Greve dos caminhoneiros foi divisor de águas para expectativa na economia
Embora as projeções para a atividade econômica já estivessem sendo revistas para baixo antes da greve, desabastecimento reforçou processo
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de julho de 2018 às 16h53.
Última atualização em 19 de julho de 2018 às 16h58.
Rio - A greve dos caminhoneiros , no fim de maio, foi um "divisor de águas" nas expectativas dos agentes econômicos em relação à economia neste ano, na avaliação do chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes. Embora as projeções para a atividade econômica já estivessem sendo revistas para baixo antes da greve, o desabastecimento provocado pelos bloqueios nas estradas e as medidas do governo para enfrentar o problema reforçaram o processo.
Mais cedo, a CNC informou que o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu 4,3% em julho ante junho, para 103,9 pontos, menor nível desde agosto do ano passado. Segundo a CNC, a decepção com as condições correntes da economia (-13,6%) foi decisiva para a queda em julho.
Bentes lembrou que, até maio, as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ainda giravam em torno de 2,5% para 2018. Após a greve, passaram para o nível de 1,5%. Para o economista, a leitura de julho do Icec consolida a percepção, entre os comerciantes, de que o crescimento será menor. Na passagem de junho para julho, 69,4% dos empresários do comércio entrevistados pela CNC apontaram piora no cenário econômico.
Uma das principais medidas reivindicadas pelos caminhoneiros, e acatada pelo governo, o tabelamento dos preços do frete deverá ter efeitos na percepção sobre a economia. "Muito provavelmente, pelo efeito econômico do tabelamento do frete, a inflação comportadinha ficou para trás", disse Bentes.