EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Atenas - A Grécia anunciará novas medidas para reduzir seu déficit público quando concluírem as atuais negociações em Atenas com uma missão conjunta da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), aos quais pediu, na sexta-feira passada, para ativar um programa de ajuda, anunciou nesta segunda-feira o ministro das Finanças grego.
A redução do déficit público, que alcançou 13,6% do PIB em 2009, "é uma direção com que nos comprometemos e que se traduz em medidas e políticas concretas, que serão anunciadas quando o processo tiver terminado", afirmou o ministro Giorgos Papaconstantinou em um comunicado.
O ministro acrescentou que existe uma posição comum que é simples, a de que a Grécia deve reduzir drasticamente seus déficits nos próximos anos, controlar sua dívida e fazer ajustes estruturais para tornar a economia grega mais competitiva.
Atualmente, o governo grego negocia com a UE, o FMI e também o Banco Central Europeu (BCE) medidas de poupança orçamentária para 2011 e 2012.
O estabelecimento dessas medidas é uma condição para obter essa ajuda. A Grécia, asfixiada por uma dívida cujo custo não para de subir, pediu na sexta-feira à União Europeia e ao FMI que ativem seu plano de ajuda ao páis, mesmo que a Alemanha, que será o principal contribuinte, continue impondo condições.
O primeiro-ministro grego, Giorgios Papandreu, qualificou a decisão de "necessidade nacional".
No entanto, a Alemanha, reticente a esse plano de ajuda desde o início, divulgou rapidamente suas condições.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que o mecanismo de ajuda poderá ser ativado somente se "a estabilidade do euro em seu conjunto" não for ameaçada, e se Atenas apresentar planos de redução de gastos "confiáveis" nos próximos dias.
O plano de ajuda à Grécia, construído pelos 16 países da zona euro além do FMI, prevê a concessão de empréstimos de 45 bilhões de euros (US$ 60 bilhões) com juros de 5%.
A Alemanha será o principal contribuinte, com 8,4 bilhões de euros. O FMI deve aportar outros 15 bilhões de euros.
Berlim teme que a ajuda à Grécia anime outros países altamente endividados a deixar aumentar o buraco de suas contas públicas.
Dessa forma, o presidente do Banco Central alemão, Axel Weber, advertiu contra o "risco de contágio" da crise da dívida grega aos países da zona do euro que "continuam tendo um déficit público muito elevado", como é o caso de Portugal, Irlanda ou Espanha.
Por outro lado, outros membros da zona do euro, como França e Espanha, comemoraram a iniciativa grega. A Casa Branca disse também que apoia o pedido de ajuda de Atenas.
O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, prometeu responder rapidamente ao pedido de ajuda financeira da Grécia.
A Comissão Europeia, por sua vez, assegurou também que "tudo será feito rapidamente e de forma eficaz".
A Grécia, cuja dívida pública chega a 115,1% do PIB, deve reembolsar 30 bilhões de euros até o final do ano a seus credores.
A pressão aumentou fortemente na quinta passada, depois que a agência europeia de estatísticas, Eurostat, revisou o déficit orçamentário grego de 2009 em alta, cifrando-o em 13,6% do PIB. A moeda comum, o euro, se viu também castigada e caiu a seu nível mais baixo em um ano.
Segundo o procedimento previsto, a Comissão e o Banco Central Europeu (BCE), a quem o ministro das Finanças grego pediu oficialmente a ativação do mecanismo, avaliarão se o pedido está justificado.
Em um segundo momento, os 16 ministros das Finanças dos países da zona do euro devem dar seu consentimento, o que, a princípio, será um mero trâmite, já que acertaram o mecanismo em 11 de abril passado. Alguns países terão ainda de aprovar a concessão de ajuda em seus parlamentos nacionais, entre eles a Alemanha.