Economia

Hidrovia Tietê-Paraná bate recorde, após 2 anos parada

Hidrovia Tietê-Paraná ficou parada por quase dois anos, devido à seca no estado de São Paulo que paralisou a atividade de transporte

Hidrovia Tietê-Paraná: de janeiro a novembro foram transportados 7,56 milhões de toneladas pela via (Brazillian Navy/WikimediaCommons)

Hidrovia Tietê-Paraná: de janeiro a novembro foram transportados 7,56 milhões de toneladas pela via (Brazillian Navy/WikimediaCommons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de dezembro de 2016 às 10h12.

Sorocaba - Depois de quase dois anos paralisada pela queda no nível do Rio Tietê, afetado pela estiagem, a Hidrovia Tietê-Paraná bateu este ano o recorde em volume de cargas transportadas em seu curso.

De 27 de janeiro, quando a hidrovia voltou a operar, até o mês de novembro, foram transportados 7,56 milhões de toneladas entre a cidade de São Simão, em Goiás, e o interior paulista, segundo o Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo (DH).

O maior volume anterior havia sido transportado em 2013, quando as barcaças carregaram 6,3 milhões de toneladas. Animado, o setor volta a receber investimentos.

O transporte na hidrovia ficou parado de maio de 2014 até janeiro deste ano. Com a crise hídrica, o nível do reservatório de Três Irmãos e da eclusa de Nova Avanhandava, no Tietê, baixou ao ponto de impedir totalmente a navegação.

As barcaças carregadas com soja, milho, celulose e madeira que saíam de São Simão e Três Lagoas (MS) não conseguiam passar o trecho mais atingido pela estiagem.

Também foi prejudicada a movimentação de cargas de cana-de-açúcar e areia no trecho paulista. Naquele ano, o volume transportado caiu para 4,6 milhões de toneladas.

Em 2015, com a hidrovia interrompida, o volume foi de 4,5 milhões. O prejuízo causado pela paralisação da navegação foi estimado em R$ 200 milhões.

Com o retorno dos comboios, os estaleiros também voltaram a receber encomendas de barcaças, segundo o Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de São Paulo (Sindasp).

De cerca de mil funcionários demitidos durante a suspensão do transporte, em torno de 500 já foram ou estão sendo recontratados.

A previsão do DH para 2017 é que o volume transportado apenas no trecho paulista chegue a 6,1 milhões de toneladas - 5,1 milhões de cargas de longo percurso e 1 milhão de toneladas de areia.

Em toda a hidrovia o volume pode passar de 10 milhões/toneladas. Entre as cargas que mais utilizam a hidrovia estão cana-de-açúcar, farelo de soja, milho e soja a granel.

Turismo

O presidente do Consórcio Intermunicipal da Hidrovia Tietê-Paraná (CITP) e prefeito de Brotas (SP), Orlando Pereira Barreto Neto (PSL), prevê a retomada de negócios e do turismo fluvial na região.

No dia 9 deste mês, o consórcio reuniu prefeitos eleitos em Brotas para discutir o potencial econômico da navegação. A hidrovia tem 800 quilômetros navegáveis, passando por dez reservatórios, dez barragens e 23 pontes, numa área servida por 19 estaleiros e 30 terminais intermodais de carga.

"O potencial a ser explorado é enorme. Vamos trabalhar com o governo para que as obras necessárias sejam realizadas", afirmou o presidente do consórcio.

Para evitar que a oscilação no nível do rio volte a afetar o transporte, o governo de São Paulo abriu licitação para ampliar o canal de Nova Avanhandava.

A previsão do DH é de que o processo licitatório seja concluído no início de 2017. A obra, orçada em R$ 286 milhões, consiste na escavação submersa de material rochoso em 10 quilômetros da hidrovia, aumentando a profundidade em 2,4 metros.

O DH informou já ter investido nos últimos cinco anos R$ 357 milhões em obras para eliminação de gargalos na hidrovia, como ampliação e proteção dos vãos entre pilares de pontes, retificação e desassoreamento de canais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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