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Governo alemão alerta que Amazônia ameaça acordo UE-Mercosul

Embora Merkel continue comprometida com o acordo, destruição da maior floresta tropical do mundo coloca sua implementação em xeque

Desmatamento ilegal: questionamento do acordo com o Mercosul foi levantado por ativistas durante encontro com Merkel em Berlim na quinta-feira (Ibama/Divulgação)
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Bloomberg

Publicado em 21 de agosto de 2020 às 12h01.

Última atualização em 21 de agosto de 2020 às 21h22.

A destruição da floresta amazônica coloca em dúvida o acordo comercial de 2019 entre a União Europeia e o Mercosul , avisou o governo alemão.

Embora o governo da chanceler Angela Merkel continue comprometido com o acordo, a destruição da maior floresta tropical do mundo coloca sua implementação em xeque, afirmou o principal porta-voz do país, Steffen Seibert, na sexta-feira.

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“Também olhamos com grande preocupação para a região amazônica e o avanço do desmatamento por lá”, disse Seibert durante entrevista coletiva em Berlim. “A forma como é tratada afeta o mundo inteiro e, nesse contexto, existem sérias perguntas sobre se o espírito do acordo pode ser implementado — nós estamos céticos.”

O questionamento do acordo com o Mercosul foi levantado por ativistas ambientais, incluindo a jovem Greta Thunberg, durante encontro com Merkel em Berlim na quinta-feira.

Foi a primeira vez que Angela Merkel expressou "sérias dúvidas" sobre o futuro do vasto acordo comercial entre a União Europeia  e os países sul-americanos do Mercosul, diante da ameaça ecológica que paira sobre a floresta amazônica no Brasil.

Merkel defendeu o acordo comercial no ano passado, apesar da oposição do presidente francês, Emmanuel Macron, que avisou que não aprovaria o tratado devido ao que ele entende como falta de compromisso do presidente Jair Bolsonaro com o combate às mudanças climáticas. Esse vasto acordo foi assinado no ano passado entre a UE e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), mas para ser validado definitivamente ainda deve ser ratificado por todos os parlamentos nacionais, o que ainda não é o caso.

O Parlamento austríaco e, muito recentemente, o Parlamento holandês, rejeitaram o acordo na sua forma atual.

Na sexta-feira passada, a defensora do povo europeu, Emily O'Reilly, decidiu abrir uma investigação sobre o acordo, atendendo a preocupação de cinco ONGs sobre o estudo de seu impacto ambiental.

Outros países como Bélgica, França, Irlanda e Luxemburgo também expressaram reticências.

Após 20 anos de negociações, a UE e os países do Mercosul chegaram, há um ano, a um princípio de acordo comercial. O bloco sul-americano busca sua entrada em vigor o quanto antes. O acordo se encontra, atualmente, na etapa de tradução para todas as línguas oficiais da UE, após a conclusão de sua revisão jurídica. Esta etapa deve estar concluída até outubro.

Até à data, a Alemanha era um dos grandes promotores deste acordo. Os comentários feitos por seu governo nesta sexta-feira aumentam o peso das críticas do lado europeu. Para responder a essas críticas, um capítulo abordando, em particular, a "conservação florestal" foi incluído no texto final.

Raymond Colitt e Arne Delfs, Bloomberg

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