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Governo quer eliminar desoneração da folha para todos os setores

Atualmente, 54 setores são beneficiados com a medida. Se a resoneração atingir todos eles, cerca de R$ 8 bi seriam arrecadados até o fim do ano

Governo: a estratégia é mostrar que não se trata de uma medida de alta de tributos, mas de retirada de incentivos que não se sustentam nesse momento (Ueslei Marcelino / Reuters/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de março de 2017 às 19h52.

Última atualização em 28 de março de 2017 às 19h57.

Brasília - O governo quer acabar com o benefício da desoneração da folha para todos os setores, informou um integrante da equipe econômica ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A estratégia é mostrar que não se trata de uma medida de alta de tributos, mas de retirada de incentivos que não se sustentam nesse momento.

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A Receita Federal calcula que a renúncia fiscal com a desoneração da folha seja de R$ 8,06 bilhões a partir de julho, de acordo com dados repassados ao Broadcast.

Se o governo suspender a desoneração até março, este seria o prazo para a medida entrar em vigor, já que o aumento dos tributos tem de respeitar um período de 90 dias.

Atualmente, 54 setores são beneficiados com a medida, entre eles tecnologia da informação, setor hoteleiro, construção civil, call center e transportes.

Se a resoneração atingir todos eles, cerca de R$ 8 bilhões seriam arrecadados até o fim do ano.

Em todo o ano de 2017, a renúncia com a desoneração da folha de pagamentos custará aos cofres públicos R$ 14,63 bilhões.

De abril a dezembro, o custo é de R$ 11,14 bilhões, segundo os dados da Receita.

O governo encontra muita dificuldade em solucionar o rombo de R$ 58,2 bilhões no Orçamento para cumprir a meta fiscal, que prevê para este ano déficit de R$ 139 bilhões.

A reoneração completa um conjunto de medidas tributárias que o governo tem até quinta-feira, 30, para divulgar.

A expectativa é que as receitas extras com elevação da carga tributária cheguem a cerca de R$ 10 bilhões.

Elas incluem a possibilidade de um reequilíbrio da tributação do IOF, garantindo maior isonomia tributária.

"Tem algumas coisas que têm o IOF e outras não. Será feito um equilíbrio", disse uma fonte do governo. A chance é pequena de uma mudança agora em PIS e Cofins, afirmou a fonte.

"Não é aumento de imposto. É redução de incentivo fiscal", ressaltou.

O governo está atento para que a Medida Provisória estabelecendo a retirada da desoneração ocorra até o dia 30 de março.

Se for publicada no primeiro dia de abril, o governo perderá um mês de arrecadação, pois a medida exige um período de 90 dias para entrar em vigor.

Com essas medidas tributárias, o corte deverá ficar em aproximadamente em R$ 30 bilhões, como já divulgou nesta terça-feira o Broadcast.

Essa conta leva em consideração uma arrecadação extra de R$ 17 bilhões com receitas de precatórios e decisões judiciais referentes à concessão de três usinas da Cemig.

O governo aguardava para esta terça uma decisão do Superior Tribunal de Justiça sobre as hidrelétricas, o que não aconteceu até agora.

A expectativa é que até quarta-feira, 29, o tribunal tome a decisão abrindo o caminho para o governo contar com esses recursos para diminuir o tamanho do corte.

Se não houver essa decisão até esta quarta, o corte terá de ser superior aos R$ 30 bilhões.

A desoneração da folha de pagamentos foi iniciada em 2011, como um programa pontual que beneficiaria alguns setores ligados à exportação, como couro e calçados.

Os setores foram sendo expandidos e o programa passou a ser um dos carros chefe da política econômica no governo Dilma Rousseff.

Com a desoneração, as empresas deixam de pagar a contribuição patronal sobre a folha de salários e pagam uma alíquota sobre o faturamento no mercado doméstico, que hoje varia de 1% a 4,5%.

- Alíquotas por setores

1%

- Fabricantes de produtos à base de carnes, peixes e pães

1,5%

- Transporte aéreo

- Transporte marítimo

- Transporte de carga e armazenamento de contêineres

- Jornalismo e radiodifusão

2%

- Empresas de construção civil até o encerramento das obras

- Transporte rodoviário e coletivo de passageiros

- Transporte metroviário e ferroviário de passageiros

2,5%

- Fabricação de produtos diversos

- Manutenção de aeronaves

- Navegação de apoio marítimo e de portuário

- Manutenção e reparação de embarcações

- Varejo de produtos diversos

4,5%

- Tecnologia da informação (TI) e Tecnologia da informação e comunicação (TIC)

- Concepção e desenvolvimento de circuitos integrados

- Setor hoteleiro

- Construção civil

- Construção de obras de infraestrutura

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