gregory Studio)

    Os estilistas ocidentais enviam os desenhos e os chineses criam os moldes em 3D. O ritmo de inovação acelerou: nos anos 90, eram 2 coleções por ano. Atualmente, são 4.
  • 10. Sapatos em Donguan

    10 /12(Divulgação/Anaide Gregory Studio)

    “A rapidez da nossa visita mostrou claramente que aqui, a produção não deixa tempo para distrações”, escrevem Anaide e Gregory. O fundador da fábrica, Zhang Huarong, inaugurou na Etiópia em 2012, junto com o então primeiro-ministro do país, Meles Zenawi, uma cidade imaginada e planejada em menos de 2 anos.  O plano é que no futuro, todos os 200 mil habitantes da Huajian International Shoe City trabalhem para Zhang.
  • 11. Canetas em Xangai

    11 /12(Divulgação/Anaide Gregory Studio)

    Fundada em Xangai em 1931, a Hero Pen Company era até os anos 90 uma referência de design e longevidade. Suas fábricas ainda em operação, no entanto, estão praticamente abandonadas e parecem museus, escrevem Anaide e Gregory.
  • 12 /12(Michael Wolf)

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