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"Economista engraçado", Goolsbee vai contra consenso no EUA

Economista que assessora Obama há uma década diz que país "não virou a esquina porque a esquina não existe" e prevê dificuldades para Hillary

Austan Goolsbee, professor da Universidade de Chicago e ex-conselheiro de Obama (Brendan Hoffman/Bloomberg/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

Publicado em 14 de abril de 2015 às 18h01.

São Paulo - O economista Austan Goolsbee começou a assessorar Barack Obama há mais de 10 anos, na sua primeira corrida ao Senado.

"Michelle era muito mais importante do que ele na Universidade de Chicago. Quando me chamaram, minha primeira reação foi: para o marido de Michelle? Claro!", disse ele hoje em São Paulo.

Desde então, o professor já passou pela presidência do Conselho Econômico da Presidência no auge da crise e foi votado a "celebridade mais engraçada de Washington".

Ele falou sobre economia americana hoje no evento Macro Vision, do Itaú BBA, realizado no hotel Unique em São Paulo. Goolsbee foge do "novo consenso" de que a recuperação chegou pra valer, e espera mais alguns anos de mediocridade:

"No começo achávamos que viria a recuperação em V, começamos a falar em U, daí passaram para o L e agora estamos no alfabeto grego ou cirílico", brincou. E completa: "não viramos uma esquina. A esquina não existe."

Goolsbee criticou a busca por uma suposta "normalidade" de anos que olhando em retrospecto, só foram bons por causa de bolhas. Para continuar na metáfora rodoviária: aquele ônibus não passa mais, e o país está pedindo carona.

“A gente só tinha recuperações em V quando depois de uma recessão, a economia podia simplesmente voltar a fazer o que estava fazendo antes. Mas gastar 102% da sua renda não é uma estratégia de sucesso. O crescimento da economia americana precisa se basear mais em investimento e exportação”, diz Goolsbee.

Ele diz que é por isso que a eleição de Hillary Clinton está longe de garantida, já que um republicano pode conseguir se colocar como a esperança mágica para fugir da mediocridade do crescimento.

De qualquer forma, ele prefere não voltar para o mundo da política: "foi como ir para a lua: poucos vão e é incrível, mas você não quer necessariamente viver lá. Alguma hora você quer voltar e pegar algum oxigênio."

No longo prazo, Goolsbee é mais otimista que a média e não vê uma estagnação prolongada. Algumas razões: uma situação demográfica muito mais favorável que no Japão ou na Europa, a quantidade de reservas acumuladas pelas corporações e a menor inflação da saúde nos últimos 50 anos - que se continuar, pode sozinha estabilizar a relação entre dívida e PIB.

Mas a maior delas é a cultura de inovação e empreendedorismo, que ele considera a principal raiz do sucesso americano e que em nada mudou nos últimos 5 anos.

Goolsbee nota que o século XX foi cheio de desastres e mesmo assim o mercado de ações e a economia cresceu de forma mais ou menos constante. Moral da história: “Apesar de tudo que acontece de errado, a capacidade de inovação do ser humano não tem limites”.

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São Paulo - O economista Austan Goolsbee começou a assessorar Barack Obama há mais de 10 anos, na sua primeira corrida ao Senado.

"Michelle era muito mais importante do que ele na Universidade de Chicago. Quando me chamaram, minha primeira reação foi: para o marido de Michelle? Claro!", disse ele hoje em São Paulo.

Desde então, o professor já passou pela presidência do Conselho Econômico da Presidência no auge da crise e foi votado a "celebridade mais engraçada de Washington".

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"No começo achávamos que viria a recuperação em V, começamos a falar em U, daí passaram para o L e agora estamos no alfabeto grego ou cirílico", brincou. E completa: "não viramos uma esquina. A esquina não existe."

Goolsbee criticou a busca por uma suposta "normalidade" de anos que olhando em retrospecto, só foram bons por causa de bolhas. Para continuar na metáfora rodoviária: aquele ônibus não passa mais, e o país está pedindo carona.

“A gente só tinha recuperações em V quando depois de uma recessão, a economia podia simplesmente voltar a fazer o que estava fazendo antes. Mas gastar 102% da sua renda não é uma estratégia de sucesso. O crescimento da economia americana precisa se basear mais em investimento e exportação”, diz Goolsbee.

Ele diz que é por isso que a eleição de Hillary Clinton está longe de garantida, já que um republicano pode conseguir se colocar como a esperança mágica para fugir da mediocridade do crescimento.

De qualquer forma, ele prefere não voltar para o mundo da política: "foi como ir para a lua: poucos vão e é incrível, mas você não quer necessariamente viver lá. Alguma hora você quer voltar e pegar algum oxigênio."

No longo prazo, Goolsbee é mais otimista que a média e não vê uma estagnação prolongada. Algumas razões: uma situação demográfica muito mais favorável que no Japão ou na Europa, a quantidade de reservas acumuladas pelas corporações e a menor inflação da saúde nos últimos 50 anos - que se continuar, pode sozinha estabilizar a relação entre dívida e PIB.

Mas a maior delas é a cultura de inovação e empreendedorismo, que ele considera a principal raiz do sucesso americano e que em nada mudou nos últimos 5 anos.

Goolsbee nota que o século XX foi cheio de desastres e mesmo assim o mercado de ações e a economia cresceu de forma mais ou menos constante. Moral da história: “Apesar de tudo que acontece de errado, a capacidade de inovação do ser humano não tem limites”.

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