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Governo se esforça para firmar autonomia do BC após corte-surpresa

A mensagem foi disparada pela própria presidente Dilma Rousseff logo pela manhã, ao explicar que a independência do BC não é recente e segue em seu governo

Na operação, tanto o BC, presidido por Alexandre Tombini, quanto os bancos tiveram de abrir mão de alguma coisa (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2011 às 18h23.

Brasília - Um dia após a surpreendente decisão do Banco Central de cortar o juro em 0,5 ponto percentual, alimentando dúvida no mercado sobre a independência da autoridade monetária, o governo se esforçou nesta quinta-feira na mensagem de que a autonomia do BC continua.

A mensagem foi disparada pela própria presidente Dilma Rousseff logo pela manhã, ao explicar que a independência do BC não é recente e segue em seu governo.

"Desde o governo do presidente Lula, aliás, anterior ao presidente Lula, optou-se por uma relação entre o governo federal e o Banco Central de autonomia", disse ela, ao comentar o corte nos juros.

"Pelo Copom, responde o Copom. Eu respondo pelo que o governo federal está fazendo."

A decisão do BC na véspera, que reduziu a taxa Selic para 12 por cento ao ano, surpreendeu o mercado, que era unânime na manutenção do juro.

O Comitê de Política Monetária (Copom) citou, em longo comunicado na noite desta quarta-feira, piora nas condições do mercado internacional como principal motivo para reverter a trajetória dos juros. O corte dos juros veio dois dias após o governo aumentar a meta do superávit primário deste ano em 10 bilhões de reais, com o objetivo anunciado de garantir espaços para a redução da taxa.


Na véspera da reunião do Copom, Dilma afirmou que a economia maior do governo abria um "horizonte" para a queda dos juros. Neste contexto, analistas viram a decisão do BC como uma interferência política do governo.

O esforço de transmitir independência ao BC continuou durante o dia, com diversos integrantes do governo.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi categórico ao negar qualquer pressão política.

"Isso é bobagem. O Copom não sofre nenhuma pressão política. Tem autonomia. Eles julgam os cenários e tomam as decisões", afirmou.

Outros ministros, como Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) também contribuíram, citando a análise do cenário externo para a decisão, além das medidas do governo.

Ideli afirmou que o BC "tem total autonomia". Já Carvalho afirmou que as insinuações "subestimam" o trabalho da instituição, segundo informações da Agência Brasil.

"Todas as vezes que o Banco Central elevou a taxa de juros, não se falou em interferência do Palácio do Planalto", afirmou.

O líder do governo da Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), seguiu o raciocínio e ainda pediu mais ações do BC.

"O governo não tem interferência no BC. O governo cria as condições para baixar os juros", disse ele. "O BC iniciou, espero que continue, o fluxo de baixar os juros no país, porque é um consenso que os juros estão muito altos, ninguém quer isso."

No dia seguinte à decisão, o dólar teve alta superior a um por cento e as taxas de DI tiveram forte queda, indicando que o mercado projeta uma nova queda da Selic ainda neste ano.

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Brasília - Um dia após a surpreendente decisão do Banco Central de cortar o juro em 0,5 ponto percentual, alimentando dúvida no mercado sobre a independência da autoridade monetária, o governo se esforçou nesta quinta-feira na mensagem de que a autonomia do BC continua.

A mensagem foi disparada pela própria presidente Dilma Rousseff logo pela manhã, ao explicar que a independência do BC não é recente e segue em seu governo.

"Desde o governo do presidente Lula, aliás, anterior ao presidente Lula, optou-se por uma relação entre o governo federal e o Banco Central de autonomia", disse ela, ao comentar o corte nos juros.

"Pelo Copom, responde o Copom. Eu respondo pelo que o governo federal está fazendo."

A decisão do BC na véspera, que reduziu a taxa Selic para 12 por cento ao ano, surpreendeu o mercado, que era unânime na manutenção do juro.

O Comitê de Política Monetária (Copom) citou, em longo comunicado na noite desta quarta-feira, piora nas condições do mercado internacional como principal motivo para reverter a trajetória dos juros. O corte dos juros veio dois dias após o governo aumentar a meta do superávit primário deste ano em 10 bilhões de reais, com o objetivo anunciado de garantir espaços para a redução da taxa.


Na véspera da reunião do Copom, Dilma afirmou que a economia maior do governo abria um "horizonte" para a queda dos juros. Neste contexto, analistas viram a decisão do BC como uma interferência política do governo.

O esforço de transmitir independência ao BC continuou durante o dia, com diversos integrantes do governo.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi categórico ao negar qualquer pressão política.

"Isso é bobagem. O Copom não sofre nenhuma pressão política. Tem autonomia. Eles julgam os cenários e tomam as decisões", afirmou.

Outros ministros, como Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) também contribuíram, citando a análise do cenário externo para a decisão, além das medidas do governo.

Ideli afirmou que o BC "tem total autonomia". Já Carvalho afirmou que as insinuações "subestimam" o trabalho da instituição, segundo informações da Agência Brasil.

"Todas as vezes que o Banco Central elevou a taxa de juros, não se falou em interferência do Palácio do Planalto", afirmou.

O líder do governo da Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), seguiu o raciocínio e ainda pediu mais ações do BC.

"O governo não tem interferência no BC. O governo cria as condições para baixar os juros", disse ele. "O BC iniciou, espero que continue, o fluxo de baixar os juros no país, porque é um consenso que os juros estão muito altos, ninguém quer isso."

No dia seguinte à decisão, o dólar teve alta superior a um por cento e as taxas de DI tiveram forte queda, indicando que o mercado projeta uma nova queda da Selic ainda neste ano.

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